11/11/2010 16h45 - Atualizado em 18/01/2019 15h26

Nova variedade de mamão representa economia para os produtores rurais

O Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura, apresenta, nesta sexta-feira (12), uma novidade que pretende melhorar a vida dos agricultores familiares capixabas. Trata-se do lançamento de uma nova variedade de mamão desenvolvida pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) após 12 anos de pesquisas: o mamão 'Rubi Incaper 511', que tem como principal característica a possibilidade de reutilização de suas sementes.

A solenidade será na Fazenda Experimental do Incaper de Sooretama, a partir das 8 horas, e terá a presença do secretário de Agricultura, Enio Bergoli, e do diretor-presidente do Incaper, Evair de Melo, dentre outras autoridades, produtores rurais, técnicos, pesquisadores e público interessado. A estimativa é que cerca de 250 pessoas compareçam ao evento.

Na oportunidade, o pesquisador do Incaper e Doutor em Produção Vegetal, Laercio Francisco Cattaneo, que foi o profissional responsável pelo desenvolvimento do material, irá apresentar as características agronômicas da nova variedade. Além disso, o público poderá conhecer o campo experimental da variedade 'Rubi' e haverá a doação de 20g de sementes do mamão a cada participante.

Campo experimental.

O secretário de Estado da Agricultura, Enio Bergoli, destaca que o 'Rubi' representa a primeira variedade de mamão do grupo Formosa genuinamente capixaba e é uma alternativa economicamente vantajosa aos produtores rurais. “O Espírito Santo, é o segundo maior produtor de mamão do Brasil, com cerca de 8 mil hectares plantados da fruta. Investimos nessa variedade para que nossos agricultores agreguem valor ao seu produto, reduzam riscos comuns no transporte, já que a polpa do Rubi é mais consistente, e tenham possibilidade de melhorar sua geração de renda”, afirma Bergoli.

O grande diferencial do mamão 'Rubi Incaper 511' é a possibilidade de reutilização das sementes da própria lavoura em até três novos plantios. Essa facilidade dispensa a necessidade de despesa com a aquisição do material e também reduz a dependência de utilização de sementes importadas, em sua maioria provenientes da China.

O Espírito Santo possui 2.800 hectares ocupados com o mamão do tipo Formosa (frutos maiores), onde predomina nestes plantios a cultivar híbrida 'Tainung 01', importada de Taiwan. O custo de 1 quilo da semente Tainung, que é suficiente para plantar cerca de 10 hectares, gira em torno de R$ 6 mil. Já a nova variedade deverá ser comercializada por um valor que vai de R$ 1.000,00 a R$ 1.200,00 por quilo.

Além da economia, a variedade apresenta boas características comerciais, como peso, tamanho, consistência da polpa, cor e sabor. Neste aspecto, o mamão Rubi é similar à variedade Tainung, preferida pelo mercado.

A partir do lançamento, o Incaper pretende implantar novos campos de produção de sementes do mamão 'Rubi' para disponibilização do material aos produtores rurais.

De acordo com o diretor-presidente do Incaper, Evair de Melo, a nova variedade de mamão vem suprir uma grande lacuna existente no mercado em relação às cultivares de frutos grandes do tipo ‘Formosa' e atesta a responsabilidade do Instituto quanto a sustentabilidade da agricultura familiar capixaba.

“O lançamento do mamão 'Rubi' representa a conclusão vitoriosa de mais um ciclo de pesquisas desenvolvido pelo Incaper, a exemplo de várias outras variedades de sucesso já lançadas pelo Instituto, como os morangos 'Diamante' e 'Aromas', em 2009; o inhame 'São Bento', em 2008; o milho 'Capixaba', em 2007; o abacaxi 'Vitória', em 2006; as bananas 'Japira e 'Vitória', em 2005; e o Conilon 'Vitória, em 2004. Esperamos que esta nova conquista também seja colocada em prática pelos agricultores familiares capixabas e contribua para o desenvolvimento econômico do Espírito Santo”, afirma Evair.

Características

- Bom tamanho comercial. Em média, o fruto pesa 1,5 kg;
- Polpa grossa, com espessura média de três centímetros, o que proporciona bom aproveitamento dos frutos;
- Polpa firme, o que facilita o transporte;
- Sabor suave (grau Brix 10,2°);
- Polpa vermelha alaranjada;
- Casca sem manchas;
- Plantas vigorosas, com altura média aos oito meses após o plantio de 1,64 metro;
- Boa produtividade. Se bem conduzida, a variedade pode render 170 toneladas por hectare

Histórico

Desde a segunda metade da década de 1970, o Incaper trabalha na avaliação de novos genótipos de mamoeiro com o objetivo de disponibilizar aos agricultores cultivares mais produtivas e com frutos de boa aceitação comercial. No início da década de 1980, o Programa de Melhoramento Genético do Mamão do Incaper selecionou e recomendou a cultivar mamão do grupo ‘Solo’ ‘Improved Sunrise Solo – Line 72-12’, que foi amplamente plantada nas regiões produtoras do Espírito Santo.

Em 1998, na Fazenda Experimental de Sooretama, do Incaper, foram iniciados os trabalhos de seleção de genótipos promissores de mamoeiros do grupo ‘Formosa’ visando a obter novas variedades de polinização aberta por meio da autofecundação do híbrido comercial ‘Tainung 01’.

Desse trabalho, sobressaíram vários genótipos, sendo a variedade ‘Rubi Incaper 511’ selecionada por apresentar, em todos os experimentos e avaliações realizados em Sooretama e em outras cinco localidades do Estado do Espírito Santo, características agronômicas favoráveis e também boa qualidade de frutos.

De acordo com o pesquisador do Incaper, Laercio Francisco Cattaneo, a grande diferença da variedade 'Rubi' para a ‘Tainung 01’ é que esta última é híbrida e a primeira de polinização aberta, ou seja, se multiplica sozinha, não carece de cruzamentos controlados.

Segundo Cattaneo, as recomendações técnicas para o cultivo da ‘Rubi Incaper 511’, como época de plantio, espaçamento, adubação e controle de pragas e doenças, são aquelas mesmas tradicionalmente recomendadas para a cultura do mamoeiro. Para reutilização das sementes, basta plantar a variedade em locais isolados, distantes de outros pomares de mamão, selecionar as melhores plantas, coletar os frutos e retirar as sementes separadamente.

Mamão no Brasil

O Brasil é o principal produtor mundial de mamão, com produção de 1.890.286 toneladas de frutos em 2008 (IBGE, 2010). A cultura do mamão tem grande importância na economia brasileira, além de alavancar o aspecto social, como gerador de emprego e renda, absorvendo mão de obra durante o ano todo, pela constante necessidade de manejo, tratos culturais, colheita e comercialização, efetuados de maneira contínua nas lavouras. É a terceira fruta mais consumida no Brasil, sendo o consumo per capita pouco mais de 2 kg anuais, valor considerado ainda baixo por se tratar de uma fruta saborosa, excelente fonte de vitaminas e sais minerais.

O Estado do Espírito Santo, tradicional produtor de mamão, ocupa a segunda posição entre os estados produtores, com área plantada de 7.976 hectares e produção de 630.124 toneladas de frutos em 2008 (IBGE, 2010). Os plantios com cultivares híbridas do grupo ‘Formosa’ ocupam área de aproximadamente 2.800 ha, concentrando-se na Região Norte do Estado principalmente no município de Pinheiros. Predomina nesses plantios a cultivar híbrida importada de Taiwan ‘Tainung 01’, do Grupo Formosa.

Os frutos do mamão do tipo Formosa, por terem tamanho maior, são muito demandados em hotéis e casas de sucos, além do consumo in natura em famílias maiores.



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