23/02/2016 15h16 - Atualizado em 15/07/2016 14h48

Espírito Santo começa a fazer teste para diagnosticar zika

 O Espírito Santo inicia, nesta terça-feira (23), a realização do exame RT-PCR, que detecta a presença do zika vírus no organismo. O exame, até então realizado na Fiocruz, no Rio de Janeiro, em cotas de 30 por semana, será feito no Laboratório Central (Lacen) da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), em Vitória. Com isso, o número de amostras analisadas aumentará de 30 para 100 por semana, e o tempo de liberação dos resultados cairá de uma média de 35 dias para dez. As informações foram detalhadas durante coletiva de imprensa realizada no Lacen.

 O secretário de Estado da Saúde, Ricardo de Oliveira, ressaltou que a maior velocidade na liberação dos resultados e o maior volume de exames realizados vão permitir que sejam tomadas decisões que beneficiem o tratamento do paciente, bem como a implementação de ações de vigilância em saúde. “Isso torna mais fácil definirmos por qual vírus a pessoa foi infectada, qual é o grupo populacional que está sendo afetado, enfim, obter informações que nos deem condições de agir com mais agilidade e eficácia em favor da população”, comentou.

Ricardo de Oliveira destacou que o Governo do Espírito Santo vem adotando uma série de medidas, desde o ano passado, contra o avanço da dengue, da zika e da chikungunya, e enfatizou que, dentre todas, a principal é o combate à proliferação do mosquito Aedes aegypti. “Tenho feito uma peregrinação pelos setores empresariais pedindo que todas as empresas tenham seu Dia D de combate ao mosquito. Muitas já estão fazendo, e às que ainda não estão, peço que façam. Todo semana tem que ter Dia D nas casas, nas empresas, nos órgãos públicos. Isso é absolutamente fundamental e é o melhor que nós podemos fazer”, completou o secretário.

O teste

O Ministério da Saúde enviou para o Espírito Santo 6 mil testes de zika, quantitativo que deve atender a demanda do Estado por até um ano e três meses. O exame será realizado, inicialmente, por um técnico do Lacen que foi capacitado pela Fiocruz. Esse profissional está treinando outros dois para que eles também possam fazer o exame.

Atualmente, o Estado aguarda o resultado de 128 amostras enviadas para a Fiocruz de casos suspeitos de zika, e o Lacen possui outras 206 amostras que não vão ser enviadas mais para o Rio de Janeiro, mas serão analisadas aqui mesmo no Laboratório Central da Secretaria de Estado da Saúde.

O Lacen vai analisar, prioritariamente, amostras de gestantes; de pacientes internados com complicações neurológicas e de pacientes graves, ambos quando apresentarem quadro de doença exantemática (vermelhidão na pele) prévia ou vigente; investigação de óbito; investigação de microcefalia, além de amostras enviadas por municípios que ainda não têm confirmação laboratorial de zika.

O RT-PCR (exame de reação em cadeia da polimerase via transcriptase reversa) detecta a presença do vírus no organismo do paciente até oito dias após a infecção, por isso a amostra analisada deve ser coletada logo no início dos primeiros sintomas.

Vale ressaltar que a Secretaria de Estado da Saúde tem realizado capacitações em hospitais e maternidades, unidades de saúde municipais e laboratórios da rede pública de saúde visando garantir a qualidade da amostra coletada. Isso porque, uma vez coletada e acondicionada de forma adequada, a amostra pode ser analisada posteriormente sem prejuízo para o resultado do exame.

Ainda com o objetivo de preservar as amostras para exames de zika, a Secretaria de Estado da Saúde abriu processo de compra de freezers para ampliar o número de pontos de recebimento e armazenamento de amostras. Atualmente, os locais que recebem as amostras de zika são o Pronto Atendimento da Praia do Suá, em Vitória; a Fundação Hospitalar Maternidade São José, em Colatina; e o Hospital Estadual Jerônimo Monteiro, no município de Jerônimo Monteiro. Os freezers que forem adquiridos serão instalados em unidades em Anchieta, Linhares e São Mateus.

Dengue

O Governo do Espírito Santo comprou 13 mil testes para detecção de dengue. O material deve ser entregue pela empresa até a próxima semana. Também é aguardado, até o final deste mês, o envio de 450 exames pelo Ministério da Saúde e a finalização do processo de compra para mais 30 mil testes, a serem solicitados conforme necessidade.

O Estado do Espírito Santo realiza, em média, 900 exames de dengue por mês, e os resultados serão liberados em cerca de três dias.

A última vez que a Secretaria de Estado da Saúde recebeu testes de dengue do Ministério da Saúde foi em setembro do ano passado, quando recebeu 384 testes. Desde então, o Laboratório Central da Secretaria de Estado da Saúde está priorizando a realização dos testes em casos graves, de gestantes e óbitos até que a situação seja normalizada.

Prevenção

Para se prevenir contra a dengue, zika e chikungunya é preciso combater o mosquito Aedes aegypti, não deixando água parada e eliminando locais e recipientes que sirvam de criadouros do vetor. Por isso, é importante eleger um dia fixo da semana para vistoriar em casa esses locais

Se a pessoa elegeu o sábado para fazer a vistoria, ela precisa fazer a limpeza sempre nos sábados. Isso porque o ciclo evolutivo do mosquito dura, em média, de cinco a sete dias. Assim, se numa semana ela fez a vistoria no sábado e na outra deixou para fazer na segunda-feira, por exemplo, já se passou o período evolutivo e novos mosquitos podem ter surgido.

A vistoria em casa e no quintal facilita a identificação de locais e medidas que podem passar despercebidas, mas são importantes para eliminar os focos do mosquito.

Confira abaixo algumas dicas de prevenção:

- Mantenha fechadas as tampas de vasos sanitários e de ralos pouco usados, como os de áreas de serviço e de lazer, que tenham a possibilidade de acumular água;

- Se for viajar, feche também os ralos dos banheiros e a tampa dos vasos sanitários;

- Mantenha o quintal sempre limpo, jogando fora o que não é utilizado;

- Deixe o quintal sempre bem varrido, eliminando recipientes que possam acumular água, como tampinha de garrafa, folhas, sacolas plásticas etc.;

- Tampe tonéis, caixas d’água e qualquer tipo de recipiente que possa reservar água;

- Certifique-se de que as lonas de cobertura estejam bem esticadas para não haver acúmulo de água;

- Não deixe acumular água nos vasos de plantas;

- Elimine os pratos dos vasos de plantas;

- Mantenha a bandeja que fica atrás da geladeira limpa e sem água;

- Coloque garrafas vazias de cabeça para baixo;

- Se por algum motivo tiver pneus no quintal, mantenha-os secos e abrigue-os em local coberto, ou descarte-os corretamente se não tiverem utilidade;

- Escove bem as bordas dos recipientes (vasilha de água e comida de animais, tonéis, caixas d’água) e mantenha-os sempre limpos;

- Antes de viajar, tire a água dos vasos de plantas e guarde a vasilha de água e de comida dos animais de estimação se não houver ninguém para tomar conta da casa.

Dados

Dengue: Foram notificados 13.970 casos de dengue entre 03 de janeiro e 13 de fevereiro de 2016 no Espírito Santo. Destes, 68 são suspeitos da forma grave e 15 são óbitos sob investigação.

Zika: Até a quinta-feira (18), o Espírito Santo registrou 1.739 casos suspeitos de infecção pelo zika vírus, sendo 20 confirmados laboratorialmente (15 em Vitória, 02 em Vila Velha, 01 em Cariacica, 01 em Aracruz e 01 em São José do Calçado). Foram notificados 72 bebês, entre nascidos e em gestação, com suspeita de microcefalia, mas ainda sem confirmação de relação com o zika vírus.

Principais ações do Governo do Espírito Santo

- Publicação da Portaria 006-R de 25 de janeiro de 2016, que estabelece que serviços de saúde ou profissionais de saúde notifiquem, obrigatoriamente, os casos suspeitos ou confirmados de infecção por zika vírus, os casos de microcefalia e os de gestantes com doença exantemática aguda;

- Publicação da Portaria 005-R de 25 de janeiro de 2016, que estabelece o pagamento de multa, para pessoa física e jurídica, quando em imóveis de sua propriedade ou alugados forem identificadas situações propícias para proliferação do Aedes aegypti ou existência de criadouros do mosquito;

- Aquisição de 75 mil repelentes para distribuição para grávidas (20 mil já entregues pelo laboratório) e 57 mil litros de inseticidas para eliminação do mosquito;

- Apoio de lideranças evangélicas no combate ao Aedes aegypti;

- Reunião na Cúria Metropolitana de Vitória para apoio das paróquias da Igreja Católica no combate ao Aedes aegypti;

- Decreto 2156-S, assinado pelo governador Paulo Hartung, determina que a segunda-feira seja o dia obrigatório de fiscalização de possíveis focos do Aedes aegypti nas áreas internas e externas de todos os edifícios públicos do Poder Executivo;

- Direcionamento de R$ 35 milhões de recursos dos royalties para que os municípios combatam o mosquito Aedes aegypti;

- Decreto de situação de emergência, publicado no Diário Oficial do Estado do Espírito Santo (DIO-ES);

- Organização do Gabinete de Monitoramento da crise formado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) e secretarias municipais de Saúde. Toda sexta-feira este comitê se reunirá para avaliar o cenário e definir as prioridades;

- Formação de um comitê de especialistas para monitoramento da situação (sociedade de obstetrícia, pediatria, infectologia, neurologia e especialista da Sesa);

- Mobilização das escolas para conscientização dos pais de ações para combate ao mosquito;

- Solicitação ao Ministério da Saúde de fornecimento de insumos e equipamentos para a realização de exames no Laboratório Central da Sesa;

- Solicitação ao Ministério da Saúde de inseticidas para ações emergenciais

- Intensificação da mobilização social;

- Mutirão de capacitação em todo o Estado para médicos e enfermeiros de manejo clínico para dengue, chikungunya e zika vírus;

- Capacitação de maternidades para atendimento à gestante com suspeita de zika;

- Fluxo de atendimento à gestante permanece o já existente da rede materno-infantil;

- Solicitação ao Ministério da Saúde da inclusão do repelente na Relação Nacional de Medicamentos (Rename) e o fornecimento imediato de 50 mil unidades;

- Reunião com maternidades para orientação.

 

 

Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado da Saúde

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Texto: Juliana Rodrigues

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