24/01/2020 14h37

Dia Mundial contra a Hanseníase: saiba os mitos que ainda cercam a doença

O último domingo de janeiro (26), marca o Dia Mundial contra a Hanseníase. Oficializado pelo Ministério da Saúde como Janeiro Roxo, o mês é voltado à conscientização e alertas para a importância do diagnóstico precoce, tratamento e ações de controle da doença.

Considerada uma das doenças mais antigas da humanidade a hanseníase carregou por muitos anos o preconceito pelo seu poder de incapacidade e deformidades físicas. É uma doença que tem tratamento e que ainda no século XXI está rodeada de mitos. Entre eles estão, segundo a referência técnica do Programa Estadual de Hanseníase, Alexandra Mello, as deformidades causadas como sequelas da doença.

“Durante muitos anos, os pacientes com hanseníase eram isolados como forma de tratamento, por meio da política de isolamento compulsório. Ainda hoje, o desconhecimento e o preconceito para com a doença existem e o medo das sequelas também”, explica a profissional. Ela lembra que, quanto antes o paciente fizer o diagnóstico e iniciar o tratamento, maiores são as chances de não existirem sequelas.

Além disso, o Espírito Santo sinaliza, desde 2003, a manutenção de alto percentual de cura dos casos da doença. A meta estabelecida pelo Ministério da Saúde é de 90% ou mais dos pacientes que iniciaram o tratamento e o concluíram de forma correta.

Outra questão é sobre a transmissão da hanseníase. “Os pacientes precisam se dirigir aos serviços especializados e seguir as orientações médicas e de toda equipe de saúde para que se obtenham os melhores resultados de tratamento e controle da doença”, informou Alexandra Mello.


Hanseníase tem cura

A hanseníase é uma doença infectocontagiosa de evolução prolongada que ataca a pele e os nervos periféricos do corpo humano. É contagiosa, porém de baixa infectividade e que tem cura. O tratamento da hanseníase é eficaz e disponibilizado gratuitamente em Unidades Básicas de Saúde do município de residência do paciente. Seguindo o tratamento corretamente, o paciente recebe alta por cura.

A população precisa ficar atenta aos possíveis sintomas da doença como áreas na pele com manchas e/ou dormências, falta de sensibilidade tátil, térmica ou dolorosa. “Quanto mais cedo o paciente identificar essas alterações de sensibilidade na pele e procurar o serviço para ser feito o diagnóstico, menos sequelas da doença, em caso de confirmação, ele vai ter”, informou a referência técnica estadual.

Segundo o Ministério da Saúde, o diagnóstico precoce, o tratamento oportuno e a investigação de contatos que convivem ou conviveram, residem ou residiram, de forma prolongada, com caso novo diagnosticado de hanseníase são as principais formas de prevenção.


Hanseníase no Espírito Santo

Dados do Programa Estadual de Hanseníase apontam que o Espírito Santo diagnosticou, em 2019, cerca de 482 novos casos de hanseníase – dados preliminares. Em 2018, foram 467 novos casos. Mesmo com a intensificação de descoberta de novos casos, os dados de 2019 se mantêm nos mesmos patamares que no ano anterior.

Ao longo do ano, foram realizadas estratégias pelo Estado, juntamente aos municípios, para o enfrentamento da doença, assim como a busca ativa para a descoberta e diagnóstico precoce de novos casos, a capacitação de profissionais e o acompanhamento adequado para a cura dos casos confirmados.

Além disso, em 2019, o Espírito Santo recebeu, em parceria com Ministério da Saúde, o NOVARTIS Brasil e ONG DAHW Brasil, o projeto “Carreta da Saúde – Hanseníase”.

A carreta atendeu a 33 municípios capixabas ao longo dos meses de outubro e dezembro, realizando mais de 2.100 atendimentos com outros 72 casos confirmados da doença e a capacitação de 570 profissionais da Atenção Primária. “Foi um sucesso. Os resultados que alcançamos se deram à mobilização ocorrida para a organização e divulgação das ações nos municípios. Tivemos a participação efetiva dos profissionais da saúde e das referências técnicas municipais durante todo o processo”, afirmou Alexandra Mello.


Hospital Estadual Pedro Fontes (Colônia Pedro Fontes)

O Hospital Estadual Pedro Fontes (HPF) deu início aos trabalhos em 11 de abril de 1937, no bairro que hoje é conhecido por Pica-Pau, na zona rural de Cariacica. A unidade foi por anos referência em tratamento da hanseníase no Estado.

Fundado pelo Dr. Pedro Fontes – daí a referência ao nome – que à época era diretor do Serviço de Lepra no Estado do Espírito Santo, o espaço tinha por objetivo deter a expansão da endemia e solucionar definitivamente a questão de sua prevenção.

Durante muitos anos, os portadores de hanseníase foram submetidos à internação compulsória. Mas, com o avanço do conhecimento científico, esse procedimento foi suspenso. Já na década de 1970, o Hospital Estadual Pedro Fontes passou a não receber mais pacientes para internações compulsórias.

O hospital passou a tratar pacientes remanescentes do isolamento, que permaneceram sob os cuidados do Estado. Muitos deles, deixados pelos familiares, encontraram ali o lugar para chamar de lar, onde constituíram as suas próprias famílias.


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