Recomeço. Essa palavra marcou a cerimônia de conclusão de curso de 65 internos do sistema prisional do Espírito Santo, realizada na manhã desta terça-feira (13), na sede da Secretaria de Estado da Justiça, em Vitória. A formatura reuniu internos da Penitenciária Agrícola (PAES) e do Instituto de Readaptação Social (IRS) que frequentaram o Centro de Formação Profissional (Cefop) durante o primeiro semestre.

O projeto, realizado pela Diretoria de Ressocialização do Sistema Penal (Diresp) em parceria com o Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), ensina aos internos as profissões de bombeiro hidrosanitário, gesseiro, soldador, eletricista básico e pintor. Criado em dezembro de 2008, o Cefop tem capacidade para receber até 120 alunos diariamente.

Cerimônia

A cerimônia teve início às 10 horas com a execução do Hino Nacional, acompanhada de um slide com imagens dos internos em sala aula. A combinação emocionou o coordenador pedagógico do Senai, Giovani Gujansky, o primeiro a discursar no evento. “Nosso Hino tem um trecho que diz: ‘verás que um filho teu não foge à luta’. É isso que devem fazer, enfrentar a batalha diária da vida, conseguir um emprego, lutar pelo trabalho”, aconselhou.

O diretor geral do Ifes em Vitória, Jadir José Pela, fez questão de ressaltar a credibilidade das instituições responsáveis pelo Cefop. “Hoje vocês não saem daqui com um certificado qualquer, mas de duas escolas reconhecidas mundialmente. Agora podem chegar a qualquer lugar e exibir com orgulho um diploma, dizer: ‘eu sou um profissional’”, enfatizou.

Na mesma linha de discurso, a diretora de Ressocialização do Sistema Penal, Quésia da Cunha Oliveira, apresentou aos internos a estrutura por trás do projeto. “Há uma grande equipe trabalhando para que vocês sejam reinseridos no mercado de trabalho. Todos aqui presentes têm uma parcela de contribuição. Nada do que está sendo oferecido foi fácil, então valorizem essa oportunidade”, alertou a diretora.

“Tudo que vem fácil, também vai fácil. Pensem nisso antes de trocar tudo que aprenderam aqui pelo dinheiro fácil. Saibam resistir e lutar bravamente dentro do mercado de trabalho. Muitas portas estarão fechadas, mas outras se abrirão para os que tiverem persistência e competência. O curso foi apenas o ponto de partida da caminhada que farão”, discursou Quésia.

Emoção

Muito saudado pelos alunos, o professor do Senai para o curso de solda, Sebastião Nunes, agradeceu a experiência adquirida. “É a terceira turma que dou aula, mas continuo aprendendo. A sensação de estar ajudando, oferecendo ferramentas para alguém que vai recomeçar a vida, é sem igual”, descreveu emocionado o professor.

Escolhido pelos companheiros como orador da turma, o aluno Carlos César Martins contou ter colhido rapidamente os frutos da educação. “Graças a Deus consegui um emprego como soldador logo que saí da Penitenciária Agrícola. Foi mais uma batalha que venci na vida, mas quero mais. Vou aproveitar essa chance para dar alegria e uma condição melhor para minha família. Todos nós erramos, mas agora podemos escolher o caminho certo”, prometeu.

A dona de casa Marly Nascimento Carvalho, mãe de um dos formandos, se emocionou com o diploma do filho em mãos. “Pedi a muito a Deus que, ao sair de lá, meu filho estivesse mudado. Nem sei como agradecer. É ótimo ver que agora ele tem uma nova chance, uma oportunidade que Deus deu para recomeçar a vida e trabalhar”, descreveu.