VI Semana Estadual de TIC debate inteligência computacional e transformação digital no setor público
O desenvolvimento de máquinas autônomas e a aceleração de ofertas de serviços digitais pelo setor público foram os assuntos mais importantes do penúltimo dia da VI Semana Estadual de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC).
Iniciando as atividades, o presidente do Instituto de Tecnologia da Informação e Comunicação do Estado do Espírito Santo (Prodest), Tasso Lugon, disse que o evento propõe discutir e socializar conhecimentos relevantes para pesquisadores, profissionais e estudantes de TI.
“Sabemos que a tecnologia tem se tornado fundamental para a sociedade. Prova disso, é esse evento, que pela primeira vez na história, está sendo totalmente on-line, dentro do cenário do ‘novo normal’. Isso nos trouxe desafios para oferecer ao público-alvo um conteúdo de alto nível”, ressaltou.
Em seguida, a secretária de Estado de Gestão de Recursos Humanos, Lenise Loureiro, destacou a utilização do sistema e-Docs, responsável pela tramitação eletrônica de documentos e processos no Governo do Estado. Desde 2019, o software possibilitou a economia de R$ 2,6 milhões para o Poder Executivo Estadual.
A secretária também lembrou que o e-Docs proporciona agilidade, redução de custos e preservação ambiental, fatores primordiais para melhorar o desempenho da administração pública. “Hoje, 95% dos processos novos são virtuais. A intenção é que esse número seja de 100% até o final deste ano.”
Lenise Loureiro afirmou que está sendo desenvolvido um portal para centralizar todos os serviços digitais do Governo. “Essa medida vem ao encontro do decreto governamental que também prioriza o teletrabalho para os servidores públicos estaduais e o uso de videoconferências para facilitar a comunicação, reduzir custos e aumentar a produtividade. Essas iniciativas são cruciais para o Espírito Santo ser uma referência em inovação na gestão pública”, pontuou.
Automação
O professor de Ciência da Computação da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Alberto Ferreira de Souza, ministrou a palestra com o tema “Inteligências Computacionais Autônomas”. Ele afirmou que o avanço tecnológico prioriza expandir, ao máximo, o nível de automação das máquinas.
“Na Ufes, começamos a trabalhar a partir de 2009 com IARA, veículo autônomo que foi de Vitória a Guarapari, em 2017. Também vale destacar o uso de robôs autônomos pela Amazon. As máquinas participam de atividades para dar mais agilidade e eficiência ao processo de logística”, detalhou.
De acordo com Souza, há uma previsão de que em 15 anos os cérebros dos robôs serão mais avançados do que os dos seres humanos. Além disso, apresentou um histórico dos estudos de inteligência em máquinas.
“O termo inteligência artificial foi criado em 1955 por John McCarthy, professor de Matemática do Dartmouth College, nos Estados Unidos. Desde a década de 1940, diversos trabalhos contribuíram para o desenvolvimento tecnológico, responsável por viabilizar equipamentos e sistemas autônomos”, explicou.
Transformação Digital
As atividades do penúltimo dia da VI Semana Estadual de TIC terminaram com a mesa-redonda “Transformação Digital e a Aceleração da Oferta de Serviços Digitais de Governo”. Participaram o presidente da Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Tecnologia da Informação e Comunicação (Abep-TIC), Lutiano Silva; o deputado federal Felipe Rigoni; a consultora do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Beatriz Lanza; e a professora universitária e pesquisadora Edimara Luciano.
Para o presidente da Abep-TIC, o governo digital é a entrega de política pública usando a tecnologia como estratégia. Além disso, o Brasil deve trabalhar de forma híbrida (presencial e digital) para contemplar os cidadãos da melhor maneira possível, em virtude das desigualdades econômicas e digitais.
“Não podemos acabar com o atendimento físico, mas é importante usar a transformação digital para melhorar os serviços públicos e a qualidade de vida da população. Temos que evitar a e-burocracia e precisamos facilitar o acesso das pessoas aos serviços governamentais”, acrescentou Silva.
Já Felipe Rigoni mencionou que o avanço tecnológico está fazendo com que os governos sejam cada vez mais digitais. Essa tendência obriga a administração pública a se modernizar. “Hoje é visível que o aparelho estatal deve investir em digitalização, pois isso é indispensável para governar com eficiência.”
Segundo o deputado federal, o cidadão precisa ser o centro de estratégias de políticas públicas digitais. “Não faz sentido o cidadão baixar vários aplicativos para interagir com o setor público. O ideal é que haja um portal único de ofertas de serviços governamentais, que pode se ramificar de acordo com o ente federativo”, avaliou.
Caminho
Na visão de Beatriz Lanza, o ideal é o cidadão ter um caminho único para facilitar o acesso ao serviço público. A consultora do BID disse ainda que os Estados mais envolvidos com os estudos ligados à tecnologia, são os que estão obtendo os melhores resultados com a modernização da máquina pública.
“A transformação digital não envolve apenas a tecnologia, mas também a mudança de hábitos de funcionários públicos e cidadãos. Quando os servidores e a população estão envolvidos com as mudanças propostas, as chances de sucesso são bem maiores. Não é fácil fazer a transformação digital no Brasil por causa das dimensões territoriais e das desigualdades sociais e econômicas”, enfatizou.
A pesquisadora Edimara Luciano considera que a estratégia nacional de transformação digital precisa pensar em todos os cidadãos, porque cerca de 27% da população têm dificuldades de acesso regular à Internet.
“Hoje, a inclusão digital tem um papel muito importante para todos exercerem a cidadania de forma plena. Sem dúvida, as mudanças no Governo Federal e nos Estados para digitalizar a administração pública são positivas, mas é essencial que haja um foco no bem-estar das pessoas. Não podemos excluir os que não têm condições de utilizar a tecnologia com regularidade”, analisou.
Texto: Eric Lopes Menequini e Lara Favaris Mendonça
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