03/10/2015 12h14 - Atualizado em 12/08/2016 16h16

Historiador José Murilo de Carvalho lança livro sobre o papel político da imprensa

Consagrado como o maior historiador brasileiro da atualidade, José Murilo de Carvalho chega ao Espírito Santo no dia 11 de novembro para lançar sua mais recente obra: o livro Guerra Literária: panfletos da independência (1820-1823). Com quatro volumes de tirar o fôlego, a obra foi realizada em parceria com outros grandes nomes da história brasileira, Lúcia Bastos e Marcello Basile. O evento será às 19 horas, no Salão São Thiago do Palácio Anchieta. A organização do evento é da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e recebe o apoio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), por meio da Biblioteca Pública do Espírito Santo.

Trata-se de um longo inventário de impressos trazidos à luz pelo historiador para refletirmos sobre a importância da circulação das informações e sobre o potencial de agitação política da imprensa e seu papel na luta pela independência do Brasil frente a Portugal.

Antes do lançamento do livro, programado para as 20 horas, haverá uma mesa redonda, às 19 horas com a presença dos três autores no Salão São Tiago do Palácio Anchieta. Com o tema “Imprensa e opinião pública pela independência política do Brasil”, a mesa pretende atrair desde estudantes da área a historiadores, professores, cientistas políticos e jornalistas.

“Trata-se de uma obra de enorme importância para o conhecimento da imprensa e que enriquece a observação do atual movimento das novas mídias. Os documentos contidos na obra demonstram como os conceitos e opiniões podem se transformar diante da circulação de ideias e talvez nos ensine a compreender o grandioso fenômeno da multiplicação da informação nos dias atuais”, comentou a historiadora, Drª Adriana Campos, do Departamento de História da Ufes.

 

A obra

 

Para compor os quatro volumes da obra, os autores organizaram mais de 200 panfletos encontrados no Brasil e em Portugal, alguns no formato de ensaios, análises, sermões, entre outros. Os impressos mostraram que a guerra pela independência foi travada não apenas com voz ou armas, mas com a pena. Talvez seja essa a razão de a coletânea se intitular “Guerra Literária”. Homens que pertenciam à elite letrada se dirigiam a ela por meio desses panfletos, mas o povo também era alvo de seus escritos, fazendo-os extrapolar os salões elitizados e serem lidos em voz alta nas barbearias e tabernas.

O povo tinha acesso aos panfletos por meio das apaixonadas discussões provocadas por seu conteúdo político. Formava-se, assim, tanto nas ruas quanto nos salões mais requintados, a opinião pública pela independência do Brasil. O debate levantava os protestos contra o Antigo Regime das monarquias e clamava pelo constitucionalismo, nova cultura política que se alastrou entre os brasileiros como fundamental dos novos tempos.

Para a sorte dos capixabas, os organizadores encontraram pelo menos dois panfletos produzidos por conterrâneos nossos, o padre Marcelino Pinto Ribeiro Duarte e o bacharel Manuel Pinto Ribeiro de Sampaio. Os dois pertenciam à família Pinto Ribeiro, cujos primeiros ascendentes chegaram à antiga Capitania do Espírito Santo nos começos do século XVIII. Afortunados por terem recebido boa educação, algo raro pelos padrões da época, esses capixabas puderam disputar a opinião pública por meio da impressão de seus ensaios.

Serviço

Lançamento do livro “Guerra Literária: panfletos da independência (1820-1823)”

Autores: José Murilo de Carvalho, Lúcia Bastos e Marcello Basile

Local: no Salão São Thiago do Palácio Anchieta

Horário: às 19 horas, mesa redonda. Às 20 horas, lançamento do livro

Entrada gratuita

 

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