30/08/2023 11h41

Sabonete antibacteriano criado por pesquisadores da Ufes e estudantes do Ensino Médio tem financiamento da Fapes

Com o objetivo de desenvolver um produto opcional ao álcool etílico 77% (em gel e solução) para higienizar as mãos e a superfície, pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) de Alegre, com estudantes da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Professor Pedro Simão, situada no município de Alegre, coordenados pela farmacêutica e professora Janaina Villanova, desenvolveram um sabonete líquido antimicrobiano feito com extrato de romã.

O projeto tem financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), por meio do Edital nº 10/2021 - Programa de Iniciação Científica Júnior do Espírito Santo – Pesquisador do Futuro (PICJr 2022).

O sabonete líquido antibacteriano, feito de extrato de romã, surge com o intuito de ser uma opção para as pessoas que utilizam, rotineiramente, o álcool etílico 70% em forma de gel na higienização das mãos, já que, segundo a coordenadora Janaina Villanova, o uso excessivo do álcool etílico pode ser prejudicial à pele das mãos, causando ressecamento e comprometendo a estrutura da barreira que a pele apresenta, e favorecendo o surgimento de infecções por microrganismos oportunistas.  

“Uma vez que o Grupo de Pesquisa em Saúde Humana e Animal da Ufes, que faço parte, trabalha há cinco anos com extrato total seco das cascas de romã – derivado vegetal que apresenta atividade antimicrobiana importante frente às bactérias Gram-positivas, Gram-negativas e diferentes tipos de Cândida, foi delineada a proposta de empregar o extrato também como antimicrobiano em formulações de sabonetes líquidos, dando origem a um produto alternativo ao álcool etílico”, explicou Janaina Villanova.  

Ela destacou ainda que a atividade do sabonete líquido com extrato de romã foi comparada ao do álcool em gel e os dois tiveram o mesmo efeito de impossibilitar o crescimento microbiano, confirmando a funcionalidade pretendida do sabonete.  

Os alunos do Ensino Médio, bolsistas do PICJr, que participaram do processo de desenvolvimento do sabonete, promoveram visitas em escolas do Ensino Infantil para ensinar as crianças a lavarem as mãos e a como utilizar corretamente os antissépticos, além de apresentarem palestras em escolas de Ensino Médio, com o intuito de compartilhar os resultados do trabalho e falar sobre a importância da higienização correta das mãos.  

O projeto “Capacitação de estudantes do Ensino Médio e a produção de antissépticos para as mãos como artifícios para combater a pandemia e a infodemia causadas pelo SARS-Cov-2 no município de Alegre (ES)”, recebeu apoio financeiro de R$ 33.600,00, por meio do edital Fapes nº 10/2021 – PICJr, com duração de dez meses para concluir o projeto. O recurso disponibilizado no edital provém do Fundo Estadual de Ciência e Tecnologia (Funcitc) e da Secretaria da Educação (Sedu).  

A estudante Isadora Vicente conta como foi marcante participar do edital e de toda a criação do sabonete. “Foi incrível! Uma oportunidade muito boa, pois tive contato com assuntos importantes, as aulas eram diversificadas e boas. Fazer todo o processo do sabonete líquido foi muito legal e depois poder utilizá-lo foi melhor ainda, uma das partes que eu mais gostei”, falou.  

O Edital PIC Jr.

Incentivar para que alunos da Rede Pública de Ensino Básico capixaba tenham experiência com a pesquisa científica é o que o Programa de Iniciação Científica Júnior – Pesquisador do Futuro (PIC Jr.) da Fapes visa a promover.

O recurso total disponibilizado para financiar os projetos de pesquisa foi de R$ 2 milhões pelos estudantes. Do valor total de recursos destinados, metade é da Fapes, oriundo do Fundo Estadual de Ciência e Tecnologia (Funcitec), e a outra metade é da Sedu. Ao todo, 159 propostas foram submetidas e, dessas, 104 foram contempladas. 

O diretor-presidente da Fapes, Denio Arantes, comentou sobre a importância do PIC Jr. “Esse programa é um investimento no hoje com o olhar no amanhã! É um edital recorrente da Fapes e o abrimos todos os anos porque entendemos que é o nosso maior e melhor instrumento de sensibilização do jovem estudante, tanto para que ele deseje ingressar num curso superior quanto para que entenda e sonhe em ser um pesquisador. Com o programa, conseguimos mostrar para os jovens capixabas, especialmente os que residem em áreas de maior vulnerabilidade social, que existem caminhos que podem conduzi-los a uma vida recheada de descobertas e de possibilidades”, explicou.

O PIC Jr. tem o objetivo de despertar nos estudantes da Rede Pública de Ensino Básico (Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio, Educação Profissional Técnica de Nível Médio e Educação de Jovens e Adultos) a vocação para a ciência e o desenvolvimento tecnológico, bem como para as ações de inovação.

Texto: Rafaela Aguiar

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