17/11/2010 14h00 - Atualizado em 18/01/2019 15h15

Mulheres de Tucum constroem futuro por meio do artesanato

Trinta internas da Penitenciária Estadual Feminina (PEF) estão aprendendo um novo significado para a expressão “fazer justiça com as próprias mãos”. Nesta quinta-feira (18), as mulheres receberão o certificado de conclusão do curso de artesanato ministrado na unidade prisional. Mais que um diploma, as internas terão em mãos a possibilidade de construir uma vida diferente fora do sistema carcerário. É o que defende Gisele de Castro Vieira, 23, aprendiz de artesã do projeto “Escrever Certo Por Linhas Tortas”.

“Achei a oportunidade muito boa e não perdi tempo. Estou há oito meses presa, mas há quatro entrei nas aulas de artesanato com conchas. Sou de Marechal Floriano e as lojas de lá não têm produtos como esses. Quando sair daqui, com certeza vou vender minhas peças naquela região. É minha chance de oferecer algo novo e também viver algo novo”, explica Gisele.

Encanto

O projeto, coordenado pela artista plástica de renome internacional, Giovana Barbosa, utiliza a concha como matéria-prima para a confecção de inúmeros produtos. Porta-objetos, lápis customizados, flores de conchas e até mesmo bailarinas ganham vida nas mãos das mulheres. “O trabalho encanta até mesmo quem é de fora. Fui a uma exposição na Inglaterra e, quando disse que o produto era feito nos presídios, uma ONG me chamou para dar capacitação de artesanato para os profissionais de lá”, lembra Giovana.

O resultado do bom trabalho pode ser notado no sorriso das internas e também no bolso das famílias. Isso porque cada peça produzida é comercializada e o dinheiro encaminhado a filhos e outros parentes que precisem de ajuda do lado de fora da prisão.

“As mulheres deixam de se sentir um fardo para a família, porque mesmo estando presas, podem ajudar nas contas de casa e oferecer uma condição de vida melhor para os filhos. Não há ressocialização sem trabalho”, define a diretora da unidade, Renata Poton Vieira.

Consciência Ambiental

A ressocialização das mulheres da penitenciária passa pelo resgate dos valores humanos, da autoestima, do respeito ao próximo e à natureza. Unindo trabalho e consciência ambiental, a artista plástica e designer, Mikka Wentz, ensina às internas a fabricação de bolsas e ecobags reutilizando pedaços de banners e cartazes publicitários de material sintético.

Para obter os materiais, o projeto “Equilibrium” conta com o apoio da agência Maely, que cede peças utilizadas para a reciclagem artística. O trabalho inclui corte, costura e outras técnicas novas para a maior parte das internas. “A oficina não é só uma oportunidade de distrair a mente, mas de desenvolver nossas habilidades. Eu nunca tinha costurado antes, mas todo mundo da família trabalhava com isso. Agora estou gostando, vou querer continuar com o artesanato, mas também quero estudar para ter uma vida melhor”, lembra a interna Dayane Louzada, 20.

Para a detenta Jussara Elias Santos, 41, as aulas servem para marcar uma mudança de vida dentro da unidade prisional. “Se estou na oficina, é porque tenho bom comportamento. Se fui chamada, é porque fiz por merecer. Acho que isso mostra que, apesar de estarmos presas, nos arrependemos dos erros e queremos uma nova oportunidade. Estou aprendendo bastante e vou trabalhar com isso fora da prisão”, relata.

Um dos parceiros da Secretaria no projeto, Maely Coelho Filho, diretor da empresa Maely, enfatiza a importância do trabalho que classifica como eco-social. “Do ponto de vista ecológico, reaproveitamos as lonas que, quando jogadas à natureza, degradam em quase 600 anos. Mas temos a oportunidade de reciclar também algumas vidas, dando qualificação profissional e qualidade de vida, oferecendo a elas a chance de encontrar uma atividade econômica aqui fora”, explica o diretor.



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