Polícia Civil inicia ações para o enfrentamento da violência contra a mulher em 2017
As ações para este ano do Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Elaboração de Ações para o Enfrentamento à Violência (NIEV) da Polícia Civil foram iniciadas nessa terça-feira (31), durante uma reunião com o chefe de Polícia, delegado Guilherme Daré. Na ocasião, foram apresentados os dados alcançados em 2016 com o projeto “Homem que é Homem”, coordenado pelo NIEV.
A reunião foi realizada no gabinete da chefia de Polícia, em Vitória, e além das integrantes do Núcleo, também estavam presentes o superintendente de Polícia Regional Metropolitana e coordenador do NIEV, delegado Sérgio Mello, e a gerente de Proteção à Mulher da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Sesp), Mirian Cortez.
Segundo os dados analisados pela equipe do Niev, dos homens que foram intimados a participar da primeira reunião do projeto no ano passado, 62,6% aderiram voluntariamente, enquanto que em 2015 esse número foi de 56%. Em 2016, entre os voluntários, 55,3% deles concluíram todas as etapas do projeto que visa promover a reflexão junto ao homem agressor sobre a responsabilidade dele na construção de uma sociedade de paz e outras formas de resolução de conflitos.
“Entre os participantes houve apenas dois casos de reincidência, o que nos mostra que estamos atingindo nossos objetivos que é reduzir os casos de reincidência de violência contra a mulher”, ressaltou Ana Paula Patrocínio, psicóloga da Polícia Civil e integrante do Niev.
Após a apresentação dos dados, foram definidas as ações do Niev para 2017. Entre elas está a elaboração de um seminário para apresentação do projeto para outros órgãos. “A ideia é buscar parceiros para conseguirmos expandir nossas ações em todo o Estado e aumentar o número de pessoas atendidas. Para isso, vamos mostrar como funciona o projeto ‘Homem que é Homem’ para as prefeituras do Espírito Santo”, afirmou o chefe de Polícia.
Além disso, foram estipuladas as metas para 2017, como a realização dos sete ciclos do projeto “Homem que é Homem” e os serviços de apoio, como as análises dos resultados do projeto. “O primeiro ciclo do projeto está marcado para ser iniciado no dia 07 de março”, informou o delegado Sérgio Mello.
NIEV
Criado em abril de 2015, o Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Elaboração de Ações para o Enfrentamento à Violência (NIEV) tem como objetivo desenvolver projetos, pesquisas e ações utilizando uma abordagem interdisciplinar na discussão das relações que envolvam as violências, visando à prevenção da violência e à redução dos índices de violência contra a mulher.
Sob a responsabilidade administrativa da Polícia Civil, o NIEV é composto por psicólogos e assistentes sociais da Polícia Civil alocados nas Delegacias, bem como por profissionais de áreas afins da Polícia Civil, que se reúnem, mensalmente, para emitir relatório das ações desenvolvidas e execução de projetos e analisar os dados estatísticos fornecidos pelos Distritos Policiais de Atendimento à Mulher.
“Homem que é Homem”
Lançado em 2015 e idealizado por psicólogas e assistentes sociais da Polícia Civil, o projeto “Homem que é Homem” foi desenvolvido para reflexão e responsabilização de homens autores de violência doméstica. A ação tem por objetivo contribuir para a redução do índice de reincidência de violência contra a mulher.
Para isso, homens agressores que foram denunciados nos Distritos Policiais de Atendimento à Mulher são convocados a participar de um ciclo de palestras com temas voltados para a desconstrução de ideias sexistas e machistas, a fim de estimular formas pacíficas de lidar com os conflitos.
As reuniões acontecem uma vez por semana e totalizam cinco encontros, incluindo a de apresentação do projeto. Estes homens participam de encontros organizados por uma equipe psicossocial da Polícia Civil. O primeiro acontece por meio de intimação judicial, mas, depois, a permanência e frequência aos outros quatro encontros é voluntária. Em cada um são apresentados conceitos para uma cultura de respeito e não violência.
Os temas abordados contemplam relações de gênero, formas pacíficas de lidar com os conflitos, identificação e reflexão a respeito das violências nas relações, bem como aspectos relativos à relação familiar, propondo pensar o espaço subjetivo ocupado na família como um lugar democrático de convivência.
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