29/07/2024 13h50

Videografias de mulheres surdas e cegas chegam aos cinemas de Vitória

Um coletivo composto por mulheres, cegas, surdas e ouvintes-videntes apresenta ao público a mostra de videografia contemporânea ‘Nada Me Falta’. A exibição acontece em Vitória e ganha espaço no Cine Jardins, no nesta quarta-feira (31), e no Cine Metrópolis, na quinta-feira (1º), com entrada gratuita. Quinze vídeos compõem a mostra de 30 minutos, que alterna ações filmadas em locações externas com testemunhos de vida.

 

Doze mulheres surdas e cegas foram selecionadas pela diretora Rejane Arruda em dezembro de 2023 por meio de um workshop. A partir de então, as nove cegas e as três surdas escolhidas se dedicaram a um processo de criação que durou quatro meses.

 

A partir da ideia de integração entre as diferentes formas de ver, ouvir e se comunicar, foram exploradas ações performativas em cenários da Grande Vitória, como a pedreira de Maruípe, a praia da Barra do Jucu, um parque de diversões, além de ruas e casas de bairros da Região Metropolitana onde vivem as mulheres.

 

Uma realização da Associação Sociedade Cultura e Arte (SOCA Brasil), em parceria com a Cia Poéticas da Cena Contemporânea, a mostra Nada Me Falta tem patrocínio da empresa Transportadora Associada de Gás TAG e apoio do Governo do Estado, com recursos da Lei de Incentivo à Cultura Capixaba (LICC), da Secretaria da Cultura (Secult).

 

Cultura, linguagem e identidade em debate

 

A videografia de “Nada Me Falta” debate a linguagem, dispositivos de subjetivação e a integração por meio da cultura. Em “Mão com Mão”, Ester Correia, uma mulher surda, ensina a Língua Brasileira de Sinais para Cinthya de Oliveira, mulher cega, por meio da Libras Tátil. Já “Tecla Espaço”, mostra a importância da difusão da escrita em Braille. “Os Dedos da Nona” apresenta a cultura da música como um dos instrumentos possíveis para a transposição de barreiras linguísticas, quando a mulher cega Geovana Santos adivinha a 9ª Sinfonia de Beethoven tocada em seu corpo pela surda Leidiane Dias.

 

A mostra traz ainda um painel diverso de histórias de vida e identidades. Enquanto em “Meu Primeiro Grande Amor”, Eusilane Lopes, testemunha uma relação homoafetiva de dezesseis anos, “Calma Doido!” revela a procura de um companheiro pela mulher cega Alice Dordenoni por meio de sites na internet. Em “Caimento”, a cantora Maria Trancoso conta detalhes de sua relação com o cuidar-se. Cinthya de Oliveira, cega total de nascença, vive fortes emoções em uma montanha russa na videografia “Só Doidera”. O trabalho apresenta realidades e contextos diversos de vida, com marcas de identidade fortes.

 

Após a pré-estreia da mostra no Cine Jardins, nesta quinta-feira (31), haverá um bate-papo com as artistas participantes. Na quinta-feira (1º) haverá a estreia no Cine Metrópolis e o lançamento no site www.nadamefaltadigital.com. A organização do evento também promove, na ocasião, o debate “Arte como Afirmação de Identidades”, que conta com a presença da pesquisadora em Educação, Cultura e Subjetividades, professora da UEMG, Maria Carolina de Andrade Freitas.

 

 

Workshop de criação de vídeo 

 

A partir da experiência dos encontros para a produção das videografias do ‘Nada Me Falta’, a Associação Sociedade Cultura e Arte (SOCA Brasil) desenvolveu o workshop de criação de vídeo, que está com inscrições abertas para qualquer pessoa interessada em participar.

 

workshop será realizado no dia 1º de agosto, às 14 horas, no Cine Metrópolis, antes da mostra artística que começa às 19h30. As inscrições devem ser realizadas a partir do formulário disponível no link da bio do perfil no Instagram @nada.me.falta.

 

Arte e inclusão

 

O nome um tanto provocativo da mostra – ‘Nada Me Falta’ – indica formas diversas de viver, interrogar e apreender o mundo. “É isso que os 15 vídeos que compõem a mostra pretendem evidenciar: a diferença é o eixo que funda a nós como seres humanos. ‘Nada Me Falta’ a mim mulher surda porque posso escutar com a Língua Brasileira de Sinais; ‘Nada Me Falta’ a mim, mulher cega, porque posso olhar de outros modos”, reflete Rejane Arruda.

 

A Associação Sociedade Cultura e Arte (SOCA Brasil) se tornou referência em arte e inclusão desde que iniciou os trabalhos da Escola de Fotógrafos Cegos, em agosto de 2022.

 

Outras duas realizações da SOCA Brasil -  ‘Orquestra Brasileira de Cantores Cegos e o Cena Diversa’ – reafirmam que “a deficiência acolhida pela arte se revela potência”, jargão proferido por Rejane Arruda, artista residente no Espírito Santo que preside a associação e dirige a Cia Poéticas da Cena Contemporânea, coletivo parceiro da SOCA nas atividades de inclusão.

 

Serviço:

 

Pré-estreia da Mostra “Nada Me Falta: Videografia de Mulheres Surdas, Cegas e Ouvintes-videntes em Interação”

Cine Jardins

31/07 (quarta-feira), às 19h30

Duração: 28 minutos

Em seguida, bate-papo com as artistas participantes.

 

Estreia da Mostra “Nada Me Falta: Videografia de Mulheres Surdas, Cegas e Ouvintes-videntes em Interação”

Cine Metrópolis 

1º/08 (quinta-feira), às 19h30

Duração: 28 minutos

Em seguida, Debate “Arte como Afirmação de Identidades”

 

Redes Sociais:

Nada Me Falta: Videografia de Mulheres Surdas, Cegas e Ouvintes-videntes em Interação

https://www.instagram.com/nada.me.falta/

Canal Youtube: https://www.youtube.com/@nadamefalta.videografias 

SOCA Brasil (Instagram): https://www.instagram.com/socabrasil/

 

Sites:

SOCA Brasil: https://www.socabrasil.org/

Nada Me Falta:

https://www.nadamefalta.com.br/ 

 

 

 

MOSTRA NADA ME FALTA

LISTA DE VÍDEOS

 

1 - Os Dedos da Nona

2 - Tecla Espaço

3 - Mão Com Mão

4 - O Que Você Vai Ser Quando Crescer?

5 - Sopro

6 - Caimento

7 - Je M'Appelle Josefine

8 - Escutando Eduardo Costa

9 - Calma, Doido!

10 - Espelhos

11 - No Fio Da Vida

12 - Meu Primeiro Grande Amor

13 - Só Doidera

14 - Telma e Fadini

15 – Meninas

 

 

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