17/12/2021 12h24

Governo do Estado cria Prêmio Benedito Meia Légua

Nesta quinta-feira (16), o Governo do Estado criou o Prêmio Benedito Meia Légua, com a publicação do Decreto nº 5.036-R no Diário Oficial do Estado. O prêmio contempla personalidades negras que se destacam ou se destacaram na luta quilombola e na promoção da igualdade racial. A coordenação vai ficar a cargo da Secretaria de Direitos Humanos (SEDH), por meio da Gerência de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Gepir).

O prêmio será concedido anualmente, sempre em 20 de novembro, que é o Dia Nacional da Consciência Negra e quando ocorre, tradicionalmente, a transferência simbólica da Capital do Espírito Santo para o município de São Mateus.

Serão concedidas sete homenagens por meio de placas em aço inoxidável, sendo: três para personalidades capixabas atuantes na luta quilombola, duas para personalidades capixabas que se destacam na luta pela promoção da igualdade racial, uma in memoriam e uma para personalidade nacional com destaque na luta pela promoção da igualdade racial.

“Homenagear pessoas que se destacam nesta luta em nosso Estado e em nosso País é homenagear todas e todos que vieram antes e que contribuíram neste movimento por uma sociedade antirracista, que deve continuar cada vez mais forte na promoção da igualdade racial”, explicou a secretária de Estado de Direitos Humanos, Nara Borgo.

A gerente de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Edineia Conceição de Oliveira, informou que, em prazo oportuno no ano de 2022, será lançado o primeiro edital para inscrições de nomes indicados ao prêmio, contando com uma Comissão de Seleção instituída pela SEDH.

“Esse prêmio é muito importante, pois traz visibilidade à luta negra e quilombola no Espírito Santo. Poder reconhecer e premiar as pessoas que contribuíram e contribuem historicamente para a luta contra o racismo e que buscaram e buscam construir uma sociedade melhor e mais justa para os grupos étnicos é mais um avanço”, declarou a gerente.

Quem foi Benedito Meia Légua

O líder quilombola Benedito Caravelas, mais conhecido como Benedito Meia Légua, nasceu em 1805 onde hoje é um município de São Mateus, no norte do Espírito Santo. O apelido foi dado por causa das constantes viagens a pé que ele fazia, sobretudo para a região nordeste do Brasil.

Benedito Caravelas invadia fazendas, quebrava senzalas, organizava fugas e ações em quilombos: tinha como missão de vida libertar pessoas escravizadas. De acordo com registros históricos, um dia ele acabou aprisionado por um capitão do mato, arrastado pelas ruas de São Mateus e tão espancado que foi dado como morto. Seu corpo foi guardado dentro da igreja de São Benedito para ser sepultado, mas no dia seguinte só foram encontradas no local marcas de sangue e pegadas.

A imagem de Benedito Caravelas então passou a ser comparada a de uma figura imortal, pois fugas e rebeliões continuaram ocorrendo para a libertação de pessoas escravizadas e dados históricos dão conta de que foi nesta época que surgiu a expressão: “Mas será o Benedito?”.

Benedito Meia Légua morreu já idoso, por causa de uma traição. Seu esconderijo, dentro do tronco de uma árvore, foi denunciado e ele acabou morrendo queimado enquanto dormia.

 

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