Agroindústrias apostam em minimamente processados para alimentação escolar no Espírito Santo
Alimentos saudáveis ganham cada vez mais espaço no cardápio das escolas capixabas, gerando mais oportunidades de comercialização para produtores e empreendimentos rurais. No norte e no noroeste do Estado, por exemplo, agroindústrias começaram recentemente a fornecer minimamente processados para unidades de ensino municipais, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
Inaugurada em abril deste ano pela Cooperativa Mista de Produção e Comercialização Camponesa do Espírito Santo, a agroindústria “Crioula Alimentos”, localizada no município de Vila Valério, é uma delas. Com o apoio do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), o empreendimento ingressou no PNAE para fornecer aipim minimamente processado.
A raiz passa pelos processos de seleção, higienização, fracionamento e congelamento, com o objetivo de aumentar a disponibilidade do alimento e torná-lo mais seguro do ponto de vista sanitário.
Para desenvolver esse trabalho, a equipe da agroindústria foi treinada com cursos preparatórios de boas práticas de manipulação ministrados pela economista doméstica e extensionista do Incaper, Jozyellen Nunes da Costa, que também assistiu a cooperativa nos trâmites para a abertura e o funcionamento do empreendimento, em parceria com o escritório local do Instituto.
De acordo com a extensionista, a produção do aipim minimamente processado tem sido proposta como alternativa para ampliar o período de oferta da raiz e disponibilizar um alimento mais prático para a alimentação escolar.
“Esse tipo de produto tem um aproveitamento melhor pelas escolas, que conseguem evitar desperdícios que podem ocorrer com os alimentos in natura. Para a agroindústria, tem a vantagem do valor que se agrega a esse produto. O preço de venda é melhor”, explica Jozyellen Nunes.
Além de Vila Valério, municípios de Nova Venécia, Linhares e São Mateus compram aipim minimamente processado via PNAE. Em Linhares, o fornecimento é feito pela agroindústria da Associação Camponesa da Agricultura Familiar do Córrego Jacutinga, fundada neste ano com assistência do escritório do Incaper no município.
O empreendimento teve apoio também do projeto “Estruturação de OCS no norte do Espírito Santo e avaliação dos impactos econômicos e sociais na vida dos agricultores familiares”, financiado pelo Banco de Projetos da Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes).
Coordenador do projeto e extensionista do Incaper, Daniel Duarte conta que a agroindústria é fonte de renda para 12 famílias da comunidade. A ideia de produzir aipim minimamente processado surgiu a partir de um intercâmbio com produtores de Nova Venécia, promovido em parceria com o escritório local do Incaper.
“Levamos os agricultores para conhecer uma agroindústria desse tipo e eles gostaram muito da proposta. Principalmente pela possibilidade de comercialização garantida por meio do PNAE, programa para o qual eles também fornecem produtos orgânicos, como couve, cebolinha e banana”, explica Duarte.
De acordo com o extensionista, a agroindústria linharense já forneceu cerca de 6 toneladas de aipim minimamente processado às escolas da rede municipal neste ano. A previsão é de que mais 120 toneladas sejam entregues neste segundo semestre e em 2025.
Frutas minimamente processadas
O Incaper tem incentivado as agroindústrias a apostarem nos minimamente processados desde a Resolução nª 6/2020, do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que determina que, no mínimo, 75% dos recursos utilizados no âmbito do PNAE sejam destinados à aquisição de alimentos in natura ou minimamente processados.
Nesse contexto favorável para a comercialização, a agroindústria “Crioula Alimentos”, de Vila Valério, iniciou um processo de diversificação da produção. Além do aipim, está produzindo abacaxi, manga e goiaba minimamente processados, visando a um futuro fornecimento ao PNAE.
“São frutas mais doces. Então, dá para fazer um suco sem açúcar, o que atende a outro aspecto da resolução do FNDE, que tem promovido uma alimentação mais saudável nas escolas”, explica a extensionista Jozyellen Nunes. “A partir de agosto, também vamos capacitar a equipe para a produção de temperos desidratados”, acrescenta.
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