25/07/2023 11h47

LICC: A Fantástica Carpintaria inicia série de oficinas em seu laboratório de reciclagem criativa

Foto: Juliana Lima
Sediada no Centro de Vitória, A Fantástica Carpintaria está em atividade desde 2021

Na manhã deste domingo (30), acontece a 1ª Carpintaria Aberta, no Centro de Vitória, com o tema “Poluição Plástica”. De forma prática e divertida, os participantes vão aprender a transformar os resíduos domésticos, entender mais sobre o plástico e como ele afeta o ambiente. A oficina é gratuita e será realizada das 9h às 12h, e as inscrições já estão abertas neste link.

A iniciativa faz parte do projeto A Fantástica Carpintaria, laboratório de reciclagem criativa e design circular da Cidade Quintal, com sede no Centro de Vitória. Com o propósito de buscar alternativas locais visando combater a poluição plástica, são desenvolvidos novos materiais a partir de resíduos domésticos – destinados à criação de mobiliários e instalações urbanas.

Com suas atividades, o laboratório movimenta saberes das áreas de design e economia circular, urbanismo participativo, marcenaria, ciência, arte e tecnologia. Todo o processo é rico em aprendizados e compartilhamentos, a partir das Carpintarias Abertas. Promovidas todo último domingo do mês, essas vivências gratuitas buscam apresentar ao público novas possibilidades para a relação entre consumo e descarte no cotidiano.

O laboratório, que existe desde 2021, faz parte de uma comunidade global chamada Precious Plastic. A partir dela, realiza suas atividades em rede, de forma conectada com outras organizações tanto do Espírito Santo quanto do Brasil.

De acordo com a designer Juliana Lisboa, cofundadora da Cidade Quintal e gestora do projeto, afirma que A Fantástica Carpintaria começou a ser concebida em 2020, quando, a convite da OÁ Galeria, participou da residência Entrenós – realizada com apoio da Secretaria da Cultura (Secult).

“Nesse processo criativo, proposto em plena pandemia, pude transformar um cômodo da minha casa em um laboratório para experimentação de novos materiais feitos com resíduo plástico, usando equipamentos domésticos, como um forninho elétrico e ferro de passar. No ano seguinte, expandi essa experiência e a tornei coletiva, mobilizando um grupo de estudos chamado Era Plástico, que teve como resultado três publicações digitais”, conta.

No contexto da pandemia de Covid-19, em que a pauta sanitária e da higienização maximizou a adoção de plásticos de uso único, sobretudo com o crescimento dos serviços de entrega, a ideia de criar o laboratório surgiu. “Aquele cenário trouxe à tona uma discussão sobre como lidar com a tragédia anunciada de termos mais plástico do que peixes no mar dentro de poucos anos, ao passo que a sociedade está cada vez mais dependente desse material”, observa Juliana Lisboa.

Juliana Lisboa, cofundadora da Cidade Quintal e gestora do projetoJuliana Lisboa, cofundadora da Cidade Quintal e gestora do projeto Juliana Lisboa, cofundadora da Cidade Quintal e gestora do projeto

Inicialmente, apenas a designer estava envolvida no projeto. Aos poucos, ela apresentou A Fantástica Carpintaria as outras instâncias das redes de que faz parte, até que o laboratório pudesse se estabelecer dentro da Cidade Quintal – organização que, desde 2016, atua no campo do design e do urbanismo participativo, visando transformar espaços, fortalecer narrativas comunitárias e vivência.

Com o espaço implantado, o projeto avançou em diversas frentes, com a realização de um projeto de teste dentro da Rota de Turismo Comunitário de São Benedito, que recebeu o Prêmio Tomie Ohtake de Arquitetura Akzonobel, em maio de 2023. 

Além disso, a iniciativa conta com parceria formalizada com a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), por meio do projeto de extensão ProDesign, que inclui a atuação de uma bolsista, uma professora e três voluntários, além da própria equipe da Cidade Quintal, formada por Juliana Lisboa, Renato Pontello, Alegria Falconi, Bruna Gomes, Iara Ribeiro e Vitor Taveira.

“Queremos proporcionar ao público vivências que estimulem a reflexão sobre o plástico no cotidiano. Primeiramente apresentando o que dá para fazer com esse material, em de jogá-lo no lixo. Em seguida, ampliando a consciência crítica sobre o consumo, os artifícios para driblar as armadilhas que surgem no dia a dia, as formas de pensar uma vida com menos plástico. Desse modo, as pessoas podem trazer os resíduos de suas casas para trabalharmos com ele nas oficinas. Em alguns encontros, vamos nos movimentar, visitar uma horta. Cada domingo terá um tema e um formato diferente, dentro dessa mesma perspectiva”, ressalta Juliana Lisboa.

A Fantástica Carpintaria começou com recursos próprios, movimentando atividades educativas e formando parcerias com importantes instituições, a exemplo do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), o qual – por meio de sua Escola do Plástico – prontificou-se a triturar todo o resíduo coletado pelo projeto ao longo de 2022.

Atualmente, a iniciativa é realizada com recursos da Lei de Incentivo à Cultura Capixaba (LICC), da Secult. Com o apoio do Governo do Estado, A Fantástica Carpintaria passou a ter sua própria trituradora e, com isso, impulsionar novas atividades.

“Com o incentivo, expandimos nosso maquinário, investimos na adequação do espaço para comportar as máquinas e conferimos mais segurança ao processo, oferecendo atividades regulares abertas ao público ao longo do semestre. Tudo isso está em andamento e as atividades seguem até novembro, período em que vamos aprimorar nossos materiais, para que, a partir dele, possamos criar novas instalações para serem levadas para o espaço urbano”, arremata Juliana Lisboa.



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