07/08/2024 14h04

Armadilhas de ovitrampas ajudam monitorar mosquito da dengue em municípios capixabas

Foto: Proexc UFU

Como forma de monitorar e avaliar a distribuição espacial do mosquito Aedes aegypti e, consequentemente, fazer um trabalho de prevenção contra as arboviroses transmitidas pelo mosquito, como a dengue, Zika e a chikungunya, em especial nos períodos mais propícios para a infestação, a Secretaria da Saúde (Sesa) deu início ao projeto de implantação das armadilhas de oviposição, as chamadas ovitrampas. A ação, que vem acontecendo desde abril em 15 municípios capixabas, consiste em um método de captura do vetor capaz de determinar a dispersão do mosquito.

Até o mês de julho, foram implantadas 2.203 ovitrampas e coletados 100.833 ovos nos municípios de Afonso Cláudio, Aracruz, Barra de São Francisco, Conceição da Barra, Guaçuí, Ibiraçu, Itaguaçu, Marataízes, Marilândia, Muniz Freire, Pancas, Pedro Canário, Presidente Kennedy, Rio Bananal e São Gabriel da Palha. Os municípios participantes para a implantação das armadilhas foram selecionados pelo Ministério da Saúde (MS) e participaram de uma capacitação ainda em abril junto ao órgão federal, à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e à Sesa. A expectativa é de que o projeto amplie para mais municípios capixabas.

Para o chefe do Núcleo Especial de Vigilância Ambiental (Neva) da Sesa, Roberto da Costa Laperriere Júnior, a estratégia auxilia no enfrentamento ao Aedes aegypti. Essa estratégia foi definida por ser uma tecnologia extremamente sensível, simples, com comprovação científica e de baixo custo, que permite aos municípios direcionarem seus recursos para áreas de mais alto risco e condicionantes para o uso de outras novas tecnologias, como, por exemplo, as estações disseminadoras de inseticidas e os mosquitos irradiados”, disse Laperriere.

As armadilhas não são utilizadas para o controle populacional dos mosquitos, mas sim para monitoramento e identificação de áreas de risco que auxiliarão na atuação dos agentes de Combate a Endemias nos municípios, uma vez que ao diagnosticar a presença e quantidade de ovos em uma determinada localidade, o sistema informa qual o território a Vigilância em Saúde do município deve agir com ações de prevenção, como eliminação de criadouros, realização de mutirões ou palestras educacionais, por exemplo.

Importância do apoio dos cidadãos

O biólogo Ricardo da Silva Ribeiro, que está à frente do Grupo Técnico de Arboviroses da Vigilância em Saúde da Regional Metropolitana, fez um alerta importante para o sucesso do projeto, que é o apoio do cidadão para receber os agentes na implementação das armadilhas.

“A gente vem observando, quando estamos em campo, uma certa resistência por parte da população em relação à instalação das armadilhas em suas residências. As pessoas acham que as ovitrampas vão gerar mais Aedes aegypti na localidade, o que não procede, pois as palhetas são retiradas antes de os ovos darem origem a novos mosquitos”, frisou Ribeiro.

Ele explica que a instalação das armadilhas não prejudica a saúde do morador. “Muito pelo contrário. Ao ter uma medida da postura dos mosquitos, que é dada pelo número de ovos encontrados nas palhetas, os agentes de Combate a Endemias conseguem priorizar o trabalho de controle para as áreas mais infestadas, diminuindo o risco de a população contrair as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, dentro do que estabelece o principal objetivo do programa, a prevenção”, frisou o biólogo.

A compreensão da importância dessa estratégia é seguida pela lavradora Marlene de Fátima Dias de Carvalho, moradora de Itaguaçu, que participa do projeto desde o início, permitindo a instalação das armadilhas em sua residência. “Sempre acompanho o trabalho da equipe, tanto a colocação das armadilhas, quanto o recolhimento das palhetas com os ovos. É um processo muito rápido e tranquilo. E o melhor, os agentes sempre trazem algumas informações importantes sobre o que estão fazendo. Eu apoio muito o trabalho deles, porque entendo que é para ajudar na luta contra o mosquito da dengue”, disse.

 

Como funciona

As armadilhas são instaladas em um imóvel, a uma altura máxima de 1,5 metros do chão, em local sombreado e abrigado da chuva, longe do alcance de crianças e animais domésticos. É adicionada uma mistura de água com um atrativo à base de lêvedo, que atrai as fêmeas do Aedes aegypti que vivem nas redondezas, para que elas venham colocar seus ovos em uma palheta de MDF-Eucatex. Cada armadilha tem a capacidade de atrair as fêmeas em um raio de 300 metros de distância do ponto de instalação.

Após uma semana, o agente de Combate a Endemias retorna ao imóvel onde a armadilha foi instalada e retira a palheta, inserindo uma nova. O material colhido é levado para o laboratório da Vigilância Ambiental ou do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) do município, onde é realizada a contagem do número de ovos.

Depois de sete dias, a nova palheta é retirada e a armadilha é desinstalada, havendo uma pausa de duas semanas na atividade antes de dar início a um novo ciclo de instalação. É muito importante que a armadilha seja sempre instalada no mesmo imóvel ou nas vizinhanças.

 

Dados por Regional de Saúde (até julho) 

Metropolitana 

Afonso Cláudio: foram instaladas 192 armadilhas e coletados 2.150 ovos; Aracruz: 1.118 armadilhas e 34.489 ovos; Ibiraçu: 170 armadilhas e 9.079 ovos; Itaguaçu: 198 armadilhas e 4.030 ovos.

- Norte 

Barra de São Francisco: foram instaladas 69 armadilhas e coletados 3.399 ovos; Pedro Canário, 55 armadilhas e 9.515 ovos; e Conceição da Barra, 79 armadilhas e 28.311 ovos. 

- Sul 

Marataízes: foram instaladas 29 armadilhas e coletados 4.314 ovos; Muniz Freire: 15 armadilhas e 1.292 ovos; Presidente Kennedy: 30 armadilhas e 1.500 ovos; e Guacuí: 36 armadilhas e 2.154 ovos. 

- Central 

Marilândia: foram instaladas 29 armadilhas e coletados 12.849; São Gabriel da Palha: 101 armadilhas e 23.072 ovos; Rio Bananal: 50 armadilhas e 11.298 ovos: e Pancas: 32 armadilhas e 3.345 ovos.

 

Mitos sobre as ovitrampas 

Depois que aceitei que instalassem a armadilha, minha família pegou dengue. Não vou deixar instalar novamente, pois elas trazem a doença para dentro de casa. 

A armadilha não gera mosquitos, pois as palhetas são retiradas antes de os ovos darem origem a novos mosquitos. Além disso, a ovitrampa atrai somente os mosquitos que já residiam nas vizinhanças. Ou seja, que infectou a família e já estava nas redondezas. A instalação não prejudica a saúde do morador, muito pelo contrário: ao ter uma medida da infestação de mosquitos, que é dada pelo número de ovos encontrados, os agentes de Combate a Endemias podem priorizar o trabalho de controle de mosquitos para as áreas mais infestadas, diminuindo o risco de a população contrair doenças transmitidas pelo Aedes aegypti.

 

Meus vizinhos dizem que minha casa foi escolhida porque nós não tomamos cuidado com a proliferação de mosquitos, que ela é suja, por isso fomos selecionados. 

As armadilhas têm a capacidade de atrair mosquitos da vizinhança, não apenas os que vivem na sua casa. O mesmo vizinho que diz que sua casa foi escolhida por que os moradores são descuidados, pode ser a fonte de mosquitos da vizinhança. Por que, então, você foi escolhido? Principalmente, porque é uma pessoa que o agente conhece e confia, por ser alguém que colabora sempre com ele, que se interessa em ajudar no controle da Dengue e que tem a consciência da importância de ajudar a comunidade a se livrar do Aedes aegypti.

 

O morador, depois de uma semana em que foram encontrados muitos ovos na armadilha, apresentou resistência para permitir novamente a instalação em sua residência. 

A informação é o melhor método de combate à desinformação e à resistência ao serviço. Antes de negar sua ajuda, pergunte todas as dúvidas sobre a armadilha aos agentes e como está o andamento do trabalho em outras regiões. É importante entender, enquanto morador da localidade, que os índices de infestação ajudam a direcionar os serviços de controle de mosquitos, criando ações de prevenção, contribuindo, assim, para evitar o risco de transmissão das doenças causadas pelo mosquito. 

 

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