Funcultura: Cinema de Griô leva oficinas audiovisuais para comunidades quilombolas do norte capixaba
Cinco comunidades do Território Quilombola do Sapê do Norte, localizadas em Conceição da Barra, norte do estado, estão vivenciando um experimento audiovisual com a chegada do Cinema de Griô. A partir dessa iniciativa, os moradores podem captar em imagens e sons os saberes e fazeres guardados no território. Esses registros de personalidades, paisagens, versos, manifestações e histórias, futuramente, serão exibidos em uma sessão de cinema ao ar livre junto com uma mostra de filmes realizados em outras comunidades quilombolas do Espírito Santo.
A primeira etapa do projeto consiste em oficinas de experimentações audiovisuais. A primeira teve início na última quinta-feira (20/07) e aconteceu até domingo (23/07), nas Comunidades Quilombolas do Córrego do Alexandre, Santana e Porto Grande.
De quarta-feira (26) até sábado (29), acontece uma segunda oficina, na Comunidade Quilombola Angelim II. Em seguida, entre os dias 1º e 4 de agosto, será a vez da Comunidade Quilombola Linharinho receber as atividades do projeto.
Cada oficina tem duração de quatro dias. Além de receberem noções básicas sobre o audiovisual, a programação inclui uma roda de conversa em torno das histórias e do jeito de ser e de viver do lugar. Na ocasião, os participantes percorrem os espaços a fim de identificar, selecionar e escolher imagens e sons que consideram próprios de seus cotidianos. Todo o material será avaliado pelo grupo, que indicará o caminho da edição dos curta-metragens – com duração de até 15 minutos, cada um.
Difusão
Na etapa de difusão, um caminhão-cinema – equipado com um telão de oito metros de altura por cinco de largura, projetor, sistema de sonorização e 200 cadeiras – vai exibir as obras em sessões ao ar livre nas comunidades. O objetivo é produzir os registros pelos próprios moradores, difundir os curtas em circuitos quilombolas, mostras, festivais, contribuir com a preservação e o intercâmbio de tradições, práticas, relatos e memórias das comunidades.
O projeto é realizado pelo Instituto Marlin Azul, com recursos do Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo (Funcultura), a partir do Edital 028/2021 – Setorial de Audiovisual, da Secretaria da Cultura (Secult).
O Cinema de Griô nasceu da inspiração de outro projeto, o Cine Quilombola, realizado em 2021. A partir dele, cada comunidade construiu seu filme-carta para dialogar com outras comunidades por meio de correspondências audiovisuais.
Como resultado, o Cine Quilombola produziu os seguintes documentários: “Do lado de cá”, da Comunidade Quilombola de Graúna (Itapemirim); “Vamos em batalha”, das Comunidades Quilombolas de Cacimbinha e Boa Esperança (Presidente Kennedy); “Era caminho deles”, da Comunidade Quilombola de Pedra Branca (Vargem Alta); “Ninguém canta igual eu canto”, da Comunidade Quilombola de Monte Alegre (Cachoeiro de Itapemirim).
Sobre o Instituto Marlin Azul
O Instituto Marlin Azul é uma associação sem fins lucrativos criada em 1999, cuja finalidade é promover ações direcionadas à cultura, à arte e à educação, democratizando o acesso à produção e fruição de bens culturais. Em 23 anos de atividade, a instituição desenvolve diversos projetos sociais, culturais e audiovisuais voltados para diferentes públicos do Espírito Santo e do Brasil.
Além do Cinema de Griô e do Cine Quilombola, a instituição desenvolve ações como o Revelando os Brasis, o Projeto Animação, o Curta Vitória a Minas, os Griôs de Goiabeiras e o Memória do Barro. Para conhecer os projetos, acesse o site do instituto.
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