Vegetação de restinga dos Parques Estaduais de Itaúnas e Paulo Cesar Vinha é recuperada para estabilidade dos ecossistemas
A realidade das mudanças climáticas tem sido mais percebida em ambientes litorâneos, como é o caso das cidades costeiras, acometidas por ressacas nas praias e alterações do nível do mar. Nos Parques Estaduais de Itaúnas, em Conceição da Barra, e Parque Paulo Cesar Vinha, em Guarapari, a vegetação de restinga é preservada e mostra sua importância para a estabilidade ecológica.
A Comissão de Recuperação de Ecossistemas (Core) do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), cuja especialidade é analisar e acompanhar Projetos de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD), está acompanhando importantes ações de recuperação da vegetação de restinga tanto no Parque Estadual de Itaúnas (PEI) quanto no Parque Estadual Paulo César Vinha (PEPCV), em Guarapari.
“A recuperação da vegetação de restinga é essencial para devolver a estabilidade natural desse ecossistema costeiro, diminuindo o impacto direto dos ventos sobre o sedimento arenoso e suavizando a dinâmica de mobilização da areia para outros locais, o que evita prejuízos ambientais e socioeconômicos”, expõe a servidora da Core, Scheylla Tonon Nunes.
Ações de controle
No PEI, são 11 hectares em recuperação, sendo 7,4 hectares da vegetação de dunas e 3,6 hectares da área conhecida como “Tamandaré”. Estão sendo realizadas ações de controle de espécies exóticas invasoras e de enriquecimento com espécies nativas.
“Essa é a fase 3 do projeto e foi iniciada em dezembro de 2016. Após a implantação dessa fase do PRAD, a Rodovia Estadual ES-010, que perpassa o PEI, e a área alagada adjacente, não foram mais soterradas pela areia, alcançando importantes objetivos da implantação do projeto”, relata Scheylla Tonon Nunes.
No PEPCV, são 9,2 hectares de vegetação de restinga em processo de recuperação. Segundo a Core, essa área foi alvo de desmatamento, ainda antes de se tornar uma unidade de conservação de proteção integral. O projeto foi iniciado em março de 2018 e ainda está em processo de implantação. A Core informou também que a execução desses projetos está sendo feita por empresas licenciadas pelo Iema e que devem realizar medidas compensatórias exigidas por meio de condicionantes ambientais.
Função ecológica
“Apesar de sua relevância, os ecossistemas litorâneos são os que mais sofrem com ações antrópicas como a especulação imobiliária, coleta de espécies vegetais de interesse paisagístico, extração de areia e introdução de espécies exóticas. Além de sua importante função ecológica e para a manutenção do equilíbrio da largura de faixa de areia, proteção de praias e dunas, as restingas são ambientes atrativos para o desenvolvimento do turismo local, voltado à educação ambiental, desenvolvimento de práticas esportivas e pesquisas científicas”, informa a gestora do PEPCV, Joseany Trarbach.
Para o gestor do PEI, Tarciley Gonçalves de São José, a restinga é um importante ecossistema associado ao bioma Mata Atlântica e possui uma grande biodiversidade, incluindo espécies raras, endêmicas e ameaçadas de extinção. “Tem o importantíssimo papel de fixar areia e impedir, assim, a erosão das dunas e praias”, reforça.
Saiba mais:
As restingas são ecossistemas associados ao domínio Mata Atlântica e compreendem um conjunto geomorfológico formado pela deposição de sedimentos arenosos de origem marinha e fluviomarinha nas planícies ao longo do litoral. No Espírito Santo, ao longo de 417 Km de linha de costa, essas formações abrigam cobertura vegetal de fisionomia distinta, disposta em mosaicos, com grande diversidade ecológica, contribuindo com a manutenção de espécies da flora e fauna, terrestre e marinha, exercendo um papel fundamental no controle da erosão costeira.
O primeiro estudo que tentou caracterizar fitogeograficamente a restinga no Espírito Santo foi proposto por Augusto Ruschi (1950), que reconheceu seis comunidades vegetais para esse ecossistema.
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