12/06/2017 14h28

Estudantes se apaixonam durante tratamento em hospital de Vitória

Uma história de amor digna de cinema, em que os personagens principais eram pacientes internados em um hospital. Para eles, o Dia dos Namorados deste ano, comemorado nesta segunda-feira (12), será muito especial.

De um lado o estudante do 3º ano do ensino médio Lucas Silva Boa, 18 anos, que mora em Colatina. Ele foi diagnosticado com uma lesão nodular em região temporal esquerda. O tumor foi descoberto no ano passado, por meio de exames, depois que o jovem sofreu três convulsões. Ele fez uma cirurgia para retirada do tumor no dia 8 de maio e agora faz acompanhamento.

Do outro lado a estudante do 1º ano do ensino médio Júlia de Aquino Rangel, 14 anos, que mora na Serra. Ela sofre de hipertensão intracraniana idiopática (HII), um transtorno neurológico caracterizado por um aumento da pressão intracraniana, que faz inchar a parte do nervo óptico dentro do olho e reduz a visão.  Ela passou por uma cirurgia no dia 20 de abril para estabilizar o problema.

Os jovens foram internados no sétimo andar do Hospital Estadual Central (HEC), gerenciado pela Associação Congregação de Santa Catarina, e localizado no centro de Vitória. Júlia deu entrada no dia 4 e Lucas no dia 5 de abril, para realizarem os procedimentos preparatórios para as cirurgias. Eles receberam alta no dia 12 de maio, juntos. Foi nesse intervalo de tempo que seus olhares se cruzaram e seus corações bateram mais forte. De lá pra cá eles não se desgrudaram mais.

Júlia contou que nos últimos seis meses dedicou muito tempo ao seu tratamento e sempre que era internada no HEC se sentia sozinha, pois a maior parte dos pacientes era adulto. No entanto, nesta última internação, a menina ficou mais animada ao conseguir fazer um amigo chamado Alexandre, de 18 anos, mais jovem que os demais pacientes.

A menina contou que os dois logo se tornaram muito amigos, e que por meio dessa amizade ela conheceu o namorado Lucas.

“Fui internada em uma terça-feira (04) e no domingo à noite vi o Alexandre conversando com um rapaz (Lucas) na salinha de televisão da enfermaria. Esse jovem me chamou muito a atenção, mas fiquei com vergonha de me aproximar. Como tenho baixa visão, na segunda-feira perguntei ao Alexandre quem era a menina que estava com ele (risos), mas eu sabia que era um rapaz. Ele disse que não era uma menina, e logo me apresentou ao Lucas”, disse Júlia.

Segundo ela, os três passaram a ficar sempre juntos, conversando sobre vários assuntos.

“No início achei que meu sentimento pelo Lucas era coisa da minha cabeça, mas ficava suspirando pelos cantos me lembrando dele. As enfermeiras e o Alexandre ficavam dizendo que eu e Lucas estávamos apaixonados. A gente ficava sem graça, até que no sábado seguinte ficamos sozinhos e ‘rolou um clima’”, contou.

A mãe de Júlia, a dona de casa Marilene Comper de Aquino, 35 anos, contou que nas internações anteriores a menina só ficava dentro do quarto, isolada, e não fazia mais nada no hospital, mas, após conhecer o rapaz, a jovem passou a ter mais ânimo para enfrentar o tratamento.

“É algo que fez bem para ela. Esse problema mexeu muito com a autoestima da minha filha, que acabou se afastando um pouco da escola e das amigas. Agora o comportamento dela mudou e ela está mais feliz. Ela é minha única filha e vivo por ela. Se está sendo bom para ela, vou permitir sim”, disse.

Após a alta hospitalar veio a principal dificuldade para o jovem casal: a distância. No entanto, eles fazem tantos planos para o futuro que não se importam com os 110 quilômetros que os separam e buscam encontrar uma solução.

Lucas, que sonha fazer faculdade de Educação Física, ainda não trabalha, mas disse que estuda a possibilidade de ir trabalhar em Vila Velha, na empresa de um parente, para poder ficar mais perto de Júlia.

"Se não der para ir trabalhar em Vila Velha, pretendo conseguir logo um emprego para poder ir para lá pelo menos a cada 15 dias. Enquanto isso não acontece, vamos mantendo contato todos os dias pelo celular por meio de um aplicativo de mensagens instantâneas”, contou Lucas.

No último dia 7, ele retornou para Vitória para uma revisão da cirurgia a qual foi submetido e encontrou a namorada.

“Para manter um relacionamento a distância é preciso confiança, e eu confio nela. Confiamos um no outro. Sabemos que é difícil, mas vamos conseguir”, afirmou o jovem.

Supervisão

A enfermeira e supervisora da unidade de neurocirurgia do HEC, Patrícia Ferreira, contou que o famoso casal do sétimo andar ficou conhecido entre os pacientes da unidade e a torcida pela felicidade dos dois era geral. No entanto, ela disse que quando percebeu o romance, imediatamente conversou com os pais dos jovens, que apoiaram o relacionamento.

“Quando o Lucas foi pra UTI, após o procedimento cirúrgico, a Júlia se entristeceu tanto que os pacientes se mobilizaram e pediram para que eu a liberasse para visitá-lo. Conversei com os responsáveis pela unidade e atendemos ao pedido. Nunca vi um coração bater tanto… assim que a Júlia se aproximou do leito do Lucas os batimentos dele dispararam. Foi emocionante”, contou.

Patrícia explicou que apesar de o afeto ter ajudado no período de internação, seguir todo o tratamento foi fundamental para o restabelecimento dos dois. 

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