Projeto Escritor Residente está de volta à Biblioteca Pública do Espírito Santo
Autor de obras como os romances “Aninhanha” e “Menino” e do livro de contos “A última noite”, entre outros títulos, Pedro J. Nunes está de volta à Biblioteca Pública do Espírito Santo, na Praia do Suá, em Vitória, para retomar o projeto Escritor Residente, com sessões de produção literária e conversas sobre literatura produzida no estado com as turmas de escolas que visitam o espaço.
Nascido em Ibitirama, no sul do estado, Pedro J. Nunes passou a infância e a adolescência em São José do Calçado, até mudar-se para Vitória, em 1981, de onde não saiu mais. Formado em Letras pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), é também membro do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo (IHGES) e da Academia Espírito-Santense de Letras.
O Projeto Escritor Residente é uma iniciativa que visa aproximar o público do universo da produção literária, mostrando aos visitantes da Biblioteca Pública Estadual, em especial as crianças e adolescentes, como é a rotina de um escritor.
Escolas interessadas em visitar a Biblioteca Pública do Espírito Santo, a fim de conhecer de perto tanto o projeto quanto o trabalho de Pedro J. Nunes, podem agendar horário pelo e-mail difusaocultural.bpes@secult.es.gov.br.
“Fundamentalmente, eu me considero escritor no momento em que estou escrevendo. O escritor se realiza também no momento em que é lido, mas isso nem sempre lhe é dado saber, uma vez que a relação com o leitor é distante e silenciosa. É inevitável que, uma vez tendo escrito e sido lido, o título de escritor me acompanhe. Por causa disso, muitas das atitudes do cidadão são mescladas às atitudes do escritor”, diz Pedro J. Nunes.
Segundo ele, atuar como escritor residente da biblioteca traz a possibilidade de ser reconhecido mesmo estando fora de seu ofício. “De certa forma, é uma vitrine muito significativa. No entanto, não reassumi a atividade com esse objetivo. É que aqui, mesmo alçado ao estado de escritor residente, muito mais é o cidadão, inserido na sua comunidade, que está em ação. Ser um escritor é apenas uma vantagem para as minhas realizações nesse caso”, ressalta.
A gerente de Formação, Livro e Leitura, Ana Laura Nahas, afirma que a literatura tem como uma de suas missões despertar nos leitores a capacidade de sonhar. De acordo com ela, ao conversar com um autor experiente e de grande sensibilidade, como Pedro J. Nunes, as crianças, em especial, são estimuladas a ler e a conhecer a diversificada produção literária do Espírito Santo. “Muitas, inclusive, começam a pensar na possibilidade de também escreverem depois desse encontro. Pedro encara com carinho e desenvoltura a tarefa de contribuir para a formação de leitores e cidadãos que passam pela Biblioteca Pública Estadual.”
Pedro J. Nunes acrescenta que uma biblioteca está cheia de “escritores inertes”, esperando que usuários os retirem das estantes e os façam viver a partir da relação extraordinariamente mágica que há entre eles e seus leitores. Um escritor residente, no entanto, ele reforça, é um autor vivo circulando entre as estantes e outros ambientes da biblioteca, e interagir com ele pode ter um forte significado na vida das pessoas que frequentam o local.
“Eu reassumo a posição de escritor residente como um cidadão que, apaixonado pela leitura desde a infância, sabe o poder que ela tem na vida das pessoas. É muito mais um gesto de cidadania do que propriamente de escritor. Eu poderia, sem nenhum equívoco, ser chamado de leitor residente, disposto a compartilhar minha crença no poder dos livros com todos os usuários que comigo desejem interagir”, completa o escritor.
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