26/09/2017 18h16
Setembro Verde: saiba o que é e como trabalha a CIHDOTT
Conversar com uma família que acabou de receber a notícia da morte de um ente querido e perguntar se ela autoriza a doação dos órgãos da pessoa não é nem de longe uma tarefa fácil. É por isso que existem profissionais nos hospitais treinados para fazer essa abordagem. São os membros das CIHDOTTs – Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes.
A coordenadora estadual das CIHDOTTs, Maria Machado, explicou que, de forma geral, essa comissão é formada por uma equipe multidisciplinar, com enfermeiro, psicólogo, assistente social e médico, e que esses profissionais, além de dominarem toda a parte teórica e prática do processo de doação, devem desenvolver habilidades de comunicação e acolhimento suficientes para demonstrar empatia, esclarecer todas as dúvidas da família e dar a ela segurança para dizer “sim”.
“O enfermeiro e o médico da CIHDOTT são capacitados em cuidados intensivos, ou seja, estão aptos a lidar com pacientes em quadro crítico, portanto, habilitados para conduzir o protocolo de morte encefálica. Já o psicólogo e o assistente social auxiliam o enfermeiro e o médico no acolhimento da família e na entrevista para autorização da doação dos órgãos, além de dar apoio nos encaminhamentos fúnebres e nas demais demandas da família durante a cirurgia para captação dos órgãos”, detalhou.
Maria Machado ressaltou que o trabalho da comissão é essencial na busca ativa do potencial doador e na abertura do protocolo de morte encefálica, por meio do qual é atestado o estado clínico irreversível das funções cerebrais do paciente. Ela enfatiza que a comissão é também fiscalizadora do processo de doação dentro do hospital.
“A CIHDOTT auxilia na condução do protocolo e acompanha todo o processo junto com a Central de Transplantes, garantindo que tudo ocorra dentro da legalidade e com segurança. Na verdade, é um trabalho que tem início antes até da abertura do protocolo, pois passa também pela capacitação e sensibilização da equipe acerca do processo de doação e pela busca ativa do potencial doador dentro do hospital”, disse.
Treinamentos
Segundo Maria Machado, a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante é nomeada pela direção médica de cada hospital e sua composição pode mudar dependendo do perfil de atendimento do hospital. O treinamento constante é uma das ferramentas da Central de Transplantes para aperfeiçoar o processo de doação de órgãos dentro dos hospitais.
Em 2016, foram oferecidas seis capacitações, que abrangeram instruções teóricas sobre legislação e comunicação de más notícias, além de treinamentos in loco para os hospitais estaduais São Lucas, em Vitória; Antônio Bezerra de Faria, em Vila Velha, o Hospital Estadual São José do Calçado, no município de mesmo nome.
Neste ano, já foram realizadas três capacitações para os profissionais das CIHDOTTs. A primeira sobre captação e doação de córnea, a segunda sobre abertura do protocolo de morte encefálica e a terceira sobre manutenção do potencial doador. Na última capacitação do ano, em dezembro, será trabalhado o tema entrevista familiar, e o treinamento contará com uma simulação realística.
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