04/11/2022 15h05

Exposição Sete Caminhos: do Maes ao Quintal Bantu promove primeiro debate sobre a mostra

 A exposição Sete Caminhos: do Maes ao Quintal Bantu, que está aberta à visitação no Museu de Arte do Espírito Santo Dionísio del Santo (Maes), no Centro de Vitória, dá início, nesta sexta-feira (04), a uma série de encontros abertos. O bate-papo de estreia será com os artistas da exposição, Welington Santos, Renan Bono e Rafael Segatto, às 19h e acontece no próprio museu. A entrada é gratuita. 

Em um desdobramento da exposição, Santos, Bono e Segatto abordarão os respectivos trabalhos. Para Rafael Segatto, um dos responsáveis pela criação visual da mostra, a conversa traz a potência de revelar informações não visíveis, mas, ao mesmo tempo, importantes sobre o trabalho. “Eu penso que um trabalho não surge somente de uma ideia, mas faz parte de um conjunto de coisas que me constitui enquanto indivíduo, sejam as experiências, as sensações, os pensamentos, os encontros e os diálogos com as pessoas que atravessam o meu caminho”, diz. 

Segatto adianta que percorrerá aspectos de sua pesquisa: "este ano, em outubro, eu completei cinco anos desenvolvendo e me dedicando às práticas artísticas. Então, é provável que eu faça algumas reflexões sobre os meus caminhos enquanto artista visual e multidisciplinar para conseguir dar conta das obras que estão materializadas na exposição. E certamente falar sobre isso também é falar sobre a importância do Quintal Bantu e da família Pereira dos Santos nesse processo de encontro, criação e articulação com as tradições Bantu no Espírito Santo." 

 Estabelecida há mais de um século no Morro da Fonte Grande, em Vitória, a família Pereira dos Santos é representada na exposição por Welington e por Renato Santos – o idealizador do mapa interativo que, junto com as instalações no espaço expositivo, compõe os eixos da exposição. Já o Quintal Bantu é um local simbólico para a cultura Afro-Bantu localizado no Morro da Fonte Grande.

 Renan Bono, que elaborou o desenho de som da mostra, vai abordar o processo de pesquisa e também o processo de produção das obras. “Eu, Segatto e Welington criamos inicialmente uma afinidade pela música. A partir dessas experiências conjuntas chegamos ao ponto de nossas caminhadas, em que criamos o e concebemos o projeto e naturalmente o som acabou sendo uma das formas de expressão dentro e fora do espaço expositivo”, explica.

 Responsável pelas criações sonoras da exposição, Welington Santos vai falar de sua ancestralidade, as relações com a comunidade em que nasceu e cresceu (o Morro da Fonte Grande), a construção e confecção dos instrumentos, e onde e como as criações sonoras foram gravadas.

 Sete Caminhos: do Maes ao Quintal Bantu é composta por oito instalações, entre sonoras e multissensoriais, no espaço expositivo do Maes, e um mapa interativo que extrapola o tradicional museu e, por sete caminhos, o conecta ao Quintal Bantu, local simbólico para a cultura Afro-Bantu, localizado no Morro da Fonte Grande, em Vitória. 

A proposta da exposição é reconectar o Centro de Vitória ao legado cultural dos bantu, povos originários da África Central que aportaram no Espírito Santo ao final do século XVI por força da escravidão, e cujas heranças culturais sofreram violento processo de apagamento histórico. A mostra vai até 8 de janeiro de 2023.

A exposição Sete Caminhos: do Maes ao Quintal Bantu foi contemplada pelo edital de Exposições em Artes Visuais do Museu de Arte do Espírito Santo (Vitória/ES) 2020 e conta com recursos do Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo (Funcultura), da Secretaria da Cultura (Secult).

Sobre Rafael Segatto

Artista multidisciplinar e jornalista. Sua prática artística se constitui no trânsito entre o domínio continental e o domínio marinho. Elabora noções sobre movimento, desdobra a ideia de paciência de pescador e investiga o calcário através de fósseis marinhos. Participou do Ciclo II da residência artística Pivô Pesquisa 2021 (São Paulo/SP). Foi contemplado pelo Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo com o projeto Sete caminhos: do Quintal Bantu ao Maes no edital Projetos Artes Visuais 2020; com o Monumento a Kitembo “de onde o olho mira”, no edital Projetos Artes Visuais 2019; e com a exposição individual caminhos possíveis no edital de Exposições de Artes Visuais para artistas estreantes da Galeria Homero Massena (Vitória/ES) 2018; além do Projeto de Ocupação do Museu Capixaba do Negro “Verônica da Pas” (Mucane) (Vitória/ES) 2019 com a individual Paciência de Pescador.

Sobre Welington Santos

Preto e bantu, nascido no Centro Histórico de Vitória, no bairro da Fonte Grande, berço de culturas que alimentam o Espírito Santo. Fez parte da sua infância vivenciar, praticar e conhecer todos os instrumentos que compõem uma bateria de escola de samba. Graduado em Educação Física, praticou e graduou na arte da capoeira. Multipercussionista, fez parte do grupo Kumby e é integrante do grupo de samba e bloco de carnaval Regional da Nair. Também é anfitrião e colaborador do espaço cultural Quintal Bantu. 

Sobre Renan Bono

Músico e jornalista. Desenvolve pesquisa musical focada em ritmos afro-diaspóricos e suas transformações culturais no Brasil. É músico integrante do grupo de samba e bloco de carnaval Regional da Nair. Atua como colaborador e articulador cultural no espaço Quintal Bantu. Desenvolveu trabalhos audiovisuais como os podcasts Até o Mar Acabar Com Os Peixes (2020), idealizado pelo artista Rafael Segatto, e De Onde o Olho Mira (2019), idealizado pelos artistas Rafael Segatto e Natan Dias. Foi agente cultural da multiplataforma Infinitas, em que atuou como pesquisador musical e produtor de conteúdo nos projetos Infinitas/Reconecta (2016), Estúdio Infinitas (2015), Fábrica.Lab Infinitas (2014), Casa.Lab Infinitas (2013). Foi apresentador e editor do programa Tardes Infinitas (2012 a 2016) na Rádio Universitária FM (Vitória/ES).

 

Serviço

O bate-papo com os artistas Wellington Santos, Renan Bono e Rafael Segatto acontece nesta sexta-feira (04), a partir das 19h, no Museu de Arte do Espírito Santo Dionísio del Santo (Maes). Av. Jerônimo Monteiro, 631, Centro, Vitória. Gratuito. 

 

A exposição segue até 08 de janeiro de 2023. Visitação: de terça a sexta-feira, de 10h às 18h. Sábados e domingos, de 10h às 16h. Gratuito.

 


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