Incaper descobre nova doença no agrião
Pela primeira vez no Brasil, foi identificado o vírus Turnip Mosaic Virus (TuMV), em uma plantação de agrião capixaba. Trata-se de uma doença rara que pode dizimar lavouras caso as plantas infectadas não sejam eliminadas. A descoberta foi realizada pelos pesquisadores do Instituto Capixaba de Pesquisa Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Hélcio Costa e José Aires Ventura, e será publicada neste mês na revista Plant Disease, uma das mais respeitadas e importantes do mundo no setor.
Aires explica que este vírus não causa mal à saúde das pessoas, mas a doença provoca manchas amareladas nas folhas e impede o crescimento das plantas, que acabam morrendo. Por isso, assim que o produtor observar esses sintomas, ele deve erradicar a planta doente, para evitar que o vírus se alastre.
A doença não tem cura e sua transmissão se dá por meio de insetos vetores e dos tratos culturais, ou seja, por meio do manuseio da planta. “A ferramenta utilizada para cortar uma planta doente transmite o vírus para outra sadia, por exemplo. A doença pode causar grandes prejuízos ao agricultor”, completa José Aires Ventura.
Cuidados
O pesquisador alerta ainda que não adianta utilizar produtos químicos para controle do vírus. “O que o produtor deve fazer é acompanhar as lavouras, identificando as plantas com sintomas. Além disso, é necessário ter cuidado quanto à origem das sementes e mudas adquiridas, pois a doença pode ter vindo para o Brasil desta forma. O turnip mosaic virus tem causado sérios problemas nos Estados Unidos e em outros países, mas até então não havia registros da doença no Brasil”, afirma.
O agrião participa frequentemente da composição de saladas do brasileiro. |
O agrião participa frequentemente da composição de saladas do brasileiro. No Estado, essa hortaliça é plantada principalmente na Região Serrana, em pequenas propriedades de agricultores familiares, com destaque para Marechal Floriano e Santa Maria de Jetibá. No ano de 2009, na Central de Abastecimento do Espírito Santo (Ceasa) foi comercializado121.528 kg do alimento, sendo 100% proveniente do Estado.
Como se deu a descoberta
A doença apareceu em 2009, em uma plantação de Marechal Floriano. A mortalidade chegou a 80% na lavoura do produtor, que procurou o escritório do Incaper no município para solucionar o problema. O técnico local do Instituto, José Onofre Pereira, levou a demanda para os especialistas em doenças de plantas José Aires e Hélcio Costa, que no laboratório de fitopatologia do Incaper localizado em Domingos Martins fizeram os primeiros testes.
O vírus não causa mal à saúde das pessoas. |
Posteriormente foi realizada a análise do genoma do vírus, utilizando-se modernas técnicas moleculares. O estudo teve o apoio de pesquisadores do laboratório de virologia de plantas da Universidade de São Paulo (USP/ESALQ).
De acordo com o presidente do Incaper, Evair de Melo, o caso demonstra a importância da interação entre pesquisa e assistência técnica no meio rural. “Os produtores que observarem alguma anomalia em sua plantação devem procurar o escritório local do Incaper para solucionar o problema”, afirma Evair.
Informações à Imprensa:
Assessoria de Comunicação/Incaper
Paula Varejão
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