27/08/2020 18h34

Dia Nacional do Psicólogo: profissionais essenciais diante do novo cenário da pandemia

Nesta quinta-feira (27) é comemorado o Dia Nacional do Psicólogo. Atualmente, com a pandemia do novo Coronavírus, a importância desses profissionais ficou ainda mais evidente. São profissionais que ajudam a enfrentar as incertezas, inseguranças e os momentos de tristezas. 

E dentro das unidades hospitalares, em especial às de referências ao combate à Covid-19, a presença e o trabalho dos psicólogos ajudaram a trazer mais conforto e tornar o ambiente mais acolhedor.

 

Palco de muitas emoções

“Curar quando possível; aliviar quando necessário; consolar sempre”. A famosa frase proferida por Hipócrates, considerado o Pai da Medicina, é levada muito a sério no Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves. No papel de consoladores estão os psicólogos. 

Referência para o atendimento de pacientes durante a pandemia do novo Coronavírus e também para o tratamento de queimados e gestantes de alto risco, o Hospital Dr. Jayme Neves reúne histórias de superação, mas também de perdas. 

Justamente por ser palco de tantas emoções é que a coordenadora da equipe Multidisciplinar, Fabiana Colares, ressaltou a importância dos psicólogos durante a pandemia. Além de trabalhar os efeitos do isolamento entre familiares e pacientes, os psicólogos também desenvolveram novos projetos para tornar o ambiente mais acolhedor e ajudar no processo de enfrentamento do luto. Um exemplo é a leitura de cartas dos familiares para os pacientes, o “Amor em Palavras”. 

“Sem dúvida foram, e continuam sendo, profissionais fundamentais para o enfrentamento da pandemia, uma vez que eles apoiam tanto os pacientes isolados no hospital como as famílias. São imprescindíveis no momento em que as notícias não são boas e também foram responsáveis por criar diversos projetos de apoio para humanizar e tornar possível o contato entre o paciente e a família. Não tenho palavras para agradecer o trabalho da equipe que, mesmo antes da Covid-19, já era essencial para o funcionamento de diversos setores do hospital”, destacou Fabiana Colares.

 

Cuidado com os profissionais da saúde

A importância dos psicólogos ficou evidente com toda a carga emocional que a pandemia do novo Coronavírus trouxe para a população. E, apesar de não ser uma das unidades de referência para o tratamento da doença, o Hospital Estadual Central – Benício Tavares Pereira (HEC) precisou se adaptar a essa nova realidade.

O cuidado também se fez importante aos profissionais da saúde. A pandemia também trouxe um novo cenário em relação à saúde mental. No HEC, o setor de Recursos Humanos, onde trabalha a psicóloga Gisele Gomes, acolheu os colaboradores que buscaram ajuda.

“Apesar da experiência em clínica já há algum tempo, este momento atual dentro do hospital, diante de um cenário inicialmente desconhecido, com medos, angústias e incertezas, me exigiu muito mais coragem, serenidade, além de uma entrega diária. Houve, então, a necessidade de estabelecer com nossos colaboradores uma relação de troca mais humanizada, acolhedora e sincera, porque também compartilhei alguns de seus sentimentos”, concluiu Gisele Gomes.

 

Suporte emocional e acolhimento

Atuar como facilitador diante do processo de recuperação ou do luto pela perda de um familiar requer, em um primeiro momento, uma prática segura e acolhedora do profissional.

No Hospital Estadual de Urgência e Emergência (HEUE), unidade gerenciada pela Pró-Saúde em Vitória, o acesso da Psicologia Clínica aos pacientes acontece por meio das visitas multidisciplinares, realizadas diariamente. São nesses encontros que os profissionais compartilham experiências e percepções sobre o andamento do tratamento do paciente e, consequentemente, planejam ações que irão direcionar a programação terapêutica.

“O trabalho da Psicologia tem como objetivo oferecer suporte emocional, acolhendo o paciente, bem como sua família, em sofrimento psíquico, decorrente de suas patologias e internações. A proposta é promover adesão ao tratamento e, consequentemente, desencadear saúde mental aos envolvidos, como forma de potencializar as possibilidades de autocuidado e melhora”, disse Priscila Saiter Assis, psicóloga clínica do HEUE.

O Hospital Estadual de Urgência e Emergência é referência regional em atendimento de traumas. Os pacientes atendidos na unidade, em muitos casos, são submetidos a cirurgias mais complexas, com um tempo mais prolongado de internação. “Esses pacientes costumam ficar mais fragilizados pelo período logo de internação e é justamente nessa hora que atuamos, para dar suporte psicológico para os pacientes e suas famílias", explicou a profissional.

Priscila Saiter ainda ressaltou que a atuação do psicólogo hospitalar “promove mudanças, atividades curativas e de prevenção, diminui o sofrimento que a hospitalização e a doença causam às pessoas”. Nesse processo, o profissional também atua como facilitador diante de diversas situações que, num primeiro momento, podem ser difíceis para ele entender ou aceitar.

“Disponibilizar ferramentas para que a pessoa possa entender o que a faz sofrer e minimize sua dor”, destaca profissional do Himaba

Durante a pandemia do novo Coronavírus, a psicóloga Tatiana Vieira Oliveira, do Hospital Estadual Infantil e Maternidade Dr. Alzir Bernardino Alves (Himaba), em Vila Velha, administrado pelo Instituto Gnosis, identificou que alguns pacientes e acompanhantes têm apresentado quadro de ansiedade mais acentuado.

Em um dos atendimentos de rotina, no último mês, um caso a chamou atenção: uma mãe cuja ansiedade desencadeou um processo de agressividade.

“Ao isolar dois pacientes no quarto, uma das acompanhantes mostrou muita agressividade por conta do isolamento. Ela se sentia preterida, já que a entrada no quarto era mais controlada e rigorosa”, contou a psicóloga.

E continua: “Em um primeiro momento tivemos que esclarecer que se tratava de procedimento comum, mas durante sua fala, identificamos que a ansiedade vinha do medo de perder o filho, que é deficiente. Conseguimos, com muita conversa e atenção, que ela se abrisse sobre o que sentia e aos poucos a agressividade foi diminuindo”, explicou Tatiana Vieira.

Segundo a profissional, a equipe realizou um acompanhamento sistemático para dar mais apoio e a mãe passou a apresentar um comportamento diferente, “bem mais tranquila”, e concluiu: “É gratificante presenciar isso. Me sinto realizada ao disponibilizar ferramentas para que a pessoa possa entender o que a faz sofrer e minimize sua dor”, afirmou.

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