Agroindústria e artesanato: renda para mulheres no meio rural
No meio rural, as mulheres destacam-se pela condução das agroindústrias e dos artesanatos. No Espírito Santo, cerca 80% das agroindústrias são coordenadas por elas. No âmbito dos artesanatos, é comum a utilização de materiais existentes dentro da propriedade rural para a fabricação dos produtos. Essas são atividades importantes, que geram renda e proporcionam autonomia para as mulheres.
Nos municípios de Linhares e São Mateus, o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) desenvolveu um projeto de incentivo à regularização das agroindústrias ligadas à cadeia produtiva do leite, geralmente coordenada por mulheres. “Na agricultura familiar, os homens costumam estar à frente das atividades de pecuária. No entanto, o processamento dos produtos derivados do leite, como o queijo, costuma ser feito pelas mulheres. Por meio do projeto das agroindústrias, elas perceberam que poderiam crescer com a atividade de queijaria”, afirmou a coordenadora do projeto e médica veterinária do Incaper Alessandra Maria da Silva.
De acordo com Alessandra, a agroindústria familiar é uma atividade potencialmente geradora de renda nas economias locais, pois agrega valores relacionados com a cultura, tradição e regionalidade. Entretanto, existem diversos entraves na inserção dos produtos oriundos dessa atividade no mercado, sendo a adequação dos produtos às exigências da legislação uma das mais significativas.
“A necessidade de se trabalhar desde a qualidade da produção da matéria-prima, com cuidados no processo de ordenha e sanidade do rebanho, além de melhorar a qualidade dos derivados do leite, parte do pressuposto que os agricultores necessitam de informação e qualificação. Foi o que o Incaper realizou nos municípios do projeto, potencializando, ao mesmo tempo, diversas mulheres no meio rural”, explicou a médica veterinária.
Para a agricultora Vera Venturini, da comunidade de Rio das Palmas, em Linhares, o projeto de regularização da agroindústria contribui muito para sua atividade na queijaria. “Eu era professora quando casei e, nessa época, minha sogra era quem fazia os queijos na propriedade. Com o tempo, ela me passou as orientações sobre a atividade. No entanto, não tínhamos as noções de como produzir conforme a legislação. Eu, por exemplo, não sabia que precisava de um local separado da casa para fazer os queijos. Hoje já temos isso, graças às orientações do Incaper”, contou Vera.
O que ela adquire para si própria vem do dinheiro da venda do queijo. “Eu optei por deixar de ser professora para ficar em casa com os filhos. E a queijaria é a atividade que faço dentro da propriedade e que me proporciona renda. Tudo que eu compro para mim vem desse comércio. Comprei até as vacas leiteiras que eram do meu marido e do meu cunhado. Agora, a fonte da matéria-prima também é minha e eu consegui adquirir com a renda do queijo”, falou a agricultura.
Atualmente, Vera faz queijo e requeijão e comercializa para vizinhos na comunidade. “Assim que conseguir o selo de inspeção sanitária, pretendo vender para supermercados”, afirmou.
A agricultura Maria Aparecida dos Santos Jesus Freitas, da comunidade Agrovila, em Linhares, também trabalha com a produção de queijos com seu marido há 15 anos. Eles produzem 36 peças diárias. De acordo com ela, a atividade é muito rentável. “É uma atividade satisfatória. Eu trabalhava na Prefeitura e optei por ficar apenas com a queijaria. A renda é muito boa”, disse.
Ela disse que o Incaper contribui com diversas orientações para melhorar a qualidade do queijo. “Nosso queijo inchava e não sabíamos que isso poderia estar ligado à sanidade das vacas. Depois dessa orientação, a qualidade melhorou muito”, falou Maria Aparecida.
Sua filha Gabriela de Jesus Freitas, de 21 anos, contribui com a parte administrativa da venda do queijo. “Ajudei meus pais na parte de regularização da agroindústria”, afirmou.
Artesanato com fibra de bananeira
O artesanato é outra atividade desenvolvida no meio rural que conta com grande participação feminina. Em Alfredo Chaves, o grupo de mulheres Artfibra desenvolve diversos objetos com a fibra de bananeira. Formado há cinco anos, o grupo comercializa os artesanatos para pousadas da região, vinculando a atividade ao agroturismo. São produzidos objetos decorativos e de utilidades, como abajures, porta-retratos, mandalas, jogos americanos e porta-chaves.
“Começamos o grupo a partir de um curso de design e acabamento com fibra de bananeira. Uma de nossas colegas busca a matéria prima em sua propriedade. Fazemos artesanato porque gostamos e porque não queremos que essa atividade deixe de existir no meio rural”, explicou a integrante do grupo Amabenir Buback Grassi. Ela disse que seus produtos estão expostos na Estação Ferroviária de Matilde, em pousadas e hotéis da região.
De acordo com a economista doméstico Ana Penteado, o artesanato é uma atividade que gera renda, proporciona satisfação pessoal e eleva a autoestima de mulheres. “As atividades artesanais, quando realizadas em grupo, proporciona troca de experiências e estimula a criatividade. Nós sempre incentivamos a melhoria da qualidade das peças artesanais, que também devem prezar pela utilidade para o consumidor. Se o produto não tiver um bom acabamento tem dificuldades para ser comercializado”, explicou Ana.
O Incaper em Alfredo Chaves realiza o acompanhamento do grupo Artfibra, por meio de capacitações em gestão e precificação. Em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), foi feito o curso “Com licença, vou à luta”, que incentiva o empreendedorismo feminino. Além disso, o Instituto contribuiu para a construção do regimento interno do grupo.
Assessoria de Comunicação – Incaper
Juliana Esteves - juliana.esteves@incaper.es.gov.br
Luciana Silvestre - luciana.silvestre@incaper.es.gov.br
Texto: Luciana Silvestre
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