18/09/2019 17h33

Pesquisa aponta que a cevada cervejeira tem potencial de cultivo no Espírito Santo e pode ser opção de mercado

Com a expansão do mercado de cervejas artesanais, a recomendação de cultivares de cevada cervejeira com bom potencial produtivo no Espírito Santo pode se tornar uma nova alternativa tecnológica para os agricultores.

Visando dar mais estimulo a esse mercado, uma pesquisa desenvolvida pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), coordenada pelo pesquisador e Doutor em Agroecologia da Instituição, Jacimar Luis de Souza e com o apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), avaliou o comportamento agronômico e a qualidade de três cultivares de cevada, no município de Domingos Martins, no ano de 2017.

As três cultivares de cevada avaliadas foram: “cv. BRS Kalibre”, “BRS Brau” e “BRS Sampa”, são oriundas do programa de melhoramento genético da Embrapa-Trigo, na região serrana do Estado, localizadas em uma altitude de 950m.

Jacimar Souza contou que atualmente a produção de cevada está concentrada na região Sul do Brasil, entretanto, a Embrapa, por meio do seu programa de melhoramento genético, tem desenvolvido cultivares de cevada com potencial produtivo para outras regiões brasileiras, como locais de altitude do sudeste brasileiro.

O programa enfoca o melhoramento genético para cevada cervejeira que possuem duas fileiras de grãos nas espigas, que são aquelas mais eficientes para a produção de cerveja. Cultivares com 6 fileiras de grãos são mais utilizadas para alimentação animal e humana.  

Segundo o pesquisador, os níveis de produtividade de grãos obtidos foram satisfatórios comparados aos rendimentos observados em outras regiões.

“O número de grãos por espiga não se diferenciou entre as cultivares, mas o peso de mil grãos variou significativamente, com destaque para a cv. BRS Kalibre, com média de 59,3 g, contra 55,6 g e 51,8 g das cultivares BRS Brau e BRS Sampa, respectivamente. Os níveis de produtividade surpreenderam em relação a outras regiões, com médias de 4.870, 4.977 e 5.593 kg ha-1 para as cultivares BRS Sampa, BRS Brau e BRS Kalibre”, explicou.

A pesquisa também mostra que os grãos de cevada mostraram-se adequados à transformação em malte cervejeiro, uma vez que todas as cultivares apresentaram mais que 85% dos grãos classe 1 (maior que 2,5mm), poder germinativo acima de 95% e teores de proteína na faixa de 9,0 a 12,0%.

Malte de cevada

Segundo informações de um estudo sobre o melhoramento de espécies cultivadas, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), o mercado de cervejas artesanais tem crescido muito nos últimos anos no Brasil, aumentando a demanda por insumos, especialmente pelo malte de cevada, considerado a base do sistema produtivo.

O vice-presidente da Associação dos Cervejeiros Artesanais do Espírito Santo (ACervA – ES), o empresário Lucas Lacerda, lembrou que a expectativa para o cenário cervejeiro nos próximos anos é que ele cresça cada vez mais, inspirando-se no mercado americano, afim de buscar o equilíbrio das vendas de cervejas comerciais do país.

“A produção de insumos cervejeiros é, em sua grande maioria, importada. E já que a cevada é um commodity, ou seja, mercadoria, trata-se de um produto que é cotado em dólar e, por este motivo, é encarecido no Brasil. Já existe uma produção de cevada de malte nacional, porém ainda é incipiente e com o aumento da produção existiria uma relativa baixa do custo no Brasil, aquecendo o mercado e tornando a bebida um produto mais acessível. Contudo, é preciso investir em maltearias para transforma-la em malte que é a matéria prima para cerveja", lembrou Lacerda.

Em junho deste ano, um campo demonstrativo da cultivar mais produtiva, a BRS Kalibre, foi plantado na área experimental da Unidade de Agroecologia do Incaper, e já está em fase de formação de espigas. Interessados podem visitar a Unidade.

Para mais informações sobre a pesquisa, basta acessar o link da Biblioteca Rui Tendinha: https://bit.ly/2mbl8Z0

Texto: Tatiana Toniato Caus

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