22/09/2010 12h37 - Atualizado em 21/01/2019 16h18

Espírito Santo ganha guia para produção de tomates de qualidade

Mais de 600 pessoas, entre agricultores, técnicos, pesquisadores e estudantes, se reuniram na noite desta terça-feira (21), no Clube Recreativo de Venda Nova do Imigrante (Creven), a fim de conhecer a mais nova obra que pretende contribuir para o desenvolvimento da agricultura capixaba: o livro 'Tomate'. Desenvolvido pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura, Aquicultura, Abastecimento e Pesca (Seag), a publicação reúne as principais tecnologias de produção, colheita e pós-colheita do tomate, tendo como base a realidade climática e sócio-econômica do Espírito Santo.


Participaram da cerimônia de lançamento diversas autoridades, entre elas o superintendente federal de Agricultura, José Arnaldo Alencar; o secretário de Estado da Agricultura, Enio Bergoli; os diretores-presidentes do Incaper, Evair Vieira de Melo, do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf), Aladim Fernando Cerqueira, e da Central de Abastecimento do Espírito Santo (Ceasa), Luiz Carlos Prezote; o superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Neusedino Vitor de Assis; e o representante do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes), Paulo Cesar Dias, além de prefeitos e secretários de Agricultura de diversos municípios capixabas.


Durante a cerimônia, Evair Melo falou sobre a importância da integração entre pesquisa e assistência técnica, principalmente quando os resultados efetivamente chegam até o produtor. “Esse livro atesta a responsabilidade do Incaper, que é levar ao agricultor informações que levem ao desenvolvimento da atividade rural. A obra preenche mais uma lacuna na demanda de referências para a melhoria do padrão tecnológico da agricultura capixaba”, afirma.

Segundo ele, a obra tem como foco a produção de frutos de qualidade, que atendam aos requisitos dos mercados mais exigentes, e que ao mesmo tempo sejam cultivados de forma sustentável, com respeito ao meio ambiente e ao trabalhador rural.

Dando prosseguimento à solenidade, Enio Bergoli ministrou uma palestra sobre as tendências do setor agropecuário capixaba e lembrou a importância sócio-econômica do tomate. De acordo com o secretário, a hortaliça é o 4° produto em geração de renda no Espírito Santo, movimentando aproximadamente R$ 100 milhões, ficando atrás apenas do café, da pecuária e do mamão.



Bergoli lembrou ainda que existem atualmente algumas tendências de mercado, como o aumento da demanda por qualidade, rastreabilidade, saúde, respeito ao meio ambiente e por produtos agroecológicos. Dessa forma, os produtores rurais devem se adequar a este novo panorama, sendo o livro um guia para utilização das boas práticas agrícolas.

O livro

O livro foi apresentado ao público pelo pesquisador do Incaper José Mauro de Souza Balbino, que lembrou a missão do Incaper: “Contribuir para o desenvolvimento rural sustentável do Espírito Santo”, o que significa promover modificações e melhorias. “Dentro desta perspectiva é que o Incaper lança o livro 'Tomate'”, afirmou.


Para a elaboração do livro, o Instituto adotou como estratégia congregar especialistas das principais áreas ligadas à cultura do tomate, buscando organizar em uma obra as experiências e conhecimentos técnico-científicos mais relevantes gerados com a tomaticultura no Espírito Santo, após décadas de trabalhos dos pesquisadores do Incaper junto aos agricultores.

Aliado aos resultados de pesquisas locais, também participam da obra diversos pesquisadores do Brasil, conhecedores do perfil dos agricultores e da realidade de produção capixaba. Elaborado por 25 autores e revisado por 24 especialistas, com 11 Instituições participantes, o livro 'Tomate' configura-se como uma referência para a sustentabilidade econômica, social e ambiental da cultura.



Em 14 capítulos e 426 páginas, os técnicos e tomaticultores do Estado poderão encontrar as mais modernas tecnologias de produção, colheita e pós-colheita do tomate, tendo como foco a construção de uma cultura produtiva que ao mesmo tempo contribui para a conservação do meio ambiente. O intuito é a obtenção de frutos diferenciados, que atendam aos requisitos dos mercados mais exigentes em termos de padrão de qualidade e segurança do alimento.

Tomaticultura capixaba

O Espírito Santo é autossuficiente na produção da maioria das hortaliças nele consumidas, com excedentes exportáveis, sendo o tomate, em termos econômicos e sociais, a olerícola mais importante do Estado. A cultura está presente em todo o seu território, numa área de aproximadamente 2 mil hectares, envolvendo 700 propriedades, que produzem em torno  de 140 mil toneladas do fruto por ano, gerando 10 mil empregos diretos e um montante de aproximadamente R$ 100 milhões.

A importância social do tomate está no fato de que a atividade é altamente intensiva de mão de obra, tendo em vista que a cada hectare ocupa, em média, cinco trabalhadores rurais. 

O Espírito Santo é tradicional produtor desta hortaliça, com utilização de duas épocas distintas de plantio: a “de verão”, realizada nas regiões de montanhas, que se traduz em aproximadamente 60% da área cultivada; e a “de inverno”, naturalmente realizada nas regiões quentes. Além de atender o mercado estadual, o tomate capixaba também é exportado tanto para a Região Nordeste quanto para São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Brasília.



O nível tecnológico da cultura é considerado muito alto, uma vez que se posiciona nos mesmos patamares de outros importantes estados produtores, tais como Goiás, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. A produtividade oscila entre 60 e 70 toneladas por hectare, perdendo apenas para Goiás, que chega a 80 t/ha.

Do total produzido no território capixaba, em torno de 70% é comercializado para diversos mercados nacionais. Do volume de produção que fica no Estado, de 20% a 30% passam pela Central de Abastecimento do Espírito Santo (Ceasa-ES) e, desses, 72% são comercializados na Grande Vitória, sendo 76% em rede de supermercados e quilões, e 24% em feiras livres e cozinhas industriais.

Os principais municípios produtores são Santa Teresa, com destaque para a região de Várzea Alegre, Laranja da Terra e Venda nova do Imigrante, que tem a produção concentrada na região do Alto Caxixe. 

 

 



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