Professores do sistema prisional estão entre finalistas do Prêmio Shell de Educação Científica

Dois professores da Secretaria da Educação (Sedu) que atuam no sistema prisional estão entre os finalistas do Prêmio Shell de Educação Científica. A iniciativa busca incentivar e valorizar professores das áreas de Ciências e Matemática dos Estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro, com a premiação de projetos de educação inovadores e com metodologias diferenciadas.
Rodrigo da Vitória Gomes, professor de Química no Centro de Detenção e Ressocialização de Linhares (CDRL), é um dos finalistas do prêmio com o projeto “Educação que Liberta no Ensino de Química: A utilização da História da Ciência para Abordagem da Tabela Periódica no Sistema Prisional”, desenvolvido com alunos internos do Ensino Médio. O CDRL é vinculado à Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Professor Manoel Abreu, também em Linhares.
De acordo com o professor Rodrigo da Vitória Gomes, o estudo da Tabela Periódica é sempre um grande desafio, devido ao fato de os alunos não entenderem as propriedades periódicas atreladas a como os elementos foram organizados. “Em nosso trabalho buscamos abordar a história da química na classificação dos elementos, construindo juntamente com o aluno uma compreensão e apropriação dos conhecimentos que foram utilizados para a construção da tabela periódica. Dessa forma, realizamos diversas atividades que permitem aos alunos chegarem a resultados bem próximos aos organizadores da tabela periódica atual. Assim, o aluno é motivado a conhecer aspectos tão particulares dos elementos químicos, favorecendo seu aprendizado”, explica Rodrigo da Vitória Gomes.
Ainda segundo o professor, a metodologia utilizada para os alunos internos da modalidade Educação para Jovens e Adultos (EJA), proporciona uma forma diferente de pensar, mais significativa para a realidade do aluno. “Estar entre os finalistas é um reconhecimento maravilho do nosso trabalho. É uma oportunidade de mostrar o quão grandiosa é a nossa educação nas prisões. E, principalmente, poder dizer que fazemos ciência dentro das prisões. Não precisamos de laboratórios equipados ou altas tecnologias, podemos fazer a diferença em qualquer lugar”, ressalta.
Alyson Torres de Barros, professor da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Misael Pinto Netto, leciona Química e Ciências e desenvolveu em parceria com a escola Ermentina Leal, que atua no Centro de Detenção Provisória de Aracruz (CDPA), o projeto "Lavando o Amanhã” com estudantes internos do 1° e 2° segmentos da Educação de Jovens e Adultos (EJA). O professor afirma que o projeto começou a ser desenvolvido em 2018, quando o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) e de Vigilância Ambiental da Prefeitura de Aracruz, recebia com frequência demandas e ocorrências de escorpiões amarelos no município.
“Uma das orientações para combater a alta incidência dos escorpiões é evitar ambientes propícios a insetos invertebrados que servem como alimento para o escorpião, mantendo a manutenção e limpeza dos ambientes. Pensando em ações colaborativas e educacionais junto à comunidade escolar e a sociedade de um modo geral, criamos o projeto Lavando o Amanhã, que foi estendido em 2019 aos estudantes internos com a realização de oficina de produção de sabão com o uso de óleo de cozinha já utilizado. Devido à alta incidência de escorpiões no município, a iniciativa orienta para o descarte adequado do óleo, a fim de que o produto deixe de atrair os insetos e seus predadores em áreas domésticas, evitando acidentes.”
Para Barros, essa é uma iniciativa que propicia experiências diversificadas e a produção do conhecimento. “Além disso, mostra aos estudantes que é possível empreender com o reaproveitamento de resíduos e ter uma visão mais sustentável. O grande potencial inovador foi que, com essas ações, conseguimos cativar alguns estudantes para a área da ciência, mostrando que a educação é um caminho a ser seguido para reintegração na sociedade”, frisa.
O projeto tem muitas abordagens que incluem educação em Química, meio ambiente, economia doméstica, reintegração na sociedade, entre outras. De acordo com o professor, estar na final de um prêmio voltado para a educação científica é extremamente satisfatório.
“Me sinto imensamente feliz por desenvolver esse trabalho transdisciplinar, totalmente experimental com esse grupo de estudantes em privação de liberdade. Afinal, a educação de qualidade é um direito de todos e ela precisa ser libertadora. Dessa forma, o projeto abriu novos caminhos jamais imaginados por essa comunidade, demonstrando, em sua execução, a possibilidade de continuarem estudando, concluírem o Ensino Básico e futuramente poderem cursar uma universidade. Como professor de ciências, me sinto na obrigação de cativar cada vez mais estudantes para essa área considerada difícil e desinteressante, estimulando o crescimento pessoal e profissional”, enfatiza o professor.
Sobre o Prêmio Shell
O Prêmio Shell de Educação Científica, criado em 2014, busca incentivar e valorizar professores das áreas de Ciências e Matemática, premiando projetos de educação inovadores que, por meio de metodologias diferenciadas, imprimam novas formas de ensinar e de aprender. Professores das Redes Públicas (federal, estadual e municipal) no Rio de Janeiro e no Espírito Santo podem participar da iniciativa, nas categorias Ensino Fundamental ll, por professores de Ciências e Matemática e no Ensino Médio, que incluem professores de Biologia, Física, Química e Matemática.
Os ganhadores do Prêmio receberão uma viagem educativa a Londres, na Inglaterra, onde os professores farão uma imersão na área das Ciências, além de premiações em dinheiro que variam de R$ 4.000,00 a R$ 8.000,00. As escolas dos professores vencedores também são premiadas com equipamentos.
Informações à Imprensa:
Assessoria de Comunicação da Sejus
Sandra Dalton / Karla Secatto
(27) 3636-5732 / 99933-8195 / 98849-9664
imprensa@sejus.es.gov.br