Redes agroalimentares: produção e consumo de alimentos são tema de debate no ES
A produção e o consumo de alimentos na atualidade foram tema de discussão na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) nesta quinta-feira (10), em Vitória (ES). O professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Sérgio Schneider e o professor da Ufes André Michelato participaram de um debate sobre redes agroalimentares e sustentabilidade.
Na abertura, o vice-governador César Colnago destacou a importância da realização do evento. “O debate sobre a alimentação está relacionado à saúde da população. Por isso, essa discussão vai muito além da produção de alimentos no campo, mas envolve os hábitos alimentares nas cidades e a necessidade de ampliar o consumo de produtos saudáveis e de qualidade”, afirmou.
O Gerente de Produção Vegetal e Agroecologia da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), Marcus Magalhães, reafirmou a importância da agricultura familiar no processo de criação das cadeias curtas de comercialização. “Os consumidores da Grande Vitória têm se beneficiado com as feiras orgânicas e agroecológicas, uma política que tem crescido consideravelmente nos últimos anos. Essa é uma das maneiras de incentivar e valorizar os agricultores familiares ao mesmo tempo em que os consumidores têm a garantia de acesso a produtos saudáveis”, disse Marcus.
O diretor-técnico do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Mauro Rossoni Júnior, disse que os modelos de cadeias curtas estão adquirindo cada vez mais credibilidade. “Com as discussões sobre as redes agroalimentares, estamos estimulando e disseminando a ideia de que o consumo dos alimentos saudáveis e produzidos de forma sustentável passa a ter mais mercado, o que aproxima o agricultor e do consumidor. É um assunto novo e que precisa ser debatido constantemente”, afirmou.
Modelos de produção e cadeias curtas
Durante a palestra, o professor Sérgio Schneider abordou os desafios da produção de alimentos no século XXI e destacou que é preciso combinar as questões alimentares com a saúde e o meio ambiente. “A alimentação não é mais apenas uma questão de produção, mas de nutrição saudável e sustentável. Tanto é que um dos principais problemas nutricionais enfrentados no país é a obesidade. O grande desafio consiste em produzir alimentos para nutrir, que sejam bem limpos e saudáveis”, explicou o professor.
A fim de superar esse desafio, ele disse que é preciso adotar novas estratégias de abastecimento e mudar a relação com os consumidores, o que pode ser proporcionado pelas cadeias curtas de comercialização de alimentos. “O poder público, o mercado e a sociedade civil são protagonistas importantes nesse processo de reinventar modelos de comercialização. Cada vez mais os consumidores querem saber de onde vêm os alimentos consumidos e de que forma eles são produzidos. Isso também valoriza a produção da agricultura familiar”, disse Schneider.
O professor da Ufes André Michelato problematizou a questão do atual modelo de produção de alimentos no Espírito Santo e destacou elementos necessários para alavancar as cadeias curtas de comercialização no Estado. “É necessário incentivar a agroecologia, avançar na certificação dos produtos orgânicos, ampliar a agroindustrialização como forma de agregação de valor, identificar outros arranjos de comercialização para a agricultura familiar e valorizar os mercados institucionais, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). São ações que tendem a colaborar para o avanço das cadeias curtas de comercialização”, ponderou o professor.
Durante o debate, o assessor de projetos da Vice-governadoria Luiz Carlos Bricalli problematizou a questão do novo rural. “Diante de todos os desafios apresentados, é preciso olhar as transformações do meio rural. A multifuncionalidade da agricultura vai muito além da produção de alimentos e passa a ter o papel de espaço de cultura, lazer e identidade, o que é responsável por criar novas possibilidades e oportunidades no meio rural para a agricultura familiar. Por isso, a importância de o Estado em incentivar e apoiar esses novos arranjos produtivos que se apresentam no novo rural”, explicou.
Ao final do evento, ocorreu o lançamento do livro “Cadeias curtas e redes agroalimentares alternativas: negócios e mercados da agricultura familiar”, organizado pelos professores Márcio Gazolla e Sérgio Schneider e publicado pela editora da UFRGS, com venda de exemplares no local.
Durante todo o evento, alguns agricultores familiares expuseram seus produtos de agroindústria e também in natura no local, a fim de representar esse processo das cadeias curtas de comercialização.
Debate em Venda Nova do Imigrante
A discussão dessa temática terá continuidade nesta sexta-feira (11). Um debate sobre “O papel dos atores locais na construção de mercados alternativos” ocorrerá às 15 horas, no auditório do Centro de Referência em Assistência Social (CRAS), em Venda Nova do Imigrante, e contará com a presença do professor Sérgio Schneider.
No período da manhã, estão sendo realizadas visitas técnicas a estabelecimentos rurais do município. O ponto de encontro para saída dos participantes ocorreu na Casa de Informação ao Turista, no Centro da cidade, às 10 horas.
Essas atividades são uma realização do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), da Vice-governadoria do Estado e da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag).
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