15/09/2010 21h24 - Atualizado em 21/01/2019 16h46

Qualidade do café é tema de destaque durante o 10º Simpósio Regional de Cafeicultores do Caparaó

Produzir café de qualidade: esse é o caminho. Esse foi o foco que norteou as discussões do 10º Simpósio Regional de Cafeicultores do Caparaó, nesta quarta-feira (15), no armazém da Cooparaíso, em Alegre. O objetivo dos especialistas, que frisaram a importância das boas práticas agrícolas de cultivo e colheita, é conscientizar os agricultores dentro da perspectiva de que o sucesso na atividade cafeeira está na qualidade da produção.

O evento é uma realização do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), em parceria com a Prefeitura do município, a Cooparaíso e o Centro de Desenvolvimento Tecnológico do Café (Cetcaf).

Nesta quarta-feira (15), os cerca de 300 cafeicultores e estudantes da região, participantes no evento, contaram com a presença do experiente e renomado produtor café arábica do Norte do Paraná, José Luiz Haffers. Para o produtor, o Espírito Santo ainda pode crescer um pouco em quantidade de café, mas ainda precisa crescer muito em qualidade. “A quantidade é uma ilusão, e a qualidade, uma realidade. A qualidade vale, o café ruim custa”, afirma.

José Luiz Haffers

Segundo ele, com qualidade, o produtor pode aumentar em mais de 50% sua rentabilidade. “No mercado de Santos (SP), o preço do café varia de R$ 200,00 a R$ 480,00 a saca, de acordo com a qualidade do produto. O que nós vendemos é sabor e satisfação, e o consumidor paga pela satisfação. O que precisamos é atingir este mercado. É melhor produzir menos com qualidade do que muito de qualquer jeito. A grande meta do Espírito Santo deve ser alcançar a qualidade ”, completa Haffers.

O presidente do Incaper, Evair de Melo, também falou aos produtores sobre a importância da mudança de comportamento quanto a utilização das práticas adequadas de cultivo, com o objetivo de atingir a qualidade e obter maior sucesso na atividade, com aumento de rentabilidade e qualidade de vida para as famílias dos produtores. “Por meio do conhecimento e da informação – proporcionados em encontros como este - é que os produtores terão respaldo para tomada de decisões. A educação é o caminho para a mudança de comportamento e para a consequente prosperidade na atividade”, afirma Evair.

Evair de Melo

Segundo o presidente do Incaper, é preciso ter cuidado quanto ao manejo da lavoura, colheita e pós-colheita. “Fazer análise de solo, realizar a adubação, a poda, irrigação, não colher café verde e realizar a secagem da forma adequada, sem queimar o grão devido à alta temperatura nos secadores, são alguns dos pontos que contribuem para a qualidade do café”, alerta.

Para o superintendente do Centro de Desenvolvimento Tecnológico do Café (Cetcaf), Frederico de Almeida Daher, o evento é de fundamental importância para o setor cafeeiro do Estado, tendo em vista que na Região do Sul e do Caparaó é que são produzidos mais de 50% do café arábica capixaba. “O evento vem chamando a atenção dos cafeicultores para as mudanças que se fazem necessárias, que são: consolidar as práticas agrícolas da cafeicultora sustentável, divulgar o programa do Governo - Renovar Arábica, e mostrar ao produtor que o caminho da qualidade do café é sem volta”, afirmou.

Além das apresentações, os participantes puderam visitar a exposição de máquinas, equipamentos e produtos agrícolas voltados à região e ainda estandes de empresas ligadas ao setor. O espaço serviu também para troca de informações e negociações.

Adensamento de lavouras

A pesquisadora do Incaper, Maria Amélia Ferrão, falou sobre as variedades de café arábica, recomendadas para a região do Caparaó, esclarecendo quais são as mais adequadas para cada situação. Além disso, outro foco da sua apresentação foi o adensamento da lavoura, nova tecnologia que proporciona aumento de produtividade por meio do aumento do número de plantas por hectare.

“O adensamento contribui para elevar a produtividade. No Paraná, onde foi desenvolvida a tecnologia, foi observado um aumento de 7 sacas por hectare para 28 sacas por hectare, por meio da técnica. O ideal é ter no mínimo 5 mil plantas por hectare. Hoje, a média capixaba é de 3,8 mil plantas por hectare, o que significa a necessidade de renovação das lavouras antigas sob bases tecnológicas mais modernas”, afirma.

Maria Amélia Ferrão

Programa ‘Renovar Arábica’

O ‘Renovar Café Arábica’ tem como o objetivo renovar e revigorar lavouras de cafés arábicas do Estado do Espírito Santo, com foco no aumento da produtividade, melhoria da qualidade do produto e de processos, visando a oferecer maior sustentabilidade da atividade.

O programa abrange 49 municípios, e uma área de aproximadamente 190 mil hectares em mais de 20 mil pequenas propriedades de base familiar e está inserido no Programa de Cafeicultura Sustentável, baseado no Novo Pedeag – 2007 – 2025.

Dentre as metas estão: a renovação de 100% do parque cafeeiro de arábica com variedades recomendadas e com a utilização de boas práticas agrícolas; a ampliação da cobertura florestal em áreas vulneráveis; a elevação da produtividade média da cafeicultura de arábica de 14,6 sacas beneficiadas/ha para 22,6 sacas; o aumento da produção que se encontra nos últimos cinco anos, entre 1,8 a 2,5 milhões de sacas, para 4 milhões de sacas, sem aumentar a área plantada.

Em três anos, 10% do parque cafeeiro do Estado foi renovado, usando boas práticas agrícolas, adotando tecnologias mais modernas e maior adensamento das lavouras. Isso culminou em um aumento de 35% da produção e 30% da produtividade sem aumentar a área plantada.

Além disso, a ampliação da produção de café superior de 300 mil sacas para 1 milhão de sacas por ano; a implantação de salas de provas de café arábica em todos os municípios; e a ampliação da exportação de café com valor agregado.




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