27/03/2018 12h58 - Atualizado em 27/03/2018 13h11

Palácio Anchieta recebe lançamento do livro “Jerônimo Monteiro: sua vida e sua obra”

Foto: Leonardo Duarte/Secom-ES

A história capixaba ganhou uma nova obra de grande relevância para estudos e pesquisas, o livro “Jerônimo Monteiro: sua vida e sua obra”, lançado pelo Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES), na noite dessa segunda-feira (26), no Palácio Anchieta. Na solenidade, aberta pela Orquestra Sinfônica do Estado do Espírito Santo, 450 pessoas receberam gratuitamente a publicação e puderam conhecer um pouco mais os feitos de um dos governadores mais marcantes da política do Estado.  A edição, que faz parte da linha editorial Coleção Canaã, é uma versão ampliada da original, do ano de 1979, escrita pela historiadora Maria Stella de Novaes.

Em discurso, o governador Paulo Hartung destacou a importância dos capixabas prestigiarem melhor a própria história e parabenizou os organizadores pela riqueza de detalhes da obra. Hartung incentivou publicamente os historiadores que prestigiavam o evento e os representantes do Arquivo Público e da Secretaria de Cultura para produzirem novas obras detalhando a história dos gestores capixabas. “Temos um dever de casa. Precisamos democratizar a história de Jones dos Santos Neves e outras tantas lideranças de nosso Estado”, desafiou Paulo Hartung.

“No último domingo eu fiz a leitura desta obra sobre Jerônimo Monteiro. A publicação está belíssima. Quando vocês lerem o livro irão entender porque estou tocado. É uma bela viagem ao passado. Nós capixabas conhecemos pouco a nossa história e precisamos virar esse jogo. Para operarmos no presente e construirmos o futuro desejado, sonhado e que está escrito em nosso planejamento estratégico, precisamos permanentemente revisitar nosso passado, nossa trajetória e história”, completou o governador.

“Visionário, sonhador, realizador, planejador, estrategista, negociador, gestor, vulto, lenda. São muitos os adjetivos dedicados a Jerônimo de Sousa Monteiro, cachoeirense que governou o Espírito Santo de 1908 a 1912”, afirmou o diretor-geral do APEES, Cilmar Franceschetto. Para ele, Jerônimo Monteiro foi um governante que se colocou como um divisor de águas na trajetória espírito-santense e soube ler com perfeição a política do seu tempo. “Formulou legislação para questões técnicas e complexas para destravar a administração. Como um visionário do futuro, concebeu o Planejamento Econômico Integrado tornando-se o precursor do desenvolvimentismo”, disse, ressaltando, também, que coube à sobrinha de Jerônimo, Maria Stella de Novaes, que, quando menina, perambulava pelos corredores do Palácio Anchieta, a responsabilidade de relatar a vida do tio. “Mulher de grande sensibilidade, professora, poeta, que se tornou uma das nossas mais significantes historiadoras”.

O secretário de Estado da Cultura, João Gualberto Vasconcellos, recordou que em sua tese de doutorado, que gerou o livro “A Invenção do Coronel’, ele se deteve particularmente na vida de Jerônimo Monteiro. Para isso, a primeira edição do livro de “Dona Stelinha” – como era carinhosamente chamada – foi material de base para as suas pesquisas. “Conheço bem a obra, sua força e sua importância. Na presente edição ela ganha folego pelo belíssimo trabalho de seleção fotográfica feita pelo Arquivo Público, que deu outra dimensão à publicação. Chamando ainda mais a atenção para o grande estadista que foi Jerônimo Monteiro”. Em seu discurso, João Gualberto lembrou algumas das realizações do governador, dentre as quais, a luz e os bondes elétricos em Vitória, água encanada, o Parque Moscoso, os cemitérios de Santo Antônio e Maruípe e a transformação do antigo colégio jesuíta no Palácio Anchieta.

O evento contou também com a participação do escritor e empresário Carlos Fernando Lindenberg Filho, sobrinho-neto do homenageado. “Concretizou obras imprescindíveis, fundamentais e urgentes na infraestrutura estadual e promoveu efetivos avanços nas demais áreas pertinentes, como a reforma inovadora do ensino público e a construção de estradas e do porto de vitória. Além disso, estimulou a agricultura, onde, entre outras providências importantes, implantou a pesquisa agrícola e incentivou a cultura do café conilon”, destacou.

Maria Stella de Novaes

A historiadora Maria Stella de Novaes nasceu na cidade de Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, em 13 de agosto de 1894, e faleceu em 1981. Estudou no Colégio Nossa Senhora da Penha, em Cachoeiro de Itapemirim, e Nossa Senhora Auxiliadora, em Vitória. Fez cursos de pintura, piano, violino, francês, inglês, italiano, pedagogia, filosofia e liturgia. Foi professora de desenho, caligrafia, ciências naturais e história. Representou o Espírito Santo em diversos congressos e recebeu prêmios e condecorações. Foi membro do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo e uma das fundadoras da Academia Feminina Espírito-Santense de Letras. Publicou livros sobre botânica, pedagogia, história, folclore e literatura.

O historiador Fernando Achiamé foi o responsável pelo capítulo extra da nova edição, no qual discorre sobre a presença de Maria Stella de Novaes na cultura capixaba. Segundo afirma, Jerônimo Monteiro soube diagnosticar as necessidades do seu estado e aplicar as medidas corretas para satisfazê-las. Sua antevisão carregava algo de profético e procurou ultrapassar a realidade capixaba de então – “um deserto de homens e ideias” e foi pioneiro em muitas áreas.

“Se Jerônimo Monteiro pensou grande o Espírito Santo, sua sobrinha pensou grande o passado do nosso estado. Maria Stella de Novaes também conjugou o binômio paz e progresso. Almejava a paz social, mas lutava para que as instituições fossem reformadas em direção da modernidade, sobretudo do “progresso feminino”, para usar uma expressão de sua época. Pioneira em muitos campos do conhecimento, ela sofreu bastante. Sofreu por aos quatro anos ter ficado órfã do pai numa sociedade patriarcal; por ser solteira, quando naquele tempo o destino das moças era casar e ter filhos; por ser mulher adiante do seu tempo; por ser professora que lutava por avanços pedagógicos em meio a incompreensões e por produzir trabalhos intelectuais sobre temas inéditos, antes reservados à pena e ao exclusivo domínio masculino”, pontuou o historiador.

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