Veja como pesquisadores e Fapes estão atuando durante pandemia de Covid-19 no Espírito Santo
Seminários transmitidos pela internet, lançamento de editais e consertos de equipamentos para hospitais estão entre atividades.
As atividades presenciais nas instituições de ensino e pesquisa do Espírito Santo estão, no geral, suspensas há quase três meses. Mesmo assim, diversos professores, pesquisadores, bolsistas de vários níveis e outros profissionais seguem realizando atividades científicas, tecnológicas e de inovação, inclusive no combate à pandemia do novo Coronavírus (Covid-19) no Estado. Entre as iniciativas estão a recuperação de respiradores hospitalares, a produção e a distribuição de álcool em gel, além das chamadas públicas para apoio a propostas emergenciais lançadas pelas instituições.
A Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes) lançou o Edital 03/2020 – Demanda Induzida Covid-19, que ficou aberto para submissão de propostas de 29 de abril a 13 de maio de 2020. A chamada pública destinará até R$ 1,8 milhão para o desenvolvimento de pesquisas.
“A Fapes tem procurando se ajustar ao momento atual e às mudanças que a pandemia causa na sociedade, dando celeridade a processos burocráticos, como nos procedimentos de inscrição e avaliação do edital de apoio a pesquisas contra a Covid-19”, destacou diretor-presidente da Fapes, Denio Rebello Arantes.
Semanalmente, o comitê de avaliação da chamada pública, composto pela equipe técnica da Fundação, se reúne on-line com participação de representantes de órgãos do Governo do Espírito Santo, pesquisadores e empreendedores. O comitê é presidido pela diretora técnico-científica da Fapes, Denise Rocco de Sena.
Apesar de alguns eventos acadêmicos programados para o período terem sido cancelados, há outros que foram readaptados para o formato eletrônico, com transmissão pela internet. Também podemos mencionar as palestras, os debates e outras interações de pesquisadores, pelas redes sociais, feitas especialmente para abordar questões atuais da pandemia, e até mesmo processos seletivos on-line para cursos de pós-graduação.
Por exemplo, a Faculdade Multivix organizou, na última terça-feira (02), uma transmissão ao vivo nas redes sociais com a participação do diretor-presidente Denio Arantes. Um grupo de 110 pessoas, a maioria pesquisadores, pôde conhecer o trabalho desenvolvido pela Fapes e as oportunidades ofertadas às instituições de ensino. Na ocasião, Arantes reforçou os importantes convênios e parcerias com as agências de fomento à pesquisa, nacionais e internacionais, e apresentou o edital de combate à Covid-19.
Encontro virtual “Inovação Pós-Pandemia 2020/2021”
Vinte especialistas em pesquisa e inovação participaram, no dia 15 de maio deste ano, da videoconferência organizada pela Fapes para abordar as ações prioritárias para o ecossistema de inovação e o empreendedorismo capixaba no período pós-pandemia. O evento foi intermediado pelo diretor de Inovação da Fapes, Elton Siqueira Moura.
Os convidados expuseram suas opiniões sobre as ações consideradas prioritárias, para enfrentar e superar as dificuldades do período, além da maneira que cada setor pode atuar nesse cenário.
O pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) José Aires Ventura se posicionou a favor da atenção ao mundo virtual, que é uma nova realidade para muita gente. “É preciso realizar o planejamento com focos bem definidos, apoiando fortemente o desenvolvimento de pesquisas que possam ser aplicadas imediatamente, e destaco que o setor agropecuário continua em ritmo de produção, mas também precisa de inovação”, afirmou.
O reitor da Universidade Vila Velha (UVV), Heráclito Amâncio, pontuou que devemos abandonar paradigmas antigos que nos amarram e pensar no “novo normal” da humanidade, e que a educação digital e a rápida comunicação são fundamentais.
Por sua vez, o pró-reitor de Extensão do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), Renato Tannure, acredita em uma nova política de fomento com reposicionamento e definição de prioridades. “O olhar para busca de soluções tem que considerar todos e, principalmente, dar atenção às comunidades mais vulneráveis que serão ampliadas com a pandemia”, considerou.
Também participaram do encontro representantes de outros órgãos e instituições, como a Secretaria da Cultura (Secult), Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), o Sebrae e outros parceiros.
Seminário on-line de pesquisas para o SUS
Após o primeiro ano de trabalho, os coordenadores dos oito projetos selecionados pelo Edital 25/2018, do Programa Pesquisa para o Sistema Único de Saúde (PPSUS), apresentaram o andamento das pesquisas no primeiro Seminário de Acompanhamento e Avaliação Parcial.
Devido às restrições de distanciamento social, necessárias durante a pandemia da Covid-19, doença provocada pelo novo Coronavírus, as atividades foram realizadas por meio de videoconferência nos dias 15 e 16 de abril. O evento foi organizado pela Fapes, com abertura realizada pela diretora técnico-científica, Denise Rocco de Sena, e mediação da assessora técnica Rosa Trevas Azevedo.
Foram apresentadas pesquisas sobre atenção primária à saúde, monitoramento de recém-nascidos, enfrentamento ao câncer de boca, entre outros assuntos.
Confira a lista dos projetos:
- A judicialização da política de saúde mental no Estado do Espírito Santo.
Pesquisadora: Fabiola Xavier Leal (Ufes – Vitória)
- A influência dos determinantes precoces nos desfechos em saúde no período perinatal e neonatal.
Pesquisadora: Wanêssa Lacerda Poton (UVV – Vila Velha)
- Aplicação da tecnologia de comunicação por luz visível em monitorização de recém-nascidos de alto risco.
Pesquisador: Jair Adriano Lima Silva (Ufes – Vitória)
- Aplicação de análise espacial na organização territorial da atenção primaria à saúde.
Pesquisador: Fernando Soares de Oliveira (Incaper – Linhares)
- Atenção Primária à Saúde e a Rede de Atenção às Pessoas com Doenças crônicas nas regiões de saúde: coordenação do cuidado e ordenação do acesso.
Pesquisadora: Ana Paula Santana Coelho Almeida (Ufes – São Mateus)
- Avaliação da incidência de infecção e perfil de agentes etiológicos relacionados a fraturas expostas após implementação de um protocolo de antibioticoprofilaxia pré-hospitalar.
Pesquisadora: Ana Paula Ferreira Nunes (Ufes – Vitória)
- Integração entre a atenção básica a e atenção especializada para o enfrentamento do câncer bucal no Espírito Santo.
Pesquisadora: Sandra Lúcia Ventorin Von Zeidler (Ufes – Vitória)
- Tecnologia Gerencial para avaliação do Sistema de Gestão Municipal Rede Bem-Estar do Município de Vitória-ES.
Pesquisadora: Eliane de Fatima Almeida Lima (Ufes – Vitória)
Para alinhar os objetivos e fazer ajustes com o objetivo de melhor atender ao SUS, o seminário contou com a participação de consultores que fizeram considerações sobre os rumos das pesquisas. Acompanharam as apresentações a pesquisadora Dalia Elena Romero Montilla, professora e vice-coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS) da Fundação Oswaldo Cruz, e o professor dos programas de Pós-Graduação em Ciências Fisiológicas e em Saúde Coletiva da Ufes José Geraldo Mill, também gerente de Ensino e Pesquisa no Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes (Hucam).
A chamada pública é fruto de uma parceria do Governo do Estado, por meio da Fapes e da Secretaria da Saúde (Sesa), com o Ministério da Saúde, por meio do Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (Decit/SCTIE/MS), e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Instituições se unem na recuperação de equipamentos hospitalares
Foi destaque na mídia capixaba o conserto e a recuperação de respiradores e outros equipamentos hospitalares em instituições de Ensino Superior e pesquisa. Equipes da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) atuam, tanto em parceria quanto por conta própria, no conserto de ventiladores mecânicos e na manutenção de camas hospitalares da Rede Estadual de Saúde.
Um dos voluntários nessa empreitada foi Manuel Ricardo Alfonso Sanchez, recém-doutor em Engenharia Elétrica pela Ufes. “Durante o mês de março, atuamos na parte de manutenção de respiradores e monitores de sinais vitais, que os hospitais enviaram ao nosso laboratório”, explicou o engenheiro, que também é bolsista da Fapes em um projeto realizado na Ufes.
Segundo Manuel Alfonso, o laboratório onde atuou recebeu 47 equipamentos de dois hospitais da Grande Vitória, somente na primeira semana nessa atividade. No local, os voluntários deram manutenção em monitores multiparamétricos, que são equipamentos que monitoram sinais vitais, temperatura, oxigenação, batimentos cardíacos e pressão arterial. Já os respiradores foram recuperados por equipes de empresas e instituições, como o Ifes, a Vale e a ArcelorMittal.
“Dediquei grande parte de tempo à montagem das bancadas, estruturação dos laboratórios, gestão dos equipamentos recebidos na Ufes, fabricação de peças utilizando impressoras 3D e levantamento de documentação técnica para os monitores”, disse Manuel Alfonso.
Campi do Ifes doam máscaras a hospitais
Os campi do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) estão produzindo protetores faciais para doação a hospitais e unidades de saúde do Estado. Eles serão utilizados como equipamentos de proteção individual (EPI's) pelos profissionais de saúde no combate à pandemia da Covid-19.
Além de protetores feitos com revestimento de acetato, máscaras de pano também foram produzidas no campus de Colatina. “Já conseguimos doar milhares de máscaras para municípios do Espírito Santo, desde o início da pandemia. A fabricação de máscaras começou de forma caseira e, agora, já somos 18 servidores voluntários trabalhando das 07h às 24 horas, em três turnos de trabalho, de segunda-feira a sábado”, relatou o professor de Informática Renan Osório Rios.
Inicialmente, participam da ação os campi Aracruz, Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Colatina, Piúma, São Mateus e Serra. A meta é de que os campi consigam produzir, pelo menos, 10 mil protetores nos meses de abril e maio. Para isso, mais de 15 impressoras 3D estão trabalhando diariamente para produzir os protetores faciais.
Texto: Mike Figueiredo e Jair Oliveira, com informações da Ufes e do Ifes.
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