Websérie aproxima a comunidade surda da produção musical feita no Espírito Santo
Na tela, uma inversão de lógica: a intérprete de Libras “rouba” a cena para ocupar o maior espaço do enquadramento. É ela quem assume o protagonismo, para “traduzir” obras musicais de 12 compositores capixabas – estes, por sua vez, ocupam o canto menor do quadro. Com essa proposta, que visa alcançar o público surdo e aproximá-lo da produção musical do estado, a websérie “Mãos à obra: arte feita para surdos” estreia nesta sexta-feira (20), às 19h.
O projeto foi idealizado pela produtora cultural e compositora linharense Bella Nogueira, que também é responsável pela direção da websérie. A ideia surgiu a partir da percepção de que profissionais especializados em Libras raramente têm visibilidade ampla. Além disso, a produção volta-se sobretudo ao consumo ideal da comunidade surda – estimada em cerca de 5% da população brasileira, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Pedagoga e intérprete-tradutora de Libras há mais de 15 anos, Karina Zonzini é quem se destaca em cena. Bella Nogueira conta que a conheceu em 2020, durante a pandemia de Covid-19. “Ao me conectar virtualmente com ela e desenvolver um trabalho ao seu lado, me espantei: era a primeira vez que eu fazia alguma coisa na minha carreira com uma intérprete de Libras. Foi um choque de realidade e, a partir desse momento, mergulhei, estudei e me encantei com a história da comunidade surda. Repeti para mim mesma: nunca mais vou produzir algo sem que possa também me dedicar à acessibilidade”, ressalta.
Em maio daquele ano, Bella Nogueira criou o canal Explicanção, cujo foco era proporcionar acessibilidade a partir da tradução de obras de compositores brasileiros para a comunidade surda. Iniciativa realizada em parceria com Karina Zonzini, que é fundadora do Instituto Surdo Mundo, em São Paulo. Naquela ocasião, mais de 40 artistas do Espírito Santo tiveram seus trabalhos interpretados em Libras.
Na concepção do projeto atual, Bella Nogueira optou por trabalhar todo o material em preto e branco, com algumas inserções em azul (cor do orgulho e da identidade surda). A ideia, segundo ela, é remover da tela as distrações visuais.
Trailer oficial da primeira temporada:
Esta primeira edição conta com participação de Ada Koffi, Alinne Garruth, Amaro Lima, banda Auri, Brunu Chico, Dan Abranches, Daniel Silva, Eloá Puri, Érika Nasser, Nano Viana, Novelo e Vitu. Além dos episódios principais, o público também terá acesso a materiais extras da série, como depoimentos do elenco, da intérprete, da diretora, entre outros conteúdos. Destaque para “O Manifesto”, peça em que os participantes atuam, de forma leve e divertida, a fim de representar a realidade dos intérpretes de Libras em produções audiovisuais.
A cantora e compositora Ada Koffi conta que sempre sonhou em produzir um clipe apenas com a intérprete de Libras na tela. Isso porque sua mãe é surda, fato que tornou ainda mais especial o convite para participar da websérie. “Fico muito feliz por saber que minha mãe vai poder compreender uma obra minha, um single meu. Minha mãe, dona Gisela, me ensinou quase tudo que sei hoje. É uma mulher muito forte, mesmo com todos os desafios que enfrentou. Batalhar por acesso é algo que eu carrego desde criança”, afirma a artista.
A realização da websérie conta com recursos do Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo (Funcultura), da Secretaria da Cultura (Secult). “Sabemos que, muitas vezes, artistas independentes não têm condições de colocar um intérprete no show ou no videoclipe. Por isso, pensamos nessa produção, oferecendo um formato inédito e provocador. A ideia é gerar reflexão, lançar luz sobre o tema e a necessidade do nosso setor se comprometer com esse público”, afirma Bella Nogueira.
Serviço:
Estreia da websérie “Mãos à obra: arte feita para surdos”
Quando: 20/10 (sexta-feira)
Horário: às 19h
No canal do projeto no YouTube
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