24/01/2017 18h00 - Atualizado em 24/01/2017 17h58

Exame confirma caso de febre amarela em humano no Espírito Santo

O resultado das primeiras amostras enviadas para a Fiocruz, no Rio de Janeiro, confirmou um caso de febre amarela em humano no Estado do Espírito Santo. A informação foi anunciada pelo secretário de Estado da Saúde, Ricardo de Oliveira, na tarde desta terça-feira (24).

 

O paciente, um lavrador de 44 anos morador da área rural do município de Ibatiba, no Sul do Estado, começou a manifestar sintomas no dia 12 de janeiro e buscou atendimento num pronto-socorro do município com febre, dor no corpo e vômito. Ele está internado e apresentou melhora no quadro de saúde. Nessa segunda-feira (23), ele recebeu alta da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e foi para a enfermaria.

 

O secretário de Estado da Saúde ressaltou que a transmissão da doença, em todos os casos notificados, ocorreu na área de mata, e que até o momento não há confirmação de febre amarela em área urbana no Espírito Santo.

 

“O que é recomendado fazer para conter o avanço da doença nós estamos fazendo, que é a vacinação cautelar. A confirmação do caso de febre amarela em humano no Espírito Santo não muda a nossa estratégia, pois antes do resultado dos exames em macacos e em humanos já vínhamos adotando como medida de prevenção a vacinação cautelar, que foi adotada em 37 municípios, considerando a morte de macacos por suspeita de febre amarela em zona de mata dentro do Espírito Santo, além da proximidade geográfica entre esses municípios e a ligação que eles mantêm entre si e com a região capixaba que faz divisa com Minas Gerais por meio da faixa contínua de floresta”, detalhou Oliveira.

 

O secretário lembrou que, além da vacinação, outra forma de evitar que a febre amarela chegue à área urbana é combatendo o mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença nas cidades. Oliveira pediu que todos ajudem, neste momento, intensificando a vistoria de suas casas a fim de eliminar focos de proliferação do mosquito. “Basta escolher um dia fixo e, toda semana, verificar se há locais propícios para proliferação do mosquito dentro de casa e no quintal”, orientou.

 

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) recebeu 22 notificações de suspeita de febre amarela, sendo um caso confirmado e três óbitos sob investigação, com quadro indicativo também de leptospirose, febre maculosa, dengue e outras doenças com sintomas semelhantes. Os casos são de zona rural.

 

Total Internados

·         Estáveis: 05

·         Graves: 04

·         Hospital Particular: 03

12

Alta hospitalar

06

Confirmado

01

Óbitos

03

Total de notificações 

22

 

Também participaram da coletiva o subsecretário para Assuntos de Regulação e Organização da Atenção à Saúde, o médico infectologista Mayke Armani Miranda, e o deputado estadual e presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales), Hércules da Silveira.

 

Armani também esclareceu que, após infectado, o paciente não transmite a febre amarela em todo o tempo em que estiver doente. O período de maior probabilidade de transmissão, chamado de período de viremia, é das primeiras 24 horas após o início dos sintomas até o terceiro ou quarto dia.

 

 

Vacina

 

A Sesa iniciou a vacinação cautelar em 37 municípios. A orientação é que vacinem primeiro quem mora na zona rural destes municípios e depois as pessoas que residem na área urbana. Para o restante do Estado, a recomendação de vacinação continua a mesma: apenas pessoas que vão viajar para regiões silvestres, rurais ou de mata localizadas em áreas de risco para febre amarela, inclusive nestes municípios do Espírito Santo que estão realizando a vacinação cautelar.

 

A Sesa solicitou ao Ministério da Saúde mais 1 milhão de doses da vacina contra a febre amarela para reforçar a vacinação nos 37 municípios da vacinação cautelar e para os que irão se deslocar para áreas de risco. A previsão é de que as primeiras 500 mil doses cheguem nesta quinta-feira (26).

 

Quem for viajar para áreas rurais, a Sesa orienta que utilize roupas que protejam contra picadas de insetos, como blusas de mangas compridas, calças e sapatos fechados, e que use repelente ou vacine-se com no mínimo 10 dias de antecedência se for a primeira dose.

 

Amostras

 

Até o dia 23 de janeiro, o Laboratório Central do Espírito Santo (Lacen-ES) recebeu 33 amostras de macacos. Até o momento, saíram os resultados de cinco amostras de macacos com febre amarela em Irupi, Colatina, Venda Nova do Imigrante e Laranja da Terra (02).  E também até o dia 23 de janeiro, o Lacen recebeu 22 amostras coletadas de humanos com suspeita de febre amarela. Até o momento, um caso foi confirmado para febre amarela.

 

Febre amarela

 

Uma pessoa com febre amarela apresenta, nos primeiros dias, sintomas parecidos com os de uma gripe. Entretanto, esta é uma doença grave, que pode complicar e levar à morte. Os sintomas mais comuns são febre nos primeiros sete dias e mal-estar.

 

A febre amarela silvestre é transmitida pela picada de mosquitos Haemagogus e Sabethes, que vivem em matas e vegetações à beira dos rios. Quando o mosquito pica um macaco infectado, torna-se capaz de transmitir o vírus a outros macacos e ao homem. A forma silvestre da doença é endêmica nas regiões tropicais da África e das Américas.

 

Nas cidades, a doença é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo vetor da dengue, da zika e da chikungunya. Pessoas que fazem ecoturismo ou que entram em matas por algum outro motivo correm o risco de serem picadas pelo mosquito Haemagogus infectado e contrair a doença. De volta à área urbana, essas pessoas podem ser picadas pelo Aedes aegypti, podendo dar início à reurbanização da doença. O último caso de febre amarela urbana no Brasil ocorreu no Acre em 1942.

 

Uma vez que a febre amarela no meio urbano é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, eliminar depósitos que possam acumular água é uma das medidas de prevenção. Por isso, é importante que a população escolha um dia fixo da semana para combater o mosquito em casa e, assim, impedir a proliferação do vetor eliminando seus criadouros.

 

Ações

 

A Secretaria de Estado da Saúde está monitorando a situação epidemiológica. Entre outras ações, está a criação do gabinete de monitoramento; reunião com especialistas; reunião com os prefeitos e secretários municipais de saúde dos municípios; reunião com área técnica da Imunização dos municípios; elaboração do Protocolo de Manejo Clínico; além de capacitações sobre manejo clínico da doença e sobre protocolos de indicação para vacinação.

 

Além disso, diferentes secretarias e órgãos do Governo do Estado estão atuando em parceria para enfrentar a situação da febre amarela no Espírito Santo. Na tarde dessa segunda-feira (23), o secretário de Estado da Saúde, Ricardo de Oliveira, se reuniu com os secretários de Meio Ambiente, Aladim Fernando Cerqueira, e de Agricultura, Otaciano Gomes de Souza, para discutir ações conjuntas de prevenção contra a doença. As três áreas possuem integração com o interior e têm atuado na interlocução com os municípios.

 

Em seguida, uma reunião com a área técnica de órgãos de meio ambiente foi realizada com o objetivo de discutir as ações preventivas. Participaram técnicos do Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema), da Superintendência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Espírito Santo, da Polícia Militar Ambiental e do Conselho Regional de Medicina Veterinária.

 

 

 

Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado da Saúde

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