24/08/2010 12h37 - Atualizado em 22/01/2019 14h20

Nova metodologia para previsão de safra de café será apresentada no Espírito Santo

O panorama cafeeiro do Brasil pode sofrer alterações. Já a partir do próximo ano, novas bases metodológicas serão utilizadas para estabelecer a estimativa de safra de café em todo o Brasil. E os novos critérios científicos e estatísticos serão apresentados em primeira mão no Espírito Santo, nesta terça-feira (24), durante um workshop sobre o assunto, realizado pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura, Aquicultura, Abastecimento e Pesca (Seag), em parceria com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O evento será no Centro de Comércio de Café de Vitória, a partir das 9h30 e a participação é gratuita e aberta ao público.

O encontro irá reunir toda a cadeia produtiva do café, e terá a presença do secretário de Estado da Agricultura, Enio Bergoli, do presidente do Incaper, Evair Vieira de Melo, do diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, Silvio Isopo Porto, e do superintendente da Conab no Espírito Santo, Brício Alves Junior.

De acordo com o presidente do Incaper, Evair Vieira de Melo, é muito importante ter cuidado quanto a mensuração de safra de café nacional, já que esta informação interfere nas políticas de preços, no mercado, no consumo, na produção, na organização e na mobilização dos setores da cadeia.

“A partir da nova metodologia, serão utilizados métodos estatísticos e bases amostrais mais modernos, que levarão a uma previsão de safra mais próxima da realidade e também mais rica em informações. Além disso, a partir do próximo ano, a metodologia de mensuração será obrigatoriamente igual em todos os estado brasileiros”, afirma Evair.

No evento, os participantes poderão entender como será a coleta de dados, onde serão feitas as amostras e o que muda na nova metodologia em relação à antiga.

“A coleta de dados é realizada em 1% dos estabelecimentos que produzem café. No Espírito Santo isso representa um total de 608 amostras, sendo 330 propriedades de Conilon e 276 de arábica, que representam toda a cafeicultura capixaba. Para defini-las, foram levados em consideração 80 estratos diferentes, ou seja, 80 situações distintas, como tamanho da propriedade, nível tecnológico empregado, quantidade produzida, produtividade, tamanho da família, entre outros fatores”, explica o coordenador do programa estadual de cafeicultura e pesquisador do Incaper, Romário Gava Ferrão.

Segundo Romário, além da nova metodologia ter maior rigor científico, o novo questionário aplicado aos produtores será mais completo. Ele aborda - além da área plantada, produção e produtividade - outros fatores que afetam a produção, como problemas de seca, doenças, preço, uso de tecnologias, entre outros dados. “Será possível, por exemplo, mensurar a área irrigada no Estado”, afirma.

Para o pesquisador, é possível que a nova metodologia traga algum resultado diferente do atual quanto ao panorama da cafeicultura nacional, o que só poderá ser confirmado após a aplicação da nova técnica.

Após o Espírito Santo, todos os estados produtores de café no Brasil receberão o workshop.

Treinamento

Das 14 às 16 horas, 70 técnicos do Incaper e da Conab, que trabalham na coleta dos dados nos municípios capixabas para a previsão da safra de café, receberão um treinamento para aplicação da nova metodologia. A capacitação será no auditório da sede do Incaper, em Bento Ferreira, e as instruções ficarão por conta de profissionais da Conab, de Brasília, e do Incaper.

Cafeicultura no Espírito Santo

O Espírito Santo ocupa menos de 0,5% do território brasileiro. Nessa pequena área, está inserida uma das mais imponentes cafeiculturas do mundo, numa área aproximada de 500 mil hectares, que são responsáveis pela produção anual de 11,8 milhões de sacas, oriundas de 60 mil propriedades (das 90 mil existentes). Essa produção coloca o Espírito Santo como o segundo maior produtor do Brasil, com 25% da produção nacional. Quando se trata apenas do Conilon, o Estado fica em primeiro lugar, com 70% da produção nacional. Se fosse um País, o Espírito Santo seria o terceiro maior produtor mundial, perderia apenas para próprio Brasil e o Vietnã. 

Assim o agronegócio café é uma das principais atividades na geração de renda e empregos. Ele está presente em todos os municípios, exceto Vitória, sendo o maior empregador capixaba. É a principal atividade em 80% dos municípios e representa, sozinho, 43% do PIB agrícola do Estado. A cadeia é a maior empregadora por intermédio da geração de aproximadamente 400 mil postos de trabalhos por ano. Só no setor de produção são envolvidas 131 mil famílias. A produção que gera esse grande negócio é obtida prioritariamente por produtores de base familiar.

No Espírito Santo, 75% da produção são de café Conilon e 25% de arábica. O café Conilon é plantado em 64 municípios, em regiões quentes, em altitudes inferiores a 500 metros. Os maiores produtores são Vila Valério, Jaguaré, Sooretama, Linhares, Rio Bananal, São Mateus, Nova Venécia, Pinheiros São Gabriel da Palha, cuja produção de cada município é superior a 400 mil sacas por ano. Muitos cafeicultores alcançam rendimentos superiores a 100 sacas beneficiadas/ha, enquanto, que a média do Estado é de 26 sacas/ha.

O café arábica é plantado em 49 municípios, em regiões frias, em altitudes superiores a 500 metros. Os maiores produtores são Brejetuba, Iúna, Vargem Alta, Ibatiba, Afonso Cláudio, Irupi e Muniz Freire, cuja produção de cada município é superior a 120 mil sacas por ano. Muitos cafeicultores desses locais, alcançam rendimentos superiores a 40 sacas beneficiadas/ha, enquanto, que a produtividade média é de 16 sacas/ha.

Programação

09h00 - Abertura
Paulo Hartung - Governador do Estado do Espírito Santo
Enio Bergoli - Secretário de Estado da Agricultura
Evair Vieira de Melo - Diretor-presidente do Incaper
Sílvio Isopo Porto - Diretor de Política Agrícola e Informações da Conab
Brício Alves dos Santos Junior - Superintendente da Conab-ES

09h30 – Palestra:
NOVA METODOLOGIA DE PREVISÃO DE SAFRAS DE CAFÉ NO BRASIL/ES
Valéria Maria Rodrigues Fachine - M.Sc. Estatística, professora da Universidade Católica de Brasília - UCB Consultora PNUD/CONAB

10h30 - Palestras
MAPEAMENTO DAS LAVOURAS DE CAFÉ NAS PRINCIPAIS REGIÕES PRODUTORAS DO BRASIL/ES
André Luiz Farias de Souza - D.Sc. Meteorologia - USP, consultor de sensoriamento remoto e
agrometeorologia do PNUD/CONAB

NAVEGADOR GEOGRÁFICO PARA LEVANTAMENTO, ORGANIZAÇÃO DE DADO E MAPEAMENTO DE LAVOURAS DE CAFÉ NO ESPÍRITO SANTO
- Leandro Roberto Feitoza - Pesquisador do Incaper, Geobase/UC/Incaper
- Mario Sartori - Geógrafo do Idaf
- Hideko Nagatani - Especialista em SIG - Geobase/UC/Incaper
- Elizabethe Rodrigues Teubnen - Bióloga do Idaf

11h30 - Debate

12h00 - Almoço

14h00 - Treinamento para aplicação da nova metodologia de previsão de safra de café para o Estado do Espírito Santo
               Público: Técnicos do Incaper e Conab
               Local: Auditório do Incaper, Vitória, ES
16h00 - Encerramento

 



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