15/04/2019 12h24

Detentos trabalham em horta orgânica na Penitenciária Semiaberta de Vila Velha

A direção da Penitenciária Semiaberta de Vila Velha (PSVV) conseguiu, há um ano, implantar o projeto “Colhendo Bons Frutos” que dá aos detentos que cumprem pena no local a oportunidade de aprender um ofício e ainda ajudar no sustento de suas famílias. A unidade funciona no complexo do Xuri, em Vila Velha.

Idealizado pelo inspetor penitenciário Fabiano Rosa, a horta também mudou o cenário ao redor da unidade prisional. A terra hoje é ornamentada por hortaliças, abóbora, melancia, abacaxi, tempero verde e muitos pés de aipim, com espaço até para um canteiro de girassóis. Tudo é cultivado de forma orgânica, sem uso de agrotóxicos, e doado para as famílias dos detentos.

A determinação e o empenho do inspetor Fabiano Rosa foram essenciais para que o projeto desse certo. “O que é produzido na horta não é para mim, nem para o Estado. É para as famílias dos próprios presos. Com o trabalho, eles se sentem mais produtivos, o ambiente fica mais bonito, humanizado. Eles conseguem, por meio do trabalho, reduzir a pena e ainda ajudam no sustento de suas casas. Essa é a essência do projeto: ressocializar”, diz Fabiano.

Horta autossustentável

Na horta trabalham cerca de 130 detentos que cumprem pena na unidade. O plantio é feito a partir de doações de sementes dos próprios servidores. A colheita produz novas mudas e à medida que a horta expande, se torna autossustentável. A irrigação é feita por meio de um poço com água potável instalado na área do complexo prisional. Além disso, a criação de galinhas produz o adubo e mantém a terra mais produtiva.

Quem já conhecia o ofício atua como um multiplicador do conhecimento para os demais. O interno G.C.O diz que mexer com a terra tem sido uma boa experiência e que pretende abraçar essa oportunidade de mudança. “Temos dado nosso melhor na produção. É uma chance de ajudar nossas famílias e ainda diminuir o tempo da pena. Faz a gente se sentir útil e isso é muito satisfatório”, afirma G.C.O.

L.R.J. trabalha no projeto desde o início. A experiência com a terra faz dele um orientador e multiplicador do trabalho junto aos outros detentos. “Enquanto estou na horta me considero um trabalhador e não um preso. Sinto que assim posso ganhar a confiança da sociedade. Aprendo coisas novas e também ajudo meus companheiros”, diz L.R.J.

Toda quarta-feira, kits com produtos colhidos na horta são entregues às famílias dos detentos. Até uma banca foi montada na entrada da administração da unidade para a entrega da feira. A tarefa também é realizada pelos detentos que trabalham no projeto.

“Penso que o trabalho é um dos melhores meios de reinserção do apenado. Ele traz dignidade, autoestima e sentimento de pertença. Por isso, aproveitamos a área do complexo do Xuri para o cultivo. Porque ao entregar o produto daquilo que eles plantam para suas famílias, todas as características positivas do trabalho para a reinserção do apenado se evidenciam”, afirma o diretor da unidade, José Franco Moraes Junior.

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