07/03/2025 16h36

Genótipos de aceroleira avaliados pelo Incaper apresentam alta produtividade em estudo inédito no Espírito Santo

Um estudo conduzido pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) tem revelado resultados promissores para a cadeia produtiva da acerola no Estado. Inédita no Espírito Santo, a pesquisa, que avalia o desempenho de 12 genótipos de aceroleira, demonstrou que, já no primeiro ano de produção, esses materiais alcançaram produtividade média duas vezes superior à média estadual.

Realizado na Fazenda Experimental Bananal do Norte (FEBN), em Cachoeiro de Itapemirim, o estudo conta com a parceria da Embrapa Semiárido. O objetivo é identificar os genótipos mais produtivos e com frutos com características superiores para atender tanto ao mercado de consumo in natura quanto às agroindústrias de processamento de polpa.

Com apenas 19 meses de idade, as plantas atingiram uma produtividade média de 33 toneladas por hectare, superando a média estadual de 14 toneladas registrada em 2023 e ultrapassando também a produtividade média do município de Colatina, maior produtor do Estado, que foi de 30 toneladas por hectare nesse mesmo ano.

Produção estimada de genótipos de aceroleira avaliados pelo Incaper na região sul do estado do Espírito Santo na Safra 2024/2025.Produção estimada de genótipos de aceroleira avaliados pelo Incaper na região sul do estado do Espírito Santo na Safra 2024/2025. Produção estimada de genótipos de aceroleira avaliados pelo Incaper na região sul do estado do Espírito Santo na Safra 2024/2025.

Alto rendimento e impacto econômico

Entre todos os genótipos estudados, um em especial, denominado G5, tem chamado a atenção dos pesquisadores pelo potencial econômico, podendo gerar um rendimento aproximado de R$ 135 mil por hectare, com uma produtividade de 51,7 toneladas por hectare.

"Claro que é preciso considerar o custo de produção, que gira em torno de 30%, mas ainda assim é um resultado excelente diante do atual cenário da cultura no Estado", avalia o pesquisador Marlon Dutra, responsável pelo projeto.

Em 2023, a produção de acerola no Espírito Santo foi de 1.812 toneladas, com cultivos predominantes das variedades: BRS Sertaneja, Okinawa e BRS Jaburu. A pesquisa do Incaper busca ampliar esse horizonte ao testar outras variedades registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), como Junko, BRS Apodi, Monami e BRS Cabocla, além de genótipos promissores como Costa Rica, Olivier, e os híbridos ALHA05, UEL03 e PROG 052.

"Ampliar o número de variedades adaptadas ao cultivo no Espírito Santo é fundamental para fortalecer a competitividade e a sustentabilidade dessa cadeia produtiva no Estado, além de colocar ao alcance dos agricultores uma opção para diversificação agrícola com bom retorno econômico", destaca Marlon.


Banco Ativo de Germoplasma


Os 12 genótipos estudados compõem um Banco Ativo de Germoplasma (BAG), instalado em 2023, onde também são analisados fatores como crescimento das plantas, incidência de pragas e doenças, produção por planta, peso médio dos frutos e qualidade da fruta.

A análise de qualidade leva em conta a concentração de sólidos solúveis totais (SST), acidez total titulável (ATT) e a relação SST/ATT, além do teor de vitamina C. Alguns genótipos apresentaram SST entre 7,0 e 7,5 °Brix, valores considerados ideais para o processamento industrial, especialmente para a produção de polpa congelada, principal destino da acerola no Estado.

Próximos passos e impacto para a agricultura local

Antes da recomendação dos genótipos mais produtivos e adaptados para cultivo comercial no Espírito Santo, serão implantadas unidades de observação em propriedades rurais em diversos municípios para validação dos resultados obtidos no BAG.

O projeto é financiado pelo Banco de Projetos de Pesquisa (nº 002-R/2020) da Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes). Além da pesquisa, a iniciativa oferece capacitação para produtores, técnicos e estudantes, por meio de cursos, palestras e demonstrações sobre técnicas de cultivo, poda, manejo e produção de mudas. As atividades beneficiam diretamente produtores rurais, técnicos do Incaper e de prefeituras, alunos de escolas técnicas e estudantes de graduação e mestrado em Agronomia.

Os resultados preliminares do estudo foram apresentados em fevereiro, durante um curso sobre a cultura da acerola, realizado na FEBN, que está localizada no distrito de Pacotuba, município de Cachoeiro de Itapemirim, no sul do Estado.

Informações à Imprensa:
Coordenação de Comunicação e Marketing do Incaper
Felipe Ribeiro
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