Cerca de 50 profissionais do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) das regiões Norte e Noroeste do Espírito Santo conheceram a experiência da Unidade Demonstrativa de Infiltração de Águas Pluviais e Proteção de Nascentes, no distrito de Santa Júlia, município de São Roque do Canaã. O objetivo da visita foi conhecer uma experiência exitosa de conservação de solo e água nas propriedades e na microbacia hidrográfica para reservação de água na propriedade.

A Unidade Demonstrativa localiza-se na comunidade de Alto Santa Júlia, nas propriedades de Ademar e Nelson Elio Zanotti, José Braz Ghisolfi e Elias Cassimiro Moreira, onde foi desenvolvido o projeto de adequação de estradas rurais para captação de águas pluviais e reservação de água. Foram construídas caixas secas em 10 km de estradas dentro da propriedade rural. Esse projeto foi desenvolvido e acompanhado pelo Incaper.

De acordo com o engenheiro agrônomo Aliamar Comério, que atuava no escritório do Incaper no período de implantação do projeto, os objetivos dessa ação consistem em reduzir os efeitos destruidores das enchentes e aumentar disponibilidade de água no período seco dos anos.

“Além de reduzir o volume de águas das enchentes e aumentar o volume das nascentes durante o período de estiagem, o projeto buscou reduzir o assoreamento dos mananciais e manter estradas conservadas o ano todo. Nossa intenção foi implantar um projeto piloto de produção de água por meio de caixas secas para servir de referência às demais comunidades rurais”, relatou Aliamar.

Resultados do projeto

Por meio das caixas secas em 10 km de estrada, após três anos de implantação do projeto, 150 milhões de litros de água foram infiltrados no solo, 6.800 metros cúbicos de terra que iriam assorear os rios foram retidos e houve um aumento de 50% da vazão da nascente monitorada, de 6.000 l/h para 9.000 l/h.

De acordo com o integrante da Associação dos Produtores Rurais de Santa Júlia Elias Cassimiro Moreira, o projeto possibilitou certa estabilidade de água na propriedade rural e comunidade no entorno. “Nessa seca, percebemos que continuamos com água na nascente. Claro que o nível diminuiu, mas ela se manteve com água, o que nos ajudou a diminuir as perdas da produção”, falou Elias.

Para o coordenador do curso “Cafeicultura sustentável: manejo e conservação do solo e da água e alternativas para a convivência com a seca no Estado do Espírito Santo”, o engenheiro agrônomo do Incaper Lúcio Herzog De Muner, o projeto visitado demonstra a importância da mobilização social e das parcerias entre o poder público para a implementação de práticas de conservação de solo e água.

“Para que um projeto como esse tenha êxito, é fundamental a mobilização das comunidades e a articulação entre instituições parceiras. Diante da situação de crise hídrica, é importante a consolidação de políticas públicas de conservação de solo e água e intervenções dentro das propriedades rurais, pois somente dessa forma será possível trabalhar o conceito de sustentabilidade de uma maneira operacional, com resultados de curto, médio e longo prazo”, falou De Muner.

O diretor-presidente do Incaper, Marcelo Suzart de Almeida, que acompanhou a visita, destacou a importância da ação do Instituto na multiplicação desses conhecimentos para os demais municípios do Estado.

“Nessa visita, participaram profissionais do Instituto de diversas localidades capixabas, as quais possuem condições de solo e clima diferentes das de São Roque do Canaã. No entanto, o importante é que os princípios de conservação de água e solo sejam levados por esses profissionais para sua atuação no dia a dia, de modo a contribuir com os agricultores familiares no enfrentamento à crise hídrica”, disse o diretor.

A visita à Unidade Demonstrativa fez parte do Curso “Cafeicultura sustentável: manejo e conservação do solo e da água e alternativas para a convivência com a seca no Estado do Espírito Santo”, realizado pelo Incaper entre os dias 27 e 29 de setembro. A realização dessa atividade de capacitação faz parte do Projeto “Transferência de Tecnologia para a Cafeicultura Sustentável no Estado do Espírito Santo”, fruto de um convênio entre a Embrapa Café e o Incaper.

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