31/08/2010 16h18 - Atualizado em 22/01/2019 13h58

Mecanização e aquecimento global são temas de discussão durante o II Seminário para Sustentabilidade da Cafeicultura

As mais modernas tecnologias de cultivo do café e os principais desafios para o desenvolvimento da  atividade no Espírito Santo foram discutidos nesta segunda (30) e terça-feira (31), durante o II Seminário para Sustentabilidade da Cafeicultura, no Teatro Municipal de Alegre. O evento é uma realização do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), em parceria com o Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo (CCA/UFES), e a Prefeitura Municipal.

Diversas autoridades estiveram presentes na abertura oficial, nesta segunda-feira (30), entre elas o  Presidente do Incaper, Evair Vieira de Melo, o prefeito de Alegre, José Guilherme Gonçalves Aguilar, e o diretor do Centro de Ciência Agrárias da Ufes, Waldir Cintra de Jesus Junior.


“O Incaper tem investido muito na capacitação dos técnicos e agricultores capixabas. Acreditamos que a educação rural é o caminho para a solução dos principais entraves encontrados pelos produtores e para o desenvolvimento regional.  Objetivo é sempre promover a melhoria da renda e da qualidade de vida no interior do Estado”, afirma  Evair de Melo.

Mecanização

Dentre os grandes desafios para a cafeicultura capixaba atual, que foram abordados durante o Seminário, estão o aumento da produtividade do café arábica, a melhoria da qualidade do café Conilon, o uso racional da água na irrigação, a gestão das propriedades rurais, as mudanças climáticas na cafeicultura e a mecanização da colheita do café.

De acordo com o coordenador  do Programa Estadual de Cafeicultura e pesquisador do Incaper, Romário Gava Ferrão, um dos principais ponto de discussão este ano é a utilização de máquinas para colheita do café no Espírito Santo, tendo em vista que  cerca de 90% do café do Estado é colhido manualmente e cerca de 50% do custo de produção está relacionado à colheita.

“Cada vez existe maior escassez de mão de obra para todas as atividades agrícolas do Espírito Santo, então foi trazido para este evento a discussão sobre a mecanização da colheita do café. Foram apresentadas as principais tecnologias desenvolvidas nesta área no Brasil, que poderão ser adaptadas às condições capixabas, para pequenos e grandes produtores. Um dos principais entraves  é que as máquinas utilizadas para colher mecanicamente o arábica não se aplicam adequadamente ao  Conilon, estando aí um desafio para a inovação”, afirma Romário.

Para o presidente do Incaper, Evair de Melo, um ponto importante é que a mecanização vai contribuir tanto para diminuição de custos na colheita, quanto para o bem-estar do produtor e trabalhador rural, que não precisará se sacrificar na colheita do café.

Aquecimento global e café

Tradicionalmente, o café arábica é cultivado no Estado em áreas mais frias e úmidas, com mais de 500 metros de altitude, e o Conilon em locais mais quentes e secos, com menos de 500 metros de altitude.

Segundo Romário Ferrão, com o aquecimento global pode ocorrer a migração das áreas plantadas. “ Regiões que cultivam café arábica, se aquecerem muito poderão não mais produzir este tipo de café. A solução é desenvolver tecnologias visando a convivência com o aquecimento global. Entre elas estão o desenvolvimento de variedades mais resistente e a utilização adequada da poda e da irrigação. Outra alternativa é a associação do café com árvores”, afirma Romário.
Outro ponto importante é a gestão da propriedade de café. “O produtor precisa saber quanto custa produzir uma saca de café em sua propriedade. É importante fazer o controle de gastos e ter maior controle das despesas, como para o consumo de adubo, por exemplo. Dessa forma é possível um maior êxito econômico na atividade”, afirma Romário.

O produtor rural de Muniz Freire, Edson Lucio, também esteve presente no Seminário. Segundo ele, atualmente, para competir no mercado, é fundamental se produzir com qualidade. “O cafeicultor que hoje em dia colhe e seca o café de qualquer jeito e não utiliza as boas práticas, não encontra mais lugar no mercado, que tem exigido qualidade. E para ter qualidade, modernas tecnologias de cultutivo se fazem necessárias. Por isso considero muito importante a participação em Seminário como este”, conta o produtor.

Edson Lucio.

O Seminário para a para Sustentabilidade da Cafeicultura está em suas segunda edição e pretende ser realizado bianualmente, em diferentes municípios. Este é um dos principais eventos estaduais ligados à cafeicultura, por tratar de assuntos contemporâneos, ligados tanto ao café arábica quanto ao Conilon, por meio de autoridades na área, do Incaper e de outras instituições brasileiras, com grande experiência e rigor científico.

O objetivo é uma cafeicultura mais competitiva, sendo o mais sustentável possível, ou seja, ambientalmente correta, socialmente justa e economicamente viável.


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