13/03/2015 11h30 - Atualizado em 22/08/2016 16h22

Governo do ES e parceiros entregam a Casa de Câmara e Cadeia de Santa Cruz

A restauração da Casa de Câmara e Cadeia de Santa Cruz está concluída e será entregue à comunidade em cerimônia no dia 13 de março, às 9 horas. O prédio, que faz parte do Programa do Governo de Preservação e Valorização dos Bens Tombados pelo Conselho Estadual de Cultura, vai abrigar o Museu Histórico do distrito.

E a primeira exposição que o espaço vai sediar, a partir do dia 13 de março - “Santa Cruz... Histórias de uma vila do Espírito Santo” - retrata, por meio de acervo com peças importantes para a trajetória local, os grupos que contribuíram para a colonização do município de Aracruz.

Com investimento de R$ 737,743,45, custeado pelo Instituto Sincades, as obras de restauro tiveram início em junho de 2014 e foram concluídas em janeiro de 2015. Sua estrutura, totalmente acessível, vai contar com hall de entrada, salão de exposição, sala de oficinas/reserva técnica, sala de administração, banheiros e pátio externo com jardins, calçadas e rampas. A obra de restauro da Casa de Câmara e Cadeia de Santa Cruz é resultado da parceria do Governo do Estado, por intermédio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), a Prefeitura Municipal de Aracruz e o Instituto Sincades.

A proposta de restauração e recuperação do patrimônio edificado visa à valorização e preservação da cultura local. Isto como forma de resgatar as raízes culturais e de despertar nos indivíduos a motivação e a propagação da própria cultura, buscando a defesa de sua história. O projeto de restauro se pautou na conservação, preservação e reconstituição do bem tombado. Optou-se por intervenções que mantivessem os elementos originais, especificando materiais compatíveis e utilizando técnicas construtivas semelhantes às antigas empregadas no local”, declara o secretário de Estado da Cultura, João Gualberto Vasconcellos.

 

Estrutura preservada

 

Segundo a arquiteta da Secult, Fabiana Braga, entre as intervenções, foi removido todo o piso interno em cimentado e o aterro realizado no local, provavelmente executados na reforma de 1970. Este piso foi substituído pelo assoalho de réguas de madeira de lei Garapa fixado em barrotes de madeira parafusados sobre estrutura metálica, resgatando o porão, num paralelo a concepção original.

As divisórias internas de lajotas, inseridas em outras reformas, também foram demolidas. Assim como os degraus e a porta da fachada lateral direita foram retirados e no local foi recomposta a janela como no plano original.

Diante de estudos históricos realizados durante a realização das obras, verificou-se elementos importantes ao andamento dos trabalhos, resultando inclusive em mudanças no projeto de restauração originalmente elaborado no que tange ao posicionamento de esquadrias e portas.

As alvenarias de pedra e de tijolos maciços foram preservadas e as esquadrias passíveis de restauração foram recuperadas, outras necessárias foram fabricadas conforme padrão existente. O reboco executado considerou a composição do antigo, com argamassa de argila, areia média e cal. O traço da argamassa foi definido a partir de exame laboratorial realizado com amostra do reboco original. Na pintura das paredes foram utilizadas tintas a base de cal e nas esquadrias, esmalte sintético acetinado.

As telhas francesas foram retiradas, limpas e recolocadas, e substituídas somente peças danificadas, mantendo a mesma tipologia da cobertura antiga. O mesmo procedimento foi efetuado na estrutura de madeira do telhado, além disso, alguns pontos foram reforçados. Realizou-se também a dedetização de todo o madeiramento devido à infestação de insetos xilófagos.

O forro existente encontrava-se todo deteriorado, e foi substituído pelo forro de madeira tipo macho-fêmea entabeirado de Angelim Pedra, tratado por meio de raspagem e aplicação de verniz. Também foi acrescentada uma subcobertura com manta asfáltica aluminizada, aplicada entre o ripamento e a estrutura do telhado, e calha de alumínio embutida na platibanda contornando a edificação.

 

Acessibilidade

 

Para atender a legislação de acessibilidade, foi construída uma rampa externa com guarda-corpo e corrimão, dando acesso à porta lateral esquerda do imóvel, calçadas externas compostas de rampas, piso acessível e sinalizado, além de banheiro adaptado.

A edificação ganhou ainda sistema de iluminação apropriada ao uso de museu, e novas instalações elétricas, hidrossanitárias e de drenagem. A área externa do imóvel foi urbanizada com calçadas, gramado, iluminação, gradil com portões, recuperação dos muros e instalação de placas de identificação do museu. A proposta do município para utilização desse espaço é ser apropriado pela comunidade como área de eventos culturais e apoio às atividades do Museu.

 

Museu

 

A atual ocupação do imóvel como Museu Histórico de Santa Cruz busca transformar o patrimônio tombado, interna e externamente, num espaço cultural flexível, dinâmico e multifuncional, propiciando o encontro de pessoas, desenvolvimento de atividades e eventos culturais, exposições, e o resgate da memória.

O Museu Histórico de Santa Cruz foi criado através da Lei nº3.872, de 17 de dezembro de 2014 e tem entre seus objetivos a preservação do patrimônio histórico, artístico, cultural, documental e iconográfico do município de Aracruz. Seu diferencial é a participação da comunidade em seu planejamento e na solicitação de demandas através da formação de um Conselho Consultivo composto por organizações da sociedade civil e do poder público.

 

 

Selo comemorativo

 

E na cerimônia de entrega da Casa de Câmara e Cadeia de Santa Cruz, no município de Aracruz, os Correios vão lançar um selo personalizado alusivo ao Museu Histórico de Santa Cruz. O selo traz a imagem da fachada restaurada do prédio e também destaca o nome do município de Aracruz. Desse modo, as peças filatélicas podem circular por todo o mundo levando o nome de Aracruz e divulgando o Museu Histórico de Santa Cruz.

 

Curiosidade

 

Durante muito tempo se pensou, equivocadamente, que o prédio foi erguido para abrigar o Imperador D. Pedro II em sua passagem por Santa Cruz. Na verdade, de acordo com levantamento feito pelo historiador da Secult, Bruno Conde, a construção foi concluída em 1876, posteriormente à visita imperial, que aconteceu em 1860. Ocorre que, durante sua passagem pela vila, o imperador esteve em outro prédio, bastante simples, que então funcionava como câmara.

 

 

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