Expedição Tropeira ė recebida pelo governador em Tijuco Preto
A 7ª Expedição Tropeira – Rota Imperial 200 anos chegou nesta sexta-feira (15) ao distrito de Tijuco Preto, em Domingos Martins, dando prosseguimento ao trajeto iniciado no último dia 1º de abril em Ouro Preto, Minas Gerais. Até agora, os tropeiros percorreram 525 quilômetros, atravessando municípios mineiros e capixabas. O destino da tropa é o Palácio Anchieta, em Vitória, marco zero da Estrada Real Dom Pedro de Alcântara, conhecida como Rota Imperial.
Os tropeiros foram recebidos pelo governador Paulo Hartung, pelo secretário de Estado da Agricultura, Octaciano Neto, pela deputada estadual Luzia Toledo, por autoridades municipais e estaduais e por centenas de moradores da localidade. Em frente à Igreja Evangélica de Confissão Luterana de Tijuco Preto foi realizada uma cerimônia de celebração dos 200 anos da Rota Imperial, com uma palestra do professor João Eurípedes, responsável pelos estudos e levantamentos que possibilitaram o resgate e o reconhecimento da Rota.
O historiador apresentou um memorial histórico da estrada, contando detalhes e curiosidades da Rota Imperial, desde o início de sua construção, em abril de 1814, até sua inauguração, em agosto de 1816, destacando sua importância para o desenvolvimento das regiões Centro-Serrana, Sul e do Caparaó. “Essa estrada foi utilizada pelos imigrantes europeus que chegaram ao Espírito Santo a partir da segunda metade do século XIX. Mas antes disso, ela se constituiu numa importante rota comercial, sendo responsável pelo surgimento de inúmeras vilas e povoados, que hoje se transformaram em cidades”, destacou.
O governador Paulo Hartung afirmou que um povo para ter futuro precisa conhecer o seu passado e que a Rota Imperial resgata uma parte importante da história capixaba. “Quando olhamos exemplos pelo mundo afora, vemos que essas rotas são valorizadas pelas regiões mais desenvolvidas do planeta. Elas geram riquezas a partir da promoção do turismo e do resgate histórico. E é isso que queremos fazer com a nossa Rota Imperial. Oferecer condições para que cada comunidade inserida nessa estrada possa aproveitar as oportunidades e, a partir de suas vocações naturais, gerar emprego e renda para seus moradores”, afirmou.
Resgate histórico
Mais do que um encontro, um resgaste da história, da cultura e da memória do Brasil. Esse é o espírito da Expedição Tropeira que, pela sétima vez, reúne tropeiros para reviver o percurso da Rota Imperial da Estrada Real, de Minas Gerais até o Espírito Santo.
Inicialmente com 13 tropeiros, a expedição de 20 dias começou no dia 1º de abril na cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais. Após percorrer 17 cidades mineiras em oito dias, chegou ao Espírito Santo no último sábado (9), no município de Iúna, na Região do Caparaó, onde outros expedicionários se juntaram ao grupo.
Na última quarta-feira (13), o grupo chegou a Venda Nova do Imigrante, na região das Montanhas Capixabas. Ao todo 15 municípios do Espirito Santo serão percorridos, com final da expedição previsto para o dia 20 de abril, quando o governador Paulo Hartung irá receber a tropa no Palácio Anchieta.
A Expedição Tropeira Rota Imperial acontece em comemoração aos 200 anos da Rota, que foi concluída em 1816, e tem o objetivo de resgatar a história, a cultura, o turismo e a gastronomia típicos das regiões por onde os tropeiros passavam.
Tradição familiar
José Nildo “Pelé”, um dos organizadores e também participante da expedição, contou que realizar a Rota era um sonho antigo. “Meu pai e meu avô eram tropeiros e poder resgatar isso é muito bom, lembra minhas origens. Apenas este ano foi possível participar e estou muito animado”, explicou.
José também relatou que já foram percorridos mais de 500 km. Para ele, o trajeto mais difícil foi entre os distritos de Ribeirão do Carmo e Furquim, na cidade de Mariana, em Minas Gerais, por ser uma área de muitos pedregulhos.
“Tomamos muitos cuidados nesses 120 km para não machucar os cavalos. O trecho é de uma antiga linha de trem e foi o mais complicado da viagem, onde achávamos que seria difícil foi fácil e onde achávamos que seria fácil foi mais fácil ainda”, afirmou.
A Expedição
A Expedição tem o objetivo de resgatar a história tropeira. Os participantes irão passar por diversas propriedades de agroturismo, onde poderão apreciar cachoeiras, rios, matas, lavouras e comidas típicas da região, além de reviver rotas, histórias e costumes e visitar acampamentos e pousadas.
Rota Imperial
A Rota Imperial, conhecida também como São Pedro de Alcântara, surgiu após a descoberta de ouro no interior do Brasil na primeira metade do século XVII. Desbravadores percorriam essas terras para conseguir chegar à região das minas gerais e, para proteger esses locais contra os invasores, a Coroa Portuguesa proibiu a construção de estradas na Capitania do Espírito Santo.
Após a chegada da Família Real no Brasil, em 1808, foi permitida a construção de uma estrada que ligasse Vitória a Ouro Preto, em 1814. A Rota Imperial foi concluída em 1816, consolidando a ocupação do território nos locais por onde passava.
Atualmente, a Rota Imperial proporciona, além do contato com a história, 575 km de belas paisagens entre vales e montanhas e a cultura marcante dos imigrantes que colonizaram as terras. São 31 municípios, sendo 17 em Minas Gerais e 14 no Espírito Santo. Os municípios capixabas são: Cariacica, Castelo, Conceição do Castelo, Domingos Martins, Iúna, Ibatiba, Ibitirama, Irupi, Muniz Freire, Viana, Santa Leopoldina, Santa Maria de Jetibá, Venda Nova do Imigrante e Vitória.
Os expedicionários:
José Nildo “Pelé”, 37 anos, Venda Nova do Imigrante;
Celso José de Oliveira, 50 anos, Conceição de Castelo;
Severino Gonçalves da Cruz, 46 anos, Conceição de Castelo;
Betinho Vargas, 45 anos, Conceição de Castelo;
Pedro Paulo Belote, 62 anos – Conceição de Castelo;
Paulo Sergio Francaroli, 61 anos – Castelo;
Jesus Gomes Vieira, 50 anos, Ibatiba;
Onésio Gomes Vieira, 56 anos, Ibatiba;
João Amorim de Freitas, 61 anos, Ibatiba;
Alício Falqueto, 54 anos, Venda Nova do imigrante/ Iúna;
Edmilson Melo, 53 anos, Anchieta;
Walter Mateus Rocha, 51 anos, Cachoeiro de Itapemirim;
Henrique Celso Mamede de Souza, 47 anos, Cachoeiro de Itapemirim.
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