Entre os quase 1,7 mil jovens que estão fora das escolas e foram entrevistados nos bairros do Ocupação Social, 92% querem voltar a estudar. Eles também têm interesse em aprender uma profissão e a empreender: 85% querem cursos de qualificação e 80% sonham em ter seu próprio negócio.

“São números que já nos apresentam o caminho a ser seguido nas próximas etapas do nosso projeto. Educação e renda são fundamentais para conseguirmos mudar a realidade dos moradores dessas áreas mais vulneráveis, nosso objetivo maior com o Ocupação Social”, disse o secretário de Estado Extraordinário de Ações Estratégicas, Evaldo Martinelli.

Os dados foram apresentados pelo secretário durante reunião de trabalho, na manhã desta segunda-feira (28), no Salão Nobre do Palácio Anchieta, com a presença do governador Paulo Hartung, do vice-governador César Colnago, de secretários, subsecretários, coordenadores e diretores de autarquias do Estado; de deputados estaduais, de representantes do Tribunal de Justiça e do Ministério Público, de lideranças religiosas, de empresários, de representantes de instituições sociais e de moradores dos bairros do Ocupação Social.

Durante o encontro, o governador Paulo Hartung aproveitou a oportunidade para ressaltar as ações do Governo do Estado em áreas prioritárias como educação, saúde e segurança pública. Hartung avaliou que o principal objetivo do Ocupação Social é estabelecer o diálogo do poder público com aproximadamente 15 mil jovens que estão em situação de vulnerabilidade social.

“É muito clara a necessidade de avançarmos nas políticas sociais em nosso Estado e no País. Não podemos sobrecarregar as instituições policiais, o sistema prisional e os demais poderes envolvidos. Precisamos de políticas complementares e focalizadas. Não podemos perder o foco. A pesquisa do Programa Ocupação Social demonstra que temos aproximadamente 15 mil jovens em situação de vulnerabilidade social, não estudam e não trabalham, mas sonham com uma vida melhor. Nosso objetivo é chegar a esses jovens e auxiliar na mudança de comportamento e no atendimento das expectativas de progresso na vida. O foco é dialogar com instrumentos de interesses deles e conectados a cultura de paz”, destacou o governador Paulo Hartung.

Reunião

Durante a reunião, o secretário Evaldo Martinelli ainda apresentou alguns dos projetos já construídos e implantados nos bairros do Ocupação Social, e que atendem aos dados levantados pela pesquisa.

“Estamos com mais de 30 jovens sendo orientados por coaches da Escola Brasileira de Coaching, todos moradores de São Torquato, ajudando-os a planejar seu futuro com o projeto social Jovem Ser. Acabamos de concluir as inscrições para três cursos do Senai, que serão realizados em Nova Rosa da Penha, em Cariacica, a partir de abril, e vamos levar oportunidades aos demais bairros ainda este ano. Temos o Sebrae como parceiro, elaborando ações e cursos de empreendedorismo para essas áreas. E ainda há atividades culturais do Labor@arte, feito pela Secretaria de Cultura (Secult); e ações educacionais, como a ampliação do CEEJA, do Coordenadores de Pais e as melhorias pensadas para o Ensino Fundamental, por meio da Secretaria de Educação (Sedu). Há projetos para áreas de esporte, lazer e de melhorias urbanas, todos voltados para ajudar esses jovens e os moradores desses bairros. São eles quem mais precisam”, lembrou o secretário.

E são essas ações, com novas oportunidades, que podem melhor ajudar a quem vive nesses bairros. Segundo Martinelli, mais do que recursos financeiros, o que o Ocupação Social precisa é de ideias. “Quanto mais pessoas e mais instituições envolvidas e voltadas a pensar em como contribuir com essas regiões e com esses jovens, mais chance teremos de mudar a vida dessas pessoas”, defende.

Pesquisa

Com a pesquisa concluída, será possível saber melhor quais são os interesses dos jovens que estão em situação vulnerável. O estudo, desenvolvido pelo Instituo Jones dos Santos Neves (IJSN) e pela Secretaria de Estado Extraordinária de Ações Estratégicas (Seae), em parceria com a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) e com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo (Fapes), já foi concluído em 12 dos 25 bairros do Ocupação Social. Outros cinco bairros estão com os bolsistas em campo, enquanto os oito bairros restantes, todos do interior do Estado, devem começar as atividades nas próximas semanas.

Com estimativa de 15 mil crianças, adolescentes e jovens fora da escola, com idade entre 10 e 24 anos, segundo dados coletados do Censo Escolar dos últimos oito anos, a pesquisa de campo prevê alcançar cerca de 5 mil jovens, sendo que mais de 3 mil já foram ouvidos, e quase 1,7 mil entrevistas computadas.

Desse recorte, 80% dos entrevistados se autodeclararam negros (pretos e pardos), e 74% têm acesso à internet. “Usamos as mídias sociais e aplicativos de trocas de mensagens para divulgar as ações que estamos oferecendo a esses jovens, nos seus bairros, e há um retorno considerável. Fizemos isso com as inscrições para os cursos do Ocupação Social, em parceria com o Senai-ES, e sobre as vagas para estágio do Jovens Valores. O retorno é surpreendente”, frisa o secretário Martinelli.

Ocupação Social

O Projeto Estruturante Ocupação Social tem como objetivo principal a redução da taxa de homicídios de jovens com idade entre 15 e 24 anos, junto com a redução do abandono escolar e o aumento no percentual de jovens estudando e/ou trabalhando, por meio da oferta de novas oportunidades aos jovens moradores das áreas de maior vulnerabilidade juvenil no Espírito Santo.

Além de considerar as áreas de maior concentração histórica de homicídios, o Ocupação Social ainda avaliou os indicadores de evasão escolar e de renda para definir os 25 bairros do programa, sendo 17 deles na Grande Vitória e oito no interior.

São sete bairros na Serra: Feu Rosa, Vila Nova de Colares, Jardim Carapina, Novo Horizonte, Planalto Serrano, Bairro das Laranjeiras e Central Carapina; cinco em Vila Velha: Barramares, Ulisses Guimarães, Boa Vista, São Torquato e Santa Rita; mais quatro bairros em Cariacica: Nova Rosa da Penha, Nova Esperança, Flexal II e Castelo Branco; além de Nova Palestina, em Vitória.

Outros cinco municípios, todos do interior do Estado, concentram os oito bairros restantes: bairro Zumbi, em Cachoeiro de Itapemirim; Bela Vista e Ayrton Senna, em Colatina; Vila Nova e Bom Sucesso, em São Mateus; e os bairros de Aviso e Interlagos, em Linhares. A região de Pinheiros é formada por uma pequena área do perímetro urbano da cidade.

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