27/06/2023 11h44

Cultivo de cogumelos para agricultores familiares é tema de curso em Divino de São Lourenço

O cultivo de cogumelos, mais conhecido como fungicultura, foi tema de um curso técnico para agricultores familiares, empreendedores rurais, técnicos das ciências agrárias e ambientais e extensionistas, que aconteceu durante dois dias neste mês de junho, no Restaurante Flores e Sabores, no distrito de Patrimônio da Penha, em Divino de São Lourenço, na região do Caparaó. 

A iniciativa faz parte das ações previstas no Projeto “MushHome: Núcleo Capixaba de Geração e Difusão de Conhecimentos sobre Cogumelos”, aprovado pelo edital da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito (Fapes). O projeto é coordenado pelo extensionista do Incaper local em Dores do Rio Preto, Norberto Neves, e pelo professor Wilton Cardoso, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes) de Venda Nova do Imigrante. 

O “MushHome” é um banco genético com as principais espécies de cogumelos produzidos no Estado do Espírito Santo e está sendo criado no Ifes de Venda Nova do Imigrante. O extensionista Norberto Neves lembrou que muitas propriedades de agricultores familiares estão próximas ou dentro da área de amortecimento do Parque Nacional do Caparaó. 

“Foram os empreendedores e produtores rurais da região do entorno do parque que nos demandaram a capacitação, na busca pela diversificação de suas atividades nas unidades produtoras, em consonância com a preservação dos recursos naturais e tendo em vista que essa é uma atividade de baixo ou nenhum impacto ambiental”, explicou Neves.

“Os agricultores familiares também estão cada vez mais preocupados com o bem-estar e uma boa alimentação, devido ao fato de o cogumelo ser um alimento funcional rico em proteínas, aminoácidos essenciais, vitaminas, fibras, sais minerais e importantes efeitos medicinais”, explicou o extensionista. 

A programação foi vasta e envolveu temas importantes para o cenário da fungicultura no Estado. A palestra sobre tecnologias de produção do cogumelo “Shiitake” (lentinula edodes) em toras de eucalipto e de “Shimeji” (hiratake ou pleurotus) em juncao — tecnologia chinesa — , foi ministrada pelo professor do Ifes de Venda Nova do Imigrante, Wilton Cardoso, com a colaboração dos bolsistas Wilian Alves e Hiara Alves, do projeto “MushHome”. 

O professor do Ifes de Venda Nova do Imigrante, Deusélio Fiorezi, explanou sobre o aumento da produção de cogumelos, por meio da otimização de nutrientes, e a bolsista do projeto “MushHome”, Verônica Nicolini da Silva, deu mais detalhes a respeito do sistema de pós-colheita de cogumelos. 

Os participantes também tiveram uma “Aula-Show”, com preparo e degustação de receitas à base de cogumelos Shiitake, Shimeji e Champion, produzida pelas proprietárias e chefs de cozinha do Flores e Sabores, Bárbara Rossi e Carolina Gontijo. Elas usaram os cogumelos trazidos de Venda Nova do Imigrante pelo professor Deusélio Fiorezi. 

O produtor rural Luciano Viegas da Silveira, de Divino São Lourenço, estuda fungos e produz cogumelo há, aproximadamente, cinco anos, mas nunca realizou o cultivo em toras de eucalipto. “Hoje, tenho condições mais favoráveis pra isso, desde que adquiri uma pequena chácara local, na beira da mata. Então, o curso serviu como um grande incentivo para que eu possa dar início a esse tipo de cultivo, que, na nossa região, é bastante favorável por conta da abundância da matéria-prima, o eucalipto. Aprendi técnicas novas, de forma bem elucidativa, com a união de conhecimento e prática, de forma sucinta”, disse. 

A iniciativa do curso foi dos Escritórios Locais de Desenvolvimento Rural do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) de Dores do Rio Preto e de Divino de São Lourenço, em parceria com a Prefeitura de Divino São Lourenço e o Ifes – campus de Venda Nova do Imigrante. 

Produção de cogumelo: perspectivas e ações na região serrana e Caparaó 

Como um dos resultados do curso, um grupo representativo será, oficialmente, referência na região de Divino São Lourenço, para o acompanhamento dos processos produtivos em fungicultura diante das demandas dos agricultores familiares. Para isso, já está sendo feito um levantamento sistematizado e atualizado sobre a produção de cogumelos em todo o Espírito Santo. 

A criação do “MushHome” vai servir de subsídio para agricultores familiares e para a multiplicação desses fungos em todo o Estado. “Será um grande incentivo para uma produção de qualidade, artesanal, familiar e, principalmente, acessível para os produtores rurais. A questão da acessibilidade dos agricultores familiares aos cogumelos de qualidade, especialmente, é um dos grandes gargalos que temos. Atualmente, a aquisição de sementes para produtores comerciais e artesanais vem especialmente de São Paulo. O enfoque é quebrar essa dependência com esse banco genético”, contou Norberto Neves.

Posteriormente, o “MushHome” vai servir como vitrine para que produtores rurais, técnicos, estudantes, entre outros, possam conhecer esse banco genético de cogumelos dentro das dependências do Ifes. Além disso, em breve, serão realizadas novas capacitações em fungicultura para agricultores familiares, estudantes e técnicos, com o objetivo de torná-los multiplicadores de conhecimento. 

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