02/12/2016 16h15 - Atualizado em 03/12/2016 09h00

Exposição “Os Mamíferos e a Contracultura” traz para o Arquivo Público a cena musical capixaba nos anos 60 e 70

Letras provocativas e poéticas, um visual ousado e irreverente e uma base sonora ampla marcaram a trajetória da banda Os Mamíferos, que nas décadas de 1960 e 1970 inseriu o Espírito Santo no mapa da música autoral brasileira. As histórias que envolvem o grupo serão retratadas na Exposição “Os Mamíferos e a Contracultura – uma viagem pela cena musical do Espírito Santo nos anos 60 e 70”. A Mostra – uma realização da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES) e da Serena Produções - será lançada na sede do APEES, na próxima terça-feira (06), às 19h, com um bate-papo com Francisco Grijó, autor do livro “Os Mamíferos - crônica bibliográfica de uma banda insular”.

A formação original do grupo era composta por Afonso Abreu, Mário Ruy e Marco Antônio Grijó em um trio de violão, baixo acústico e bateria, ainda sob a égide bossa-novista. Segundo o subsecretário de Estado da Cultura, José Roberto Neves, “nas criações de Os Mamíferos, blues, rock, jazz, boleros misturavam-se com vigor decibélico capaz de abalar as estruturas de Vitória”. Dois anos depois, passa a fazer parte da banda o vocalista Aprígio Lyrio e o letrista Sérgio Régis, que agregaram à música ecos do surrealismo e da Beat Generation. “Após, cansados de tanta bossa e jazz, juntaram forças para criar um grupo elétrico, envenenado pela distorção da guitarra, do pedal wah-wah de Mário Ruy, do baixo elétrico de Afonso e do visual andrógeno de Aprígio.”, destaca José Roberto.

O contexto da época, no qual uma série de acontecimentos agitava o mundo, dentre eles o assassinato de Martin Luther King, o Maio de 68 na França, a Guerra do Vietnã e a ditadura civil-militar no Brasil, aumentou a vontade de contestação dos integrantes. “Era preciso provocar, afrontar, desafiar a caretice também por meio do visual. Horas antes da participação na semifinal do II Festival Capixaba de Música Popular Brasileira, produzido por Milson Henriques, eles se reuniram e decidiram que iriam surgir no auditório do Colégio do Carmo com os rostos pintados. Ao que tudo indica, pela primeira vez uma banda brasileira apresentava-se com maquiagem pesada, antecipando o fenômeno glitter que dominou o rock nos anos 70”, comenta o subsecretário.

Porém, o reconhecimento da crítica viria somente em 1970, com a vitória da música “Agite antes de Usar” e de Aprígio como melhor intérprete, no III Festival Capixaba de Música Popular Brasileira, que ocorreu no Ginásio do Sesc. “A verve roqueira da composição e do arranjo proporcionou a cama sonora ideal para o vocalista usar e abusar de seu potencial cênico, exibindo os cabelos cacheados, a calça boca de sino escura e a bata com pele de raposa nos ombros”.

São nestas e em outras memórias que o público poderá adentrar na Exposição “Os Mamíferos e a Contracultura” que irá homenagear a banda. O material da Mostra pertence ao acervo da extinta Fundação Cultural e do Departamento Estadual de Cultura, atualmente sob a guarda do APEES. Há imagens também disponibilizadas pela “Serena Produções”, coordenada por Murilo Abreu, integrante do projeto multimídia “Aurora Gordon”.

Serviço:

Abertura da Exposição “Os Mamíferos e a Contracultura – uma viagem pela cena musical do Espírito Santo nos anos 60 e 70” e bate-papo com o escritor Francisco Grijó

 

Data: 06/12/2016 (terça-feira)

Horário: 19h

Local: Sede do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo

(Rua Sete de Setembro, nº 414, Centro de Vitória)

 

Informações à imprensa:

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