Espírito Santo apresenta nova metodologia para previsão da safra de café
Com o objetivo de mensurar com maior certeza e confiabilidade a área, a produção e a produtividade da cafeicultura do Brasil, a partir de 2011 serão utilizadas novas bases metodológicas para a previsão da safra de café em todos os Estados produtores da fruta. O ponta pé inicial para disseminação da nova técnica foi dado no Espírito Santo, com a realização do workshop “Nova metodologia para previsão da safra de café'.
O evento foi promovido pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), em parceria com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no Centro de Comércio de Café de Vitória, nesta terça-feira (24).
Estiverem presentes todos os representantes da cadeia produtiva do café no Estado e diversas autoridades, entre elas o secretário Estadual de Agricultura, Enio Bergoli, o presidente do Incaper, Evair Vieira de Melo, o superintendente de Informações do Agronegócio da Conab de Brasília, Airton Camargo, o superintendente da Conab no Espírito Santo, Brício Alves Junior, o superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Neusedino Vitor de Assis, o gerente de agronegócios do Banco do Brasil, Volgano Rocha, o diretor da Real Café, Sérgio Tristão e o presidente da Cooabriel, Antônio Joaquim de Souza Neto.
“O Brasil é o principal produtor mundial de café. As informações sobre a safra brasileira interferem diretamente nas oscilações de mercado, o que afeta produtores e comerciantes. Por isso, é fundamental promover a confiabilidade das informações sobre a cafeicultura nacional, com o intuito de evitar ataques especulativos”, afirma o secretário de Agriculltura, Enio Bergoli.
Segundo ele, o Espírito Santo, mais que os demais Estados brasileiros, depende da cafeicultura para geração de renda no meio rural. “No Espírito Santo, quase todos os municípios produzem café e cerca de 40% da renda agrícola vem da atividade, enquanto em outros Estados, isso gira em torno de 3%. Por isso a importância da previsão de safra em nosso Estado. Estamos dando mais um passo em prol da cafeicultura capixaba”, afirma Bergoli.
O presidente do Incaper, Evair de Melo, afirma que serão utilizados métodos estatísticos e bases amostrais mais modernos, que levarão a uma previsão de safra mais próxima da realidade e também mais rica em informações. “É importante a atualização das bases amostrais, devido ao grande desenvolvimento tecnológico observado no Estado. Municípios como Vila Valério, Jaguaré e Governador Lindenberg aumentaram muito a produção e produtividade nos últimos anos, e, por isso, com a atualização da metodologia de mensuração de safra, esses locais terão maior peso amostral”, comenta Evair.
Além disso, o presidente ressaltou o incremento de informações por meio da utilização de imagens via satélite para mensuração da agricultura estadual a partir da próxima safra.
Airton Camargo |
O superintendente de Informações do agronegócio da Conab de Brasília, Airton Camargo, explica que uma grande novidade é que a partir de agora a metodologia para mensuração de safra será unificada em todo o Brasil. “Até hoje cada Estado utilizava seus critérios. Além disso, eram utilizadas amostras antigas, e, muitas vezes, produtores visitados não atuavam mais tão ativamente na cafeicultura. Esperamos que as novas amostras possam ser renovadas a cada ano e não vamos descansar enquanto não produzirmos informações que condizam com a realidade”, afirma.
Sérgio Tristão |
O diretor da Real Café, Sérgio Tristão, falou em nome da indústria e elogiou o trabalho do Incaper, ressaltando a importância da precisão na mensuração da safa de café. “Se não houver um mapeamento bem feito de produção e área é muito difícil fazer uma previsão de safra. É muito importante ter à disposição informações precisas, e tenho certeza que essa ação do Incaper facilitará muito nosso trabalho”, afirma.
O presidente da Cooabriel, Antônio Joaquim de Souza Neto, também comemorou os avanços em nome dos produtores. “O mercado de café é muito especulativo e qualquer informação que se dê interfere no preço, o que acaba sempre afetando os agricultores. Acredito que com uma informação mais precisa sobre a safra não haverá mais grandes oscilações de mercado devido ao aumento da confiabilidade”, afirma.
Bases Metodológicas
A coleta de dados é realizada em 1% dos estabelecimentos que produzem café. No Espírito Santo isso representa um total de 608 amostras, sendo 330 propriedades de Conilon e 276 de arábica, que representam toda a cafeicultura capixaba. Para defini-las, foram levados em consideração 80 estratos diferentes, ou seja, 80 situações distintas, como tamanho da propriedade, nível tecnológico empregado, quantidade produzida, produtividade, tamanho da família, entre outros fatores.
Romário Ferrão |
Segundo o coordenador do programa estadual de cafeicultura e pesquisador do Incaper, Romário Ferrão, além da nova metodologia ter maior rigor científico, o novo questionário aplicado aos produtores será mais completo e trará informações que permitirão uma melhor panorâmica da situação da cafeicultura estadual. Ele aborda - além da área plantada, produção e produtividade - outros fatores que afetam a produção, como problemas de seca, doenças, preço, uso de tecnologias, entre outros dados. “Será possível, por exemplo, mensurar a área irrigada no Estado”, afirma.
Para o pesquisador, é possível que a nova metodologia traga algum resultado diferente do atual quanto ao panorama da cafeicultura nacional, o que só poderá ser confirmado após a aplicação da nova técnica.
Cafeicultura no Espírito Santo
O Espírito Santo ocupa menos de 0,5% do território Brasileiro. Nessa pequena área, está inserida uma das mais imponentes cafeiculturas do mundo, numa área aproximada de 500 mil hectares, que são responsáveis pela produção anual de 11,8 milhões de sacas, oriundas de 60 mil propriedades (das 90 mil existentes). Essa produção coloca o Espírito Santo como o segundo maior produtor do Brasil, com 25% da produção nacional. Quando trata-se apenas do Conilon, o Estado fica em primeiro lugar, com 70% da produção nacional. Se fosse um país, o estado seria o terceiro maior produtor mundial, perderia pelo próprio Brasil e Vietnã.
Assim o agronegócio café é uma das principais atividades na geração de renda e empregos. Ele esta presente em todos os municípios, exceto Vitória, sendo o maior empregador capixaba. É a principal atividade em 80% dos municípios e representa, sozinho, 43% do PIB agrícola do Estado. A cadeia é a maior empregadora por intermédio da geração de aproximadamente 400 mil postos de trabalhos por ano. Só no setor de produção são envolvidas 131 mil famílias. A produção que gera esse grande negócio é obtida prioritariamente por produtores de base familiar.
No Espírito Santo, 75% da produção são de café Conilon e 25% de arábica. O café Conilon é plantado em 64 municípios, em regiões quentes, em altitudes inferiores a 500 metros. Os maiores produtores são Vila Valério, Jaguaré, Sooretama, Linhares, Rio Bananal, São Mateus, Nova Venécia, Pinheiros São Gabriel da Palha, e a produção de cada município é superior a 400 mil sacas por ano. Muitos cafeicultores alcançam rendimentos superiores a 100 sacas beneficiadas/ha, enquanto, que a média do Estado é de 26 sacas/ha.
O café arábica é plantado em 49 municípios, em regiões frias, em altitudes superiores a 500 metros. Os maiores produtores são Brejetuba, Iúna, Vargem Alta, Ibatiba, Afonso Cláudio, Irupi, Muniz Freire, e a produção de cada município é superior a 120 mil sacas por ano. Muitos cafeicultores desses locais alcançam rendimentos superiores a 40 sacas beneficiadas/ha, enquanto, que a produtividade média é de 16 sacas/ha.
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