Nesta quinta-feira (19), foi inaugurada a duplicação e reforma do Centro de Hemoterapia e Hematologia do Espírito Santo (Hemoes), administrado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). Com as melhorias, que demandaram investimentos de R$ 1,6 milhão dos governos Federal e Estadual, será possível aumentar as doações de sangue e o cadastramento de medula óssea. Os atendimentos a pacientes com doenças sanguíneas também serão maiores porque haverá uma área específica para este tipo de assistência.

Mais de 200 pessoas acompanharam a solenidade, que contou com a apresentação da Banda da Polícia Militar, entre elas, a diretora-geral do Hemoes, Patrícia Chalhub Pelúzio, o diretor técnico, Volmar Belisário Filho, o diretor administrativo, Jorge Encarnação, a coordenadora da Política de Sangue do Ministério da Saúde, Denise Beckel, o reitor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Rubens Rasseli, familiares do médico Marcos Daniel Santos, homenageado no evento, subsecretários da Sesa e secretários municipais de Saúde.

Volmar Belisário Filho representou o Hemocentro e em seu discurso lembrou que as obras e aquisição de equipamentos são frutos de uma parceria entre os governos Federal e Estadual e revelou que, embora com pouco tempo de existência, o Hemoes tem se destacado. “O Hemoes talvez seja o Hemocentro Estadual mais novo da Federação, mas muito se avançou. Atualmente, temos uma média mensal de coleta de sangue que varia de 4 mil a 4,5 mil por mês na hemorrede.”

Para a representante do MS, Denise Beckel, esta quinta (19) é um dia histórico. “Para nós do Ministério da Saúde é uma grande satisfação estar aqui, é um momento histórico. É uma mostra que é possível unir vontade política para oferecer serviço de hemoterapia de qualidade. Desde 2008 temos trabalhado para qualificar os gestores da área nos estados. Em 2003 estivemos aqui, quando a cobertura do sangue nos leitos SUS era de 40%. Hoje a cobertura passou para 65%”, disse.

Emocionado, Marcos Daniel de Deus Santos, filho do médico Marcos Daniel Santos, cujo nome passará a ser adotado pelo Hemoes, falou em nome da família. “Quem teve a oportunidade de conviver com o meu pai, percebeu que era uma pessoa maravilhosa. Estou muito emocionado, feliz e com muitas saudades. Se ele estivesse aqui, também estaria feliz”. A viúva, Valéria de Deus Santos, recebeu um arranjo de flores do governador como forma de homenagem.

O secretário da Saúde, Anselmo Tozi, convidou os presentes a doar sangue. “Fizemos uma doação de sangue para estimular este gesto de solidariedade. Vocês também podem doar depois do evento”, pediu. Tozi falou ainda sobre o médico Marcos Daniel Santos. “Era uma pessoa digna de respeito. Trabalhei com ele na Santa Casa de Misericórdia, sempre prestava atendimentos de forma humanizada. Quando surgiu a oportunidade, não tivemos nenhuma dúvida em dar o nome dele ao Hemoes”. 

Tozi adiantou, ainda, uma novidade. De acordo com ele, a Sesa está adquirindo um equipamento - que até então não existe na rede de saúde pública - que vai auxiliar no diagnóstico da Doença Falciforme. Com isso, será possível não só detectar de modo totalmente automatizado a doença no sangue, mas também quantificar as hemoglobinas mutantes.

“Antes das melhorias, o antigo prédio do Hemoes concentrava as ações de doação de sangue, cadastramento de medula e as consultas a pacientes e o setor administrativo. Com a duplicação, foi possível passar todo o setor de assistência ao paciente para o novo prédio (com 1.000 metros quadrados) e a área administrativa. No prédio reformado, só ficará a parte de doação. Nossa intenção é trazer mais conforto ao usuário e mais qualidade aos serviços”, concluiu Tozi.

Exemplo

O governador Paulo Hartung lembrou que visitou as obras do Hemoes há poucos meses e afirmou que era com muita felicidade que via a instituição reestruturada e em condições de prestar um serviço de qualidade à sociedade capixaba. Hartung ressaltou a importância do Hemoes e disse que o trabalho desenvolvido pela instituição estimula o comprometimento das pessoas com seus semelhantes.

“Doar sangue e contribuir para a continuidade da vida do próximo é um ato de extrema grandeza. Vivemos em uma época de muitas contradições. Ao mesmo tempo em que temos obtido avanços extraordinários no campo da tecnologia e do conhecimento, vemos alguns retrocessos brutais no campo dos valores éticos e morais. O individualismo, a angústia, o vazio e tantas outras mazelas presentes na sociedade contemporânea geram subprodutos graves como a violência e o uso indiscriminado de drogas legais e ilegais. O trabalho dessa instituição é uma força positiva e um exemplo a estimular a solidariedade e o espírito de voluntariado em cada um de nós”, registrou.

O governador frisou, ainda, que a política de saúde do Governo está estruturada e é voltada para diversas frentes de trabalho. “Estamos estruturando o atendimento primário, fortalecendo as parcerias com a rede filantrópica, em um modelo que não existe no País, e reestruturando toda a nossa rede estadual. Sabemos que saúde pública não se faz apenas com bons prédios e bons equipamentos. O ser humano tem um papel decisivo na contraprestação desses serviços, e por isso também há todo um investimento na qualificação desses profissionais”, afirmou.

Duplicação

O primeiro andar do novo prédio será exclusivamente voltado à assistência a portadores de enfermidades como hemofilia, Doença Falciforme e leucemia. Além de mais comodidade aos pacientes, que terão um espaço reservado, a capacidade de atendimento será maior, pois haverá mais dois consultórios médicos, totalizando quatro. Atualmente, a média de atendimentos mensal varia de 500 a 550.

Além de recepção ampla, o prédio duplicado contará com uma sala de espera destinada a quem precisa de transfusão de sangue. O ambulatório de transfusão também terá a capacidade de atendimento triplicada, com nove lugares. O novo prédio ainda disponibilizará consultório odontológico (específico para hemofílicos), sala de enfermagem e fisioterapia.

A nova farmácia foi readequada e contará mais espaço para armazenamento de remédios. Como retorno, os pacientes hemofílicos que fazem uso dos medicamentos para coagulação sanguínea (os chamados fatores de coagulação), poderão obter mais doses domiciliares (cada dose pode chegar a R$ 1 mil).

Reforma

A reforma do prédio antigo permitiu a criação de uma recepção mais ampla, com triagem, a fim de diferenciar o doador voluntário e o de reposição, diminuindo o tempo médio de espera de duas horas para quarenta minutos. A capacidade de coleta de sangue também será quase o dobro, pois sete pessoas poderão doar ao mesmo tempo.

Os voluntários ganharão um espaço mais cômodo, com a criação de uma novidade, a sala de pré-lanche. Quem for doar, passará pelo local para consumir alimentos sem gordura e com grande teor de açúcar. Após a doação, o doador terá acesso à sala de pós-lanche. Além disso, foi criada uma sala de doação por aférese (para obtenção de componentes sanguíneos, como plaquetas), onde será possível realizar duas vezes mais procedimentos.

Novo nome

O evento de inauguração marcará também a mudança na denominação do Hemoes, que passará a adotar o nome de Centro de Hemoterapia e Hematologia Dr. Marcos Daniel Santos. Trata-se de uma homenagem ao primeiro hematologista (especialista na área do sangue e suas doenças) do Espírito Santo.

Marcos Daniel Santos detinha títulos de especialista em Hemoterapia, Hematologia e Patologia Clínica e também foi professor na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e da Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória (Emescam).

Como foi pioneiro, teve a responsabilidade de atender em grande número - e sempre com bom humor -, pacientes portadores de doenças do sangue (como anemia falciforme, hemofilia, leucemia, linfoma). Embora com problemas de locomoção, compareceu à inauguração do Hemoes, em abril do ano 2000. Santos faleceu em 2006.

Serviços oferecidos pelo Hemoes

- Atendimento à Doença Falciforme e hemofilia

- Consultas de hematologia

- Transfusão ambulatorial

- Infusão de Medicamentos específicos

- Doação voluntária e de reposição

- Cadastramento de medula óssea

- Orientação técnico-científica para acadêmicos da área da saúde

- Palestras para captação de sangue e hemoderivados e de medula óssea

- Atendimento aos hospitais conveniados ao SUS

- Serviço de orientação e apoio ao doador fidelizado;

- Serviço de coleta externa em todo o Estado

- Serviço de aférese

Saiba mais

Doação de sangue

Para doar sangue é preciso ter entre 18 e 65 anos, pesar mais de 50 quilos e ter boa saúde, estar bem alimentado e apresentar um documento de identidade com foto.

Caso o doador tenha almoçado, o procedimento deve ser feito após três horas. E se o voluntário for um doador frequente, ele não pode deixar de obedecer ao intervalo para doação, que deve ser de dois em dois meses para homens e de três em três meses para mulheres.

Doação por aférese

A doação por aférese é um procedimento por meio do qual são coletados separadamente elementos que compõem o sangue como hemáceas, plasma ou plaquetas.

Se esses elementos sanguíneos fossem captados por meio de uma doação de sangue habitual, seriam necessárias sete bolsas de sangue total para atender uma pessoa com 70 quilos que precisasse de uma bolsa de aférese de plaquetas.  O tempo médio de doação é de 90 minutos.

Os critérios para se tornar um doador por aférese são os mesmos usados nas doações de sangue.

Cadastramento de medula óssea

A medula óssea é um tecido líquido que fica na parte interna dos ossos, responsável pela produção de células sanguíneas. Quem sofre de doenças como leucemia pode precisar do transplante do tecido.

Para a realização do cadastro de medula óssea basta preencher uma ficha com dados pessoais e autorizar a coleta de até 10ml de sangue. Qualquer pessoa que esteja bem de saúde e tenha entre 18 e 55 anos pode participar.

Visitas externas

As visitas externas são ocasiões em que o Hemocentro da Sesa vai a alguma localidade para coletar sangue ou cadastrar medula óssea. São realizadas durante o ano todo e podem ser agendadas por entidades por meio do telefone (27) 3137-2458.

Hemofilia

A hemofilia é uma alteração genética e hereditária no sangue, caracterizada por um defeito na coagulação sanguínea. O sangue é composto por várias substâncias, e cada uma delas tem sua função. Um desses compostos são as proteínas chamadas Fatores de Coagulação, que ajudam a estancar as hemorragias. Atualmente, os hemonúcleos da Secretaria da Saúde tratam uma média de 400 pessoas com distúrbios na coagulação do sangue, a maioria hemofílica.

Doença Falciforme

É uma doença crônica hereditária, muito frequente no Brasil, que gera alteração na hemoglobina (um componente do glóbulo vermelho responsável por carregar o oxigênio). Caracteriza-se por um quadro de palidez (anemia), pele amarela e crise de dor.

Horário de funcionamento

O Centro de Hemoterapia e Hematologia Dr. Marcos Daniel Santos funciona de segunda a sexta-feira, das 07 às 17 horas e aos sábados, das 07 às 15h30. O Hemoes fica na Avenida Marechal Campos, 1.468, Maruípe, Vitória (ao lado do Hospital das Clínicas).

Onde doar sangue

- Unidade de Coleta à Distância de Serra - Tel. (27) 3338-7880 - Avenida Eudes Scherrer Souza, s/n (anexo ao Hospital Dório Silva)

- Hemocentro de Linhares - (27) 3171-4361/4363/4362 - Avenida João Felipe Calmon, 1.305, Centro (ao Lado do Hospital Rio Doce)

- Hemocentro Regional de Colatina - (27) 3177-7930 - Rua Cassiano Castelo, s/n, Centro

- Hemocentro Regional de São Mateus - (27) 3767-4135 - Rodovia Otovarino Duarte Santos, Km 02, Parque Washington