19/12/2019 16h14 - Atualizado em 19/12/2019 17h14

Reunião com prefeitos discute enfrentamento das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti

Foto: Hélio Filho/Secom

Em conjunto com a equipe da Gerência de Vigilância em Saúde da Secretaria da Saúde (Sesa), o governador do Estado, Renato Casagrande, realizou um encontro com prefeitos capixabas para discutir sobre o enfrentamento das arboviroses (doenças causadas pelos chamados arbovírus) transmitidas pelo Aedes aegypti, como dengue, zika e chikungunya.

O encontro aconteceu na manhã desta quinta-feira (19), no Palácio Anchieta, em Vitória, e teve ainda a presença dos subsecretários de Estado da Saúde, Fabiano Ribeiro, Tadeu Marino, Rafael Grossi e Gleikson Barbosa, este último representando o secretário da pasta, Nésio Fernandes. Também estiveram presentes a equipe da Vigilância Epidemiológica da Sesa.

Durante o encontro, Casagrande destacou que a dengue é um assunto preocupante devido ao alto número de pessoas que foram acometidas com a doença durante este ano. “É uma doença perigosa que, além disso, ocupa nossos hospitais, tira a produtividade das pessoas e promove um enorme gasto na saúde. Precisamos de um esforço de todos, da sociedade, dos entes públicos para que possamos reduzir os números de dengue e os impactos causados pela doença”, disse o governador.

A apresentação dos índices da doença foi realizada pelo superintendente Regional de Saúde Metropolitano, Luiz Carlos Reblin, que mostrou que em 2019, por mais de 30 semanas, o Espírito Santo apresentou altos índices de notificação da doença. “É diferente do que vinha ocorrendo antes e a gente começa a ver com muita preocupação. Pois indica que a dengue vai durar praticamente o ano inteiro”, disse.

O superintendente também apresentou um panorama dos casos da doença desde o ano de 2013, destacando que este ano houve a reintrodução do vírus 2 da dengue, tipo que mata mais pessoas.  “Nem todos os casos conseguimos fazer a sorologia do paciente. Nos casos que conseguimos fazer, tem o vírus 1, o vírus 2 e há cidades em que circulam os dois tipos. Isso mostra que temos o combustível para um quadro explosivo, pois temos esses tipos de vírus estão circulando entre nós”, completou.

Segundo a gerente de Vigilância em Saúde da Sesa, Kelly Areal, o encontro teve o objetivo de reunir os gestores tomadores de decisão para que se sensibilizem e direcionem as equipes que atuam na prevenção e controle das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti para melhor enfrentamento do problema.

“Há uma necessidade de que os municípios façam o enfrentamento ao mosquito com sociedade civil e outros órgãos, não somente da saúde. Sabe-se que uma grande percentagem dos focos do mosquito está dentro das casas, por isso precisamos de uma mobilização social. Além disso, também é necessário preparar os serviços de saúde para que façam o manejo clínico adequado dos pacientes que venham adoecer”, explicou Kelly Areal.

Ainda durante o encontro foi apresentada a situação entomo-epidemiológica atual das arboviroses e os principais entraves e estratégias para o enfrentamento dessas doenças.

Panorama da dengue no Espírito Santo em 2019

No ano de 2019, o Espírito Santo vivenciou a segunda maior epidemia de dengue de sua história. O Estado registrou, até a 50ª Semana Epidemiológica, cerca de 78 mil casos notificados e 41 óbitos. A maior epidemia, no entanto, foi registrada em 2013, quando foram notificados aproximadamente 83 mil casos de dengue no Espírito Santo.

Veja aqui o 50º boletim da dengue.

Veja aqui o 50º boletim de zika.

Veja aqui o 50º boletim chikungunya

Outro fator que contribuiu para o elevado número de notificações foi o desabastecimento nacional de adulticida, uma responsabilidade geral do Ministério da Saúde.

De acordo com Luiz Carlos Reblin, “um novo inseticida, o Cielo, vem para substituir o Malathion - que tem perdido sua eficácia por conta das mutações que ocorrem no mosquito - por ter uma melhor eficácia, mas ele ainda vai demorar um tempo para ser encaminhado aos estados, pois as equipes ainda estão em treinamento para o manuseio desse produto. Essa responsabilidade geral do inseticida é do Ministério da Saúde. Como Estado, não podemos adquirir esse produto”, disse.

Reblin ainda destacou que o Aedes aegypti não é transmissor apenas da dengue, portanto é preciso ampliar os cuidados com apoio dos municípios e da população para evitar o retorno do zika vírus, da Chikungunya e de outros arbovírus como a febre amarela, o mayaro, o Saint Louis e a Febre do Nilo, todas doenças causadas por outros mosquitos, como o pernilongo.

Orientações à população

A Sesa orienta que a população também faça a sua parte no trabalho de combate ao mosquito. Segundo o coordenador do Programa Estadual de Combate ao Aedes aegypti, Roberto Laperriere, 80% dos depósitos de criadouro do mosquito estão localizados próximos ou dentro das residências. “A falta de compromisso de eliminação desses depósitos também favorece a continuarmos tendo casos de dengue e de outras arboviroses”, explicou.

Dessa forma, é importante que o cidadão realize o checklist semanal em sua residência, de forma a vigiar e eliminar qualquer forma de possível depósito ou criadouro do mosquito.

“Temos depósitos que são preferenciais ou predominantes na nossa região, como as calhas de chuva, os ralos em desuso, os pratos de plantas, as caixas d'água, entre outros. A população precisa ficar atenta e eliminar esses possíveis criadouros. Assim, se a população fizer a parte dela, o poder público pode fazer a complementação com os demais serviços”, ressaltou Laperriere.

A Sesa também recomenda à população a procurar imediatamente a unidade de saúde mais próxima ao sentir qualquer sintoma possível de dengue, como dor de cabeça, no corpo ou atrás dos olhos. Além disso, é importante também não praticar a automedicação, se manter hidratado e, se necessário, usar repelentes, telas, mosquiteiro ou outras formas de coibir a chegada do mosquito.

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