O Corpo de Bombeiros Militar adverte que, no Brasil, a maior causa de mortalidade na infância são os acidentes (lesões não-intencionais), que podem ser evitados com cuidados simples por parte dos adultos responsáveis. A cada ano, aproximadamente oito mil crianças entre um e 14 anos morrem em acidentes, e outras 50 mil sobrevivem com incapacidade física permanente. O engasgamento é um tipo de acidente que está entre as principais causas de morte infantil.

A asfixia é o bloqueio ou a dificuldade de respiração por qualquer forma de impedimento da entrada de ar nos pulmões; pode ser também a impossibilidade de troca gasosa (oxigênio por gás carbônico) eficiente. Este impedimento pode ser causado por afogamento, inalação de fumaça ou produtos tóxicos, objetos (sacos plásticos, objetos inalados), compressão do pescoço (enforcamento, esmagamento) ou ausência da respiração por problemas orgânicos.

Sinais de engasgamento:

- Dificuldade respiratória;
- Ruídos durante a respiração;
- Agitação ou prostração;
- Palidez ou arroxeamento da pele;
- Perda da consciência;
- Parada cardiorrespiratória.

Cuidados básicos:

- A melhor forma de evitar acidentes é a vigilância e não deixar a criança sozinha;

- O adulto também não deve deixar a criança tomar mamadeira sozinha, caso ela seja muito pequena, para evitar engasgamento, que também pode ser provocado por balas e objetos pequenos;

- O adulto deve procurar assistência médica para avaliação, caso ocorra algum acidente;

- Nunca confie só em sua vigilância, guarde todos os objetos que podem causar acidentes;

- Pilhas, brinquedos pequenos ou com partes destacáveis podem provocar engasgamento se a criança levá-lo à boca. Só dê brinquedos adequados à idade da criança ou bebê e com selo Inmetro;

- Evite utilizar balões de látex/bexiga. Se realmente precisar utilizá-los, guarde-os fora do alcance das crianças. Não permita que crianças encham bexigas. Após o uso, esvazie as bexigas e descarte-as juntamente com eventuais pedaços, elas são umas das campeãs em incidências de engasgamento;

- Tomar cuidados redobrados com crianças de 1 a 3 anos, nesta fase elas são curiosas e não têm noção de perigo. Tudo o que vêem ou seguram querem colocar na boca;

- Colocar longe de crianças objetos pequenos como moedas, pregadores de roupa, tampas de canetas, bolinhas de vidro, chaves e outros;

- Ter cuidado na hora de alimentar as crianças para não dar comida demais ou alimentos que tem perigos “ocultos” como peixe que pode ter espinhas, dentre outros;

- Fique sempre atento para que a criança não cubra o rosto com lençol, travesseiro, roupa, paninhos, fralda ou bonecos que ficam soltos no berço;

- Lembre-se que brinquedos grandes podem ser desmembrados e, desta forma, serem engolidos (boneca que pode desmembrar perna ou o braço, ficando num tamanho com perigo em potencial);

- Não deixe a criança colocar sacos plásticos na cabeça ou bolas de látex na boca;

- Mantenha seu filho longe do pó ou fumaça de cigarro;

- Qualquer pequeno objeto pode representar perigo, se o bebê colocá-lo no nariz, ouvido ou na boca;

- Guarde produtos de limpeza, pesticidas, cosméticos e remédios fora de alcance, em armários e gavetas trancados;

- Não deixe que seu filho brinque com cosméticos;

- Tranque o banheiro ou guarde os produtos de higiene e cosméticos em lugar seguro;

- Não coloque qualquer produto químico em outra embalagem que não a sua original, pois poderá ser confundido com algum outro produto que não oferece risco;

- Não chame um medicamento de doce. A criança pode achar que o remédio não é perigoso;

- Cuidado para seu filho não ficar preso em armários, nem sozinho dentro de carros estacionados ou locais sem ventilação.

Obstrução das Vias Aéreas por Corpo Estranho (Ovace):

A Ovace em adulto geralmente ocorre durante a ingestão de alimentos e, em crianças, durante a alimentação ou recreação (sugando objetos  pequenos).

As causas de obstrução de vias aéreas superiores podem incluir obstruções:

Pela Língua –sua queda ou relaxamento pode bloquear a faringe;
Pela epiglote – inspiração sucessivas e forçadas podem provocar uma pressão negativa que forçará a epiglote para baixo fechando as vias aéreas;
Por corpos estranhos – qualquer objeto, líquidos ou vômito, que venha a se depositar na faringe;
Por danos de tecidos – perfurações no pescoço, esmagamento da face, inspiração de ar quente, venenos e outros danos severos na região;
Por patologias – infecções respiratórias, reações alérgicas e certas condições crônicas (asma), podem provocar espasmos musculares que obstruirão as vias aéreas.

Manobras de desobstrução em adulto

1- Identificar que o paciente apresenta obstrução das vias aéreas perguntando se ele pode falar;

2- Acionar recurso adicional especializado;

3- Se o paciente conseguir emitir algum som, incentive-o a tossir e encaminhe-o ao hospital;

4- Se o paciente não conseguir emitir som algum, posicione-se lateralmente nas costas dele. Identifique o espaço entre o umbigo e o processo xifóide do engasgado e posicione uma de suas mãos, fechada, nesse espaço;

5- Comprima o abdome do paciente realizando movimento em forma de “J”, até o objeto ser expelido ou o paciente ficar inconsciente (Manobra de Heimlich).

Paciente Inconsciente

6- Abra a boca do paciente e tente visualizar o objeto;

7- Caso haja condições retire-o com o dedo indicador em forma de gancho; se não o visualizar passe para o próximo passo;

8- Promova uma ventilação de resgate, observando se há expansão do tórax. Se não há expansão, reposicione a cabeça do paciente e promova nova ventilação de resgate;

9- Promova cinco ciclos de 30 compressões torácicas por  duas ventilações, tendo o cuidado de visualizar a boca do engasgado logo após as compressões e verificar o pulso após cinco ciclos efetuados;

10-  Repita os passos de 6 a 9 até visualização e retirada do objeto ou até chegada do recurso adicional solicitado.

Manobra Para Desobstrução de Lactante

1- Confirme a obstrução completa das vias aéreas (o bebê apresenta séria dificuldade para respirar, não consegue tossir, nem chorar e cianose na boca, nariz, tórax, olhos e extremidades);

2- Confirmada a obstrução das vias aéreas, inicie as manobras de desobstrução promovendo cinco golpes entre as escápulas e, em seguida, executando cinco compressões torácicas no bebê;

3- Continue repetindo o passo 2 até ocorrer a desobstrução ou o bebê perder a consciência.

Bebê perde a consciência

1- Confirme a obstrução completa das vias aéreas (o bebê apresenta séria dificuldade para respirar, não consegue tossir, nem chorar e cianose na boca, nariz, tórax, olhos e extremidades);

2- Caso visualize o corpo estranho e haja condições, retire-o com o dedo mínimo em forma de gancho; se não visualizar passe para o próximo passo;

3- Abra as vias aéreas e promova uma ventilação bem lenta (1 segundo), se o ar não passa, reposicione a cabeça de bebê e ventile novamente;

4- Se as vias aéreas continuam obstruídas, execute cinco ciclos de 30 compressões torácicas por duas ventilações.