Clube de Leitura em Braille da Biblioteca Pública Estadual visita exposição da Escola de Fotógrafos Cegos
Nessa quarta-feira (21), os integrantes do Clube de Leitura em Braille da Biblioteca Pública Estadual participaram de uma visita guiada à exposição “Quando Fecho os Olhos Vejo Mais de Perto”, que apresenta 32 fotografias realizadas pelos 12 participantes da Escola de Fotógrafos Cegos. Na ocasião, os visitantes tiveram oportunidade de participar também de uma roda de conversa.
O encontro foi resultado de uma parceria entre a Biblioteca Estadual e a Escola de Fotógrafos Cegos, pensada especialmente para os integrantes do Clube de Leitura em Braille – formado por pessoas cegas ou com baixa visão que se reúnem uma vez por mês na sede da biblioteca, na Praia do Suá, em Vitória.
A programação, que contou com a presença do secretário de Estado da Cultura, Fabricio Noronha, começou com uma roda de conversa sobre a importância da acessibilidade. “Foi uma tarde muito inspiradora. O tema da acessibilidade está na ordem do dia. Nós temos muito ainda o que aprender e avançar no tema. Sentar, ouvir e conversar com os fotógrafos cegos da exposição e os membros do clube de leitura nos estimula a incluir cada vez mais o tema nas nossas políticas e atividades culturais”, ressaltou o secretário.
De acordo com a gerente de Formação, Livro e Leitura, Ana Laura Nahas, a iniciativa do Clube de Leitura em Braille possibilita às pessoas com deficiência visual muitas possibilidades a partir do contato com a literatura. “Agora, ao promover essa roda de conversa com os fotógrafos cegos, buscamos contribuir para que eles ocupem novos ambientes, descubram outras perspectivas e se entendam como protagonistas da produção e do consumo de cultura”, afirmou.
Servidor da Biblioteca Pública Estadual, Sandro Bermudes (foto abaixo) é deficiente visual e está à frente do clube de leitura. Ao visitar a exposição, ele pôde ouvir descrições das fotografias por meio dos códigos QR e também por meio dos mediadores da exposição. “Para mim, foi um momento maravilhoso, em que pude confirmar que nós, deficientes visuais, podemos superar nossos limites com ajuda das pessoas e da tecnologia. É emocionante saber que não há limites quando estarmos determinados, a ponto de sermos capazes, até mesmo, de fotografar.”
Ele também se surpreendeu com os relatos durante a roda de conversa, em que os fotógrafos cegos falaram sobre o processo de aprendizagem da linguagem fotográfica e suas experiências práticas a partir desse novo conhecimento. “Ouvi de uma das fotógrafas o relato de sua experiência com fotografia antes e depois de perder a visão. Ela contou que, com a visão, é possível escolher qual foto ficou melhor. Mas, sem a visão, a fotografia é feita seguindo o som ou colocando a mão sobre o lugar, para saber a distância e clicar, fazendo a fotografia que julga ser aquela que almeja”, acrescentou Sandro Bermudes.
A exposição
“Quando Fecho os Olhos Vejo Mais Perto” ficará aberta à visitação pública até este domingo (25), sempre das 7h às 22h. Com oito totens de grande dimensão, contendo quatro fotografias retroiluminadas, cada imagem apresenta uma placa com código QR que direciona para audiodescrições, recurso de acessibilidade para pessoas cegas. O local escolhido também é acessível para cadeirantes, inclusive com banheiro adaptado, e durante o período de funcionamento da exposição estarão presentes mediadores fluentes em Libras, a Língua Brasileira de Sinais.
As 32 imagens são de autoria dos 12 participantes da Escola de Fotógrafos Cegos, selecionados entre julho e agosto de 2022. Após encontros, oficinas e saídas fotográficas, eles finalmente desenvolveram seus próprios dispositivos para registrar sua interpretação do mundo.
A seleção das imagens para a exposição ficou a cargo da artista Bárbara Bragato, para quem a produção fotográfica de um cego pode ser tão bela quanto aquela gerada pela visão. “É uma forma de pensar as imagens como tudo isso que habita a gente, mas fica esquecido na nossa memória. As imagens do ‘não ver’ são essas que a gente fecha os olhos e pode sentir, são as imagens que transpiram, que usam som, que fazem arrepiar a pele. Os olhos não precisam estar abertos para que a gente enxergue.
Realizada por meio da Lei de Incentivo à Cultura Capixaba (LICC), da Secretaria da Cultura (Secult), a exposição conta com patrocínio da ES Gás.
Serviço:
Exposição “Quando Fecho Os Olhos Vejo Mais Perto”
Local: Parque Moscoso, Av. Cleto Nunes, Centro de Vitória
Visitação: até domingo (25), das 7h às 22h
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